quinta-feira, 10 de abril de 2014

A viagem de Ébola a Lampedusa, by Mörike





Imagem do Kaos



Como já devem ter percebido, estamos em guerra, e vêm aí tempos difíceis, mesmo para o meu habitual estoicismo, vertente epicurista, e a culpa não é senão nossa, enfim, minha, não propriamente, porque já vão longos os anos de aviso. A verdade é que entrámos numa nova era, a do Faz de Conta, ou, por extenso, a Era do Faz de Conta, que se divide em três partes, o antes do Faz de Conta, em que se fazia de conta a fingir, o momento do nascimento do Faz de Conta enquanto Faz de Conta, e que tenho alguma dificuldade em precisar, mas deve ter sido, mais ou menos contemporânea do tempo em que o canalha do Durão Barroso recebeu, nos Açores, os gajos que iam para o Iraque procurar as armas químicas que estavam a ser armazenadas na Síria, e, por fim, o depois da Era do Faz de Conta, ou como Pessoa diria, o Faz de Conta todas as contas, inaugurado há um mês, com a versão Maddie do MH370.

Tudo isto seria engraçado, se não fosse altamente preocupante, por que, linguisticamente, a distância que separa o emissor, a mentira e o recetor deve ser tendencialmente diferente de zero, de modo a que o circuito se mantenha na forma clássica. Acontece que, presentemente, a tendência foi para a mentira se tornar infinitesimal, e, faz agora um mês, conseguiu-se uma coisa extraordinária, que foi o recetor ser impregnado pela mentira, sem qualquer necessidade do emissor.

Como diria Carlos Moedas, um criminoso da Goldmann Sachs, estava-se a cortar nas gorduras da Mentira, o que é correto, em termos de contenção para muitos, e enriquecimentos para os das sombras.

Para os apreciadores de História, a quem recomendo a "Crónica de Theophanes", que retrata os negros séculos que vão, mais coisa, menos coisa, de Heraclius ao Período agreste dos Iconoclastas, estamos a entrar num daqueles períodos que, apesar de muitas vezes revisitados, insiste em se revisitar a si mesmo, e isso é mau, posto que, salvo alguns extermínios, culmina sempre em guerras.


Não vejo nada de mau no princípio, já que prefiro que matem a gorda do prédio do lado do que ver destruída a Catedral de Chartres, com o pequeno senão de que, para Bilderberg todos nós somos a gorda aqui do lado, e Chartres pode ser apenas um... obstáculo.

Os sinais, obviamente, só não são legíveis para quem não os queira ler, e são completamente irrelevantes para um país que consegue estar a ouvir falar de Futebol da 8 às 2 da manhã, e até acha natural, com as ligeiras interrupções em que aparece o filho da Laura, do Pau de Cabinda, soltar umas bojardas, imediatamente desmentidas, ou consentidas, ou por um subsecretário de um secretário de Estado, ou pela Zsa Zsa Gabor, num intervalo da duchinha do Estoril Health, ou pela Margarida Rebelo Pinto, a quem fizeram um filme de merda sobre a merda daquilo que ela escreve. 

(Manuel) Alegrem-se: amanhã poderá ser sobre um "best-seller" do tal filho do Tordo...

Em cima da mesa estão os condimentos todos: suponho que não valha a pena falar da Ucrânia, posto que, para quem escreva a frase "anexação dos Sudetas", no Google, se lhe dispare o filme todo: a anexação irá até onde se consentir, e termos que, em Platão eram "degenerados", como o de "plutocrata", são agora plausíveis, e "interessantes", já que a geo política desses territórios dominados pelas mafias locais, substituiu a lógica política pelos oráculos dos "plutocratas", coisa que muito enterneceria Maquiavel e o filho de Alexandre VI, Borgia. Veremos quem serão os novos protagonistas da nova partilha da Polónia, mas talvez inclua o José Mourinho, em representação do Abramovich.

A Nova Idade Média, evidentemente, não se esgota aqui, já que a fragmentação dos territórios, compulsivamente organizada em redor dos iluminismos e dos ideais maçónicos, tende agora para regredir aos sonhos da Nobreza Negra, dos Frescobaldi, encarregados da eleição papal, até aos extremos Ratzinger e à caricatura Francisquinho: os nomes disso tudo são República de Veneza, Cataluña, Crimeia, Pais Vasco, Escócia -- o que levou apressadamente a velha Betty a Roma, não fosse o Bergoglio, permanentemente entregue aos seus disparates, reconhecer na Caetana Fitz-James Stuart da Silva a herdeira do Trono católico de Glascow e Edimburgo -- e mais umas preciosidades afins.

Aqui, felizmente, parece que as eleições para a Liga estão em forma, e abriu o Canil dos Pastorinhos, em Fátima.

Coisas mais sinistras, foram a visita do dentes brancos, a Bruxelas, dizer à Europa para se amanhar com a anexação de Odessa, regresssando ao Isolacionismo de Woodrow Wilson, as manobras russas no Ártico, já que a desativação das Lajes, e o súbito interesse do Preto do Tea Party pela Escandinávia mostrou que a nova rota da guerra passará por aí: é mais perto, vem por cima, e é menos detetável, como o MH370, o ponto mais alto da intoxicação do Faz de Conta Global, que se instalou.

Adorei aquele satélite que dava uma rota que tanto podia ir para cima como para baixo, tendo-se optado pela "para baixo", já que se perdia o rasto e se ocultava a secretíssima manobra militar que ocorreu no mês passado. Um mês, aliás, até dá tempo para deitar ao mar umas caixas negras fora de prazo, para baralhar mais as pistas. Tecnicamente, o ter tornado um avião comercial "invisível", durante horas, a ser comandado, de terra, por intromissão no seu sistema informático, com toda a gente morta, a bordo, e... e... e, aqui, está a minha dúvida, saber se a sofisticação da intromissão já permitiu fazê-lo aterrar incognitamente, em terra incógnita, o que mostraria, doravante, o poder de, a partir de uma simples ordem de consola de computador, num só momento, reunir a maior força aérea de ataque de sempre: todos os aviões, de todas as rotas comerciais do Mundo, subitamente colocados, como drones, nas mãos das Sombras que reinam no Globo, para se despenharem nos lugares de maior conveniência. Ao pé disto, o 9/11 seria uma história da Carochinha, mas vamos esperar para ver, ou para nem ver, já que a coisa está a ser descaradamente ensaiada debaixo dos nossos olhos, entretidos que estamos com a "solidariedade" daqueles países todas da zona, que não se podem, nem cheirar, entre eles. Obviamente, tratando-se de um ensaio público de uma arma secreta, arriscamo-nos a nunca ficar a saber nada.

Todavia, o que mais me assusta, é a fronteira sul da Guerra, já que estou num país do Sul, e odeio o Norte, por inerência: um destes dias, e por que alguém se lembrou de voltar a brincar aos ébolas, desembarcará, numa daquelas rotas de tráfico de invasão e escravos, que passa pelo Algarve, pelas Liparii, por Malta e por tudo o que seja sarjeta europeia, um casalinho, de filho ao colo, e vírus no ventre. Será carinhosamente tratado em Lampedusa, e quero ver que estratégia terá então o Grupo Parlamentar Le Pen-Wilders para lidar com uma epidemia dessas na Europa. Creio que, como diria Obama, "yes, they can", e, em último caso, a Liga Norte passará a ouvir o "Dom Carlos", no Alla Scala, com a Princesa de Eboli a ser substituída pela Princesa de... Ebola.

Todavia, nem tudo é mau: Kim não sei quantos Jung foi reeleito Líder Supremo do Estado mais miserável do Mundo, e a Itália já vai no seu terceiro, creio, primeiro ministro que dispensou eleições. Quanto ao Ébola, parece que vem de uns cafres que o apanham, por andarem a comer macacos que foram contaminados por morcegos. É justo, e, em vez de andarem a tratar dos doentes, será melhor que cortem o mal pela raiz: dizem as más línguas que este novo surto foi devido a um descuido da Michelle com um dos seus guarda costas: a NSA que lhe controle um pouco mais os movimentos, e a feche, um mês, com um vibrador, até a doença ser erradicada.

Um toque de esperança, afinal, não é?...


(Quarteto de humor francamente pessimista, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")