quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Casa Pia, como exemplar e nauseabunda distorção da Realidade Portuguesa





Imagem do Kaos


O tema é-me penoso, e nunca deixará de o ser, mas o país está mergulhado nele, aliás, vive, há quase dez anos, gerido só por ele e por todos os seus arredores.

Suponho que, com o acordão do "Casa Pia", documento que nunca lerei, porque tenho mais que fazer, se acabaram de vez, as lamentações do coitadinho do Carlos Cruz, que está inocente, as opiniões e os palpites das peixeiras da Ribeira e do Bolhão, as indignações das donas da rua, de cabelo platinado, dentes gordurosos de torrada e verniz desgastado das unhas: havia, de facto, uma enorme porcaria, e, para mais, continua a haver uma enormíssima porcaria, e essa porcaria domina o pretenso Estado de Direito, que Portugal já não é, definitivamente, desde o dia de hoje.

Há um condutor, um Bibi, um típico português do usucapião, que usou e abusou, como em todos os internatos, do sistema instalado: carne nova é necessariamente pasto do gado mais velho, e toda a gente, ou sabe disto, ou é estúpida, e ainda acredita em Fátimas, Futebóis e Saramagos.
Até aqui, a coisa está no idiossincrático: desde o padre ao homem das obras, o Português de base é pedófilo, o que quer dizer que apenas espera a ocasião para brincar um bocadinho aos/às enfermeiros/as, seja com a respetiva prole, ou a prole do vizinho.
Este é, como diria o Padre António Vieira, o peixe da arraia miúda, mas nós, povo sórdido e sem rumo, da Cauda da Europa, capaz de tudo, e do além do tudo, parou aqui na alegoria, e instalou o socialismo da manjedoura, o que, trocado por miúdos, quis dizer que, mal o peixe médio e o peixe graúdo descobriram que havia alimento, imediatamente se ajoelharam à mesma mesa, e começaram a comer, com as mãos, e outras partes do corpo, tudo o que ali havia.
Somos desprezíveis, e habituamo-nos a desprezar o nosso próximo, no momento em que não vem dos estratos bem pensantes, bem alimentados, e bem frequentados da nossa sociedade. Por outras palavras, os intermediários, embora o ignorem, estão, desde o início, condenados à eliminação, mal soe a sineta do alarme.
A Pedofilia é uma patologia sem horizontes. Como pulsão, não se insere na longa prateleira dos exercícios sexuais: a Pedofilia é um ato que usa os órgãos sexuais, não para obter prazer, mas para regredir a estádios pré humanos, no qual se inserem a Zoofilia e o Canibalismo, e é isto que é tremendo, pois sendo o instinto sexual o centro da nossa existência, é penoso admitir que exista quem force os órgãos do sexo a atividades de pura e cega violência.

Como nas esferas cerradas da Droga, a conivência é o elo de proteção, e o deslize, a Morte. Qualquer pedófilo sabe suficientemente que saber ver-se envolvido num jogo de profanação de um corpo de 4 , 6 ou 10 anos imediatamente o exclui do palco do respeito humano, e, mais ainda, lhe retira a designação de humanidade. Ele negará até ao fim, e olhará para as câmaras, olhos nos olhos, e negará, até que a garganta lhe doa, porque nada lhe resta, senão negar, pela impossibilidade de qualquer reintegração humana. E será sempre frio.

Este é o retrato do monstro, mas ainda há o monstro do monstro, que é podermos supor existirem sociedades secretas que integrem, nos seus rituais de fratria, a violação de corpos-objeto, a sua hóstia maçónica, da qual depois se descartam, pelos processos que não vêm escritos nesse penoso acordão, mas que são sabidos e públicos: uma vez viciada a criança na droga, tal como os proxenetas viciam as suas prostitutas, para as manterem agarradas, é fácil libertar-se dela: uma vez declarada usada, inútil, incómoda, ou fora de prazo, nada melhor do que lançá-la no circuito da prostituição, onde a doença, o crime, o abate ou o suicídio, o farão desaparecer do mapa.

Há, nisso, um enorme manto de luto, no alto do Parque Eduardo VII, onde reinam o "Eleven" e aquela indecente bandeira de uma República que protegeu todo este estado de coisas.

Pouco há a fazer: o comum dos mortais aprenderá a distinguir o Carlos Silvino, que jogava as regras da casa, dos tubarões que usavam o isco Silvino, para pescar o pequeno peixe para as suas enormes piscinas. Há o nível histriónico e romano de Ferreira Dinis, enlevado entre o pré efebo e o efebo, que se despe no seu consultório, o impotente Jorge Ritto, que brincava aos Tibérios na sua Capri do Restelo, para lhe lamberem as peles da glande flácida, o seboso Hugo Marçal, com a compulsividade toda estampada na cara, o Abrantes, protetor dos vícios de gente tão grande e poderosa, e Dona Gertrudes, porque há sempre uma badalhoca ligada a estas coisas, a fazer de Duclos, neste sórdido "Salo", à Portuguesa.

Estes nomes, como agora já sabem, não são mais do que uns ligeiros canapés de uma coisa mais grave, que se perfilava acima, e da qual Carlos Cruz não é senão a entrada de uma vasta ementa. Violentar crianças pode ser um "intermezzo", para apagar a tensão do tráfico das armas, da coca e do plutónio. De quando em vez, um BPN, e uma Dona Branca, chamada BPP, para dar juros de 10% ao mês. E quando é preciso que alguém morra, lá está a Noite do Porto, as Donas Rosalinas e o Carlos Motas, perdidos nas terras do Brasil, onde tudo (ainda) pode acontecer.

Parte do Poder Político não presta e a outra ainda presta menos: esse Senhor Eanes, com a sua fêmea, convencido de que o buraco era para procriar, e o outro que se lhe seguiu, o ceguinho de Boliqueime, que colocou a Defesa Nacional nas mãos de Eurico de Melo; de Soares, muito mais vivaço, mas que inaugurou a tradição de colocar Jaime Gama nos Negócios Estrangeiros, do Ferro Rodrigues, que é a nossa cara na OCDE; do asqueroso Sampaio, que sabia, e sabia bem, o que é que estava a proteger, e nessa longa e repelente lista de Segundas Figuras de Estado, como o da bengalinha, o Coxo, que sempre que batia na porta da "Casa dos Érres", já tinha, como em Pasolini, os miúdos ajoelhados, em semicírculos, a tremerem, à espera das desumanidades rituais.

No fundo de cada ser humano reside uma besta. No fundo de cada besta pode residir um político, alguém que lhe sorri na televisão, e, calmamente, se senta, para decretar o degradar do seu conforto, a sua idade de reforma, o seu salário, a destruição do seu espaço de lazer, a perseguição classista, a chacota do Sistema Jurídico, de Saúde, de Educação, o roubo, estupro e a violação dos seus direitos de cidadania, o destruir da Identidade Nacional. Numa velha tática, a sua ordem é semear o MEDO, para que você viva com medo e se esqueça de todos os atos ignóbeis que ele, e as sociedades secretas a que pertence, pratiquem. Isto, se ainda não percebeu, é aquilo que lhe quiseram vender como Realidade, durante 10 anos. Não abra os olhos, e ser lhe á vendida durante uma eternidade. Para um povo entorpecido, qualquer versão da Mentira serve, e tudo pode ser mistificado, até o horror, porque há mais horrores, para além da Pedofilia: nas câmaras de gás, quanto se recolhiam os mortos, verificava-se que as crianças tinham sido esmagadas, em pirâmide, pelos mais velhos, na ânsia de uma última golfada de oxigénio. Eu sei que isto o inquieta, mas foi grafado no História, e não desapareceu: tem 50 anos; mais cedo, ou mais tarde, a História encarrega-se de levantar os pesados véus com que as seitas a tentam encobrir, e aqui vai mais um, a daqueles sete ocupantes -- eu sei que você nunca soube -- cujos braços tiveram de ser quebrados, porque decidiram morrer assim, abraçados, no elevador do afogamento, daquele centro comercial do Funchal, tão perto de nós, e que a Comunicação Social ignorou. Também, um dia, os verdadeiros rostos do hediondo crime do Casa Pia, não os canalhas Carlos Cruz nem afins, mas os outros, verão os seus rostos refletidos no espelho da longa crónica da Miséria Humana. É a esse dia que eu dedico este texto, como (impossível) ressarciação dos pobres objetos humanos da Casa Pia.

(Quatro cantos de profundo luto e asco, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers") 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Goleiro Bruno, seguido do Homoerotismo do Futebol, que podia ter poupado Eliza Samúdio e Dona Rosalina




Imagem Kaos


O estar fora, como diria o Senhor de La Palisse, tem a excelente vantagem de não estarmos cá dentro, só que a Realidade prova que o lá fora, muitas vezes, consegue ser tão mau como o rastejar cá por dentro.

O Brasil é um país cujo nível de corrupção é mundialmente (re)conhecido, e diverge de Portugal, por Portugal tentar fingir que não é tão corrupto como o Brasil, mas isto são dados socio-estruturais, para serem tratados por aquele bode do António Barreto, e ainda ganhar dinheiro com esses lugares comuns.

A Justiça Brasileira, cujo paradigma é o Norte Americano, e não o da Santa Inquisição, como em Portugal, quando apanha um problema, imediatamente o lança para a praça pública, para que o cidadão comum desde logo saiba em que balde de merda está a chafurdar. Em Portugal, a merda escoa-se por boatos, desmentidos, recursos, e acaba, ultimamente, na máquina de lavar tudo da Cândida Almeida, e perde visibilidade, mas isso é outra história, e vamos aos factos que me interessam.

Como é sabido, detesto Futebol, um desporto assegurado pela ralé, para a ralé e que não eleva o espírito um milímetro acima dos sítio onde a ralé tem o cérebro: entre as patas e as virilhas. Pessoalmente, interessam-me bastante as virilhas, porque, aí, o jogo se rege por pulsões mais naturais, e não pela Mafia Mundial, pelo branqueamento e coisas afins.

Acontece que o goleiro Bruno, como qualquer gajo com as virilhas no lugar, gostava de foder, e aqui começa o problema, que vem desde que os homens, na Antiguidade, decidiram separar as coisas dos Homens das coisas da Mulheres. Os desportos masculinos, os tais que se passam entre suor, abraços, balneários, apalpões no cu, no caralho e nos colhões, e metem uma bola pelo meio são perigosos, porque os cérebros minúsculos, condicionados pelas mães de braganza que os pariram, receberam uma educação que os condiciona a confundir sexo com cona, coisa que os Gregos, povo sobre o qual assenta toda a nossa Cultura, já sabia que não era verdade. Simplificando: passada a tesão dos golos, há uma necessidade de catarse coletiva, que, entre totem e tabu, impele e impede que os corpos da equipa se toquem, para além do tal ponto que poderia "parecer mal".
Como toda a gente da ralé, os gajos do Futebol odeiam mulheres e adoram buracos para vazar espermatozóides. As revistas a soldo, geralmente dirigidas por paneleiros, como o Abel e o Carlos Castro, entre outros, vão ficcionando romances e casamentos, que até acontecem, para que se cumpra o processo de normalização e representação social do machão do Esférico. É elementar: basta que casem com uma gaja que não os confunda muito intelectualmente, e isso é fácil, basta fazer o elevador descer do Zero ao Menos Dois, e que seja igual à dos amigos do balneário. O tipo físico está padronizado, e é uma espécie de clone da Cinha Jardim, mas em reles e mais nova, com o cabelo pintado de louro, e, aposto que se, num gesto de maldade, baralhassem a mulher padrão dos narcisos do Futebol, eles iam ter muita dificuldade em depois voltar a emparelhar com a sua...

O Goleiro Bruno, como muitos deles, deu a volta ao problema: a melhor maneira de ir para a cama com os colegas, sem passar por boiola, era enfiar uma gajas tampão pelo meio: assim, quando eles se tocam, em ereção, foi por acaso, e as mamas lá vão servindo de travesseiro e de mirones, como qualquer exibicionista adora. Este tipo de gaja, proveniente do "demi-monde" da Moda, da Coca ou das "Parties", costuma depois pedir aquilo com que todas sonham: jantares em lugares caros, viagens e passeios naqueles carros, que, como as conas, eles compram sempre iguais.

Eliza Samúdio cometeu o erro fatal, aliás, típico das mulheres, que foi não perceber que os homens gostam de foder, por foder, e que a afetividade não tem espaço nesse campo, sobretudo, quando estão extasiados com o corpo uns dos outros, ou cheios de tesão por estarem a chafurdar num buraco onde um avançado centro, um guarda redes ou um lateral, pelo qual mantêm uma paixão homoerótica, acabou mesmo agora de se vir. De facto, não há melhor lubrificante do que a esporra de um colega de equipa...

Eliza Samúdio resolveu emprenhar, pensando que ia segurar um narciso, cuja única função era estar, corpo com corpo com os colegas, e levou a dose em forte: este tipo de gente, como o Pinto da Costa já ensinou, nas suas Universidades de Verão, Outono e Inverno, manda matar, quando é preciso, e o Bruno, como qualquer futebolista normal, quando se viu começar a ser oprimido por um par de ovários descartável, assim fez, nada de novo, portanto, exceto a Comunicação Social adorar crimes cometidos por figuras públicas.

No Brasil, a coisa avançou e tornou-se feia, revelando as sombras e os contornos dos bastidores dessa máquina do crime que as pessoas costumam designar por "Futebol". Pateticamente, ainda se descobriu depois que a Eliza adorava levar porrada do Bruno, o que também diz muito sobre a miséria humana, e a inconciliabilidade de base, sexual, entre o Macho e a Fêmea. Se fosse em Portugal, já estava na Relação, e tinha sido arquivado.

Infelizmente, este é um caso do narcisismo e homoerotismo, que chega a extremos de violência, no seu desprezo pela sensiblidade feminina. Dona Rosalina, como já se percebeu, pelo estilo de lixo que começou a sair da cartola, foi vítima de um jogo -- e estes são mais subtis, porque não fodem, mas sabem muito bem como foder... -- de disputa entre a pior escória que domina Portugal, entre eles Júdice, Sousa Cintra, que se achou na obrigação de filmar (!) um negócio "honesto" que ia fazer com um homem quase centenário, e só me espanta que outro dos facínoras típicos dessa meia dúzia de gajos que arruinou Portugal, Proença de Carvalho, ainda não tenha aparecido no barulho. Gostava de os ver todos em prisões de alta segurança, como o Goleiro Bruno, a lavarem, durante décadas, a roupa suja que entre eles, e arruinando-nos, acumularam.

É pela existência de gente desta que os extremistas do Nacionalismo vão ganhando crescente protagonismo, na nossa pocilga, e cada vez mais nos aproximaremos da justiça por mãos próprias. Paciência: quem ventos semeou tempestades colherá.

Pessoalmente, gostei do pouco que vi de Dona Rosalina: era um tipo de beleza do "Antigamente", que conseguiu resistir aos 70 anos. Teve o azar de ser apanhada no meio de uma briga de galos, desta vez, com um nível de baixeza e perfídia que ultrapassa as pobres mentes dos gajos que pensam com os pés. Estes têm os neurónios exclusivamente voltados para a fraude e o contorno da Lei. Não têm balneário, mas têm gabinetes, e seitas secretas, entre "Aventalinhos" e Opus Dei. Metem-se por todo o lado, restaurantes de luxo, com rendas à Câmara de 150 €, Quintas das Lágrimas, Resorts, Líbias, BPNs, Sociedades Lusas de Negócios, Costas Ricas, Angolas, Moçambiques, Cabo Verde, Brasil, BPPs e Donas Brancas afins, enfim, tudo o que possam imaginar, e, ah, sim, claro, estão sempre prontos para safar os amigos de minudências, como o Processo Casa Pia, entre outros.

Falta nisto a lição de moral, já que esgotámos o sentido literal e o alegórico: era escusado que, entre coisas exclusivamente de homens, entre sexo, dinheiro e vinganças, sacrificassem mulheres. Pá, comam-se uns aos outros, já que é disso que vocês gostam, e larguem a felicidade dos outros. Deixem as mulheres em paz, como já pedia Montherlant, mas eles não deixam, porque isso é máscara, alibi e catalizador.

Para que não entendam esta minha "rentrée" como moralista e pessimista, vamos ao Humor, e ao Anagógico, que é isso que nos move, e eu quero rir, não pensar mais nesta escória: curiosamente, no meio disto tudo, temos alguém que, brilhantemente, já resolveu o problema.
Quando o Futebolista casa com a sua "Barbie" padrão, ela diz-lhe que, em troca do descapotável, das festas, da roupa de "barbie", dos gastos sumptuários e coisas afins, tem, entre as pernas, uma coisa única: uma máquina de lhe clonar o narcisismo e de lhe dar uma cópia da incomparável virilidade, beleza e inimitabilidade do pai: a cria, que irá assegurar às gerações futuras a linhagem da ralé...
Eliza Samúdio podia ter negociado assim, e estar ainda viva, mas teve azar, como se diz na Cauda da Europa, o gajo queria só estar na cama com a equipa, e não queria ainda uma Ovelha Dolly. Mas isto passou-se no Brasil: a Cauda da Europa, todavia, já tem um gajo que conseguiu dar o salto, e resolver o narcisismo da geração seguinte. Parece que lhe custou 12 000 000 €, o que é bom, porque estas mentes primárias acham que o dinheiro tudo pode comprar.
Não pode, e o meu mais sincero desejo é que o clone do Cristiano Ronaldo, comprado a preço de ouro, para um dia vir ter a linda carinha de pele estragada  do pai, saia, literalmente, com as fuças iguaizinhas às da barriga de aluguer... :-)

(Quadrado da "Rentrée", no "Arrebenta-Sol", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers", THE BLOG :-)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Du Barry do Héron Castilho





Imagem do Kaos

A assistente social sempre me disse que eu tinha um ligeiro atraso mental, mas também se recusou, sempre, a quantificar-mo.
Viver com isto, uma vida inteira, gera uma profunda angústia, só equivalente à dos dois amores do Marco Paulo, que deve passar o tempo todo a pensar se o outro terá, ou não terá, uns centímetros a mais, ou só será um pouco mais curto e grosso.

Finalmente, tive hoje uma revelação, creio que só comparável com a de Maria, quando descobriu que estava prenhe, depois de ter andado a mergulhar numa piscina mal desinfetada da Galileia. Toda a gente conhece a história da menina de família, que engravidou numa piscina pública, e do mal estar que isso provoca, quando tem de ser comunicado à família, já que ninguém... quer dizer... até que inventem uma lei, pode casar com uma piscina. De aí o mito do Espírito Santo, numa altura em que a Moody's ainda não lhe tinha baixado o "ranking", o que quer dizer que tinha pau suficiente para emprenhar uma esgroviada de uma mulher de carpinteiro, que não tinha onde cair morta, e a quem saiu a sorte grande de um banqueiro cego dos olhos e dos cornos.

Não se chateiem comigo, porque está tudo nos "Evangelhos", esse folhetim de maus costumes, como dizia o sucateiro que está agora a arder no microondas de Nosso Senhor Santo Lúcifer, mas vamos adiante, porque a minha revelação foi ter subitamente percebido, que de há 5 anos para cá, andava a julgar o "Engenheiro" Sócrates pelo seu caráter, aliás, falta dele, e não pelos seus atos, enquanto "Primeiro Ministro".

Esta coisa, da onomástica e da toponímia, tem muito que se lhe diga, porque quando chamamos, naturalmente, "Poli", "Leão" ou "Licas" aos nossos cãezinhos, é por que eles têm ar de Poli, de Leão ou de Licas, assim como Sócrates se foi confundindo com a falta de caráter de Sócrates, ao ponto de, quando falavam de "Primeiro Ministro" eu ter sempre uma branca, e ter de ir à mnemónica, para me lembrar de que o significante "Sócrates" e "Primeiro Ministro" tinham o mesmo referente, embora divergissem, abissalmente, no significado, porque, como sabem, "Primeiro Ministro", num país civilizado, pode ser sinónimo de tudo, menos de trafulha, mentiroso, anémico de caráter e todas as pequenas gentilezas que compõem, à Teofrasto, a estátua interior do Vigarista de Vilar de Maçada.

O problema foi quando o meu "annonce faite à Arrebenta" começou a deslizar para os lados, e a ouvir falar também de "Presidente da República", o que, igualmente, pressuporia um estatuto pró majestático, já que ninguém se pode dar ao luxo de apear um Rei para colocar no seu lugar um levantador de bainhas. Acontece que "Presidente da República" e "Aníbal Cavaco Silva" eram, do mesmo modo, dois diferentes significantes para um mesmo desgraçado referente, o que só podia ter um tremendo significado: no ano de 2010, o Estado Nação Português estava a ser governado por dois sucateiros, da pior extração, com um currículo de crimes de lesa pátria inenunciável, associado à destruição do esqueleto do seu País, por permissão, omissão, ou cumplicidade no desvio de dinheiros público, paternidade na ascensão dos piores caráteres a postos chaves na estrutura produtiva, económica, financeira e cultural da Lusitânia, e que a coisa continuava alegremente, com "ambos os dois" a declararem que se sentiam, os pobres, muitas vezes, como se "estivessem sozinhos a puxar a carroça"... para o fundo.

Por acaso, não estão sozinhos: há ainda o Jaime Gama, a segunda figura do Estado, que tem ar de nádega, e que nunca ficou desassombrado de andar nas festas da "Casa dos Érres", mas, quando vamos riscando os nomes, invade-nos uma indescritível sensação de solidão, acrescida do Garrafão de Águeda, que, como sabemos, acabará como numa sequência do "Pátio das Cantigas", a cambalear e a cair, batendo com a cabeça no passeio, e ficando lá a sangrar, até passar, pela madrugada, a carrinha do lixo. Como a Maria Antonieta mandou os outros comerem, brioches, quando não tinham pão, este está pior: manda-os ler Camões. A gente vai ler, pá, acredita que sim, juro... quando tu tiveres desaparecido do mapa.

Eu sei que é chover no molhado, mas, quando o Procurador Geral da República, uma figura do Poder Judicial que é cooptada pelos interesses dos partidos que arruinaram Portugal desde 1974, vem insinuar que seriam precisos muitos anos para saber tudo sobre tudo, eu dou-lhe razão, e até posso quantificar: para os 900 anos de trafulhices em que tivéssemos andado, talvez precisássemos de outros 900, para investigar. Todavia, no que respeita aos abusos, omissões, transgressões, agravos, crimes contra o Estado e afins, cometidos depois de Abril de 1974, talvez precisássemos de um tempo como que o nos separa das Pirâmides, e iríamos ficar com o país totalmente deserto.

Há uma alternativa para isto, da qual não gosto, mas que, de quando em vez, acontece na História, que é haver uma multidão que se passa dos carretos, e vai, de porta em porta, a limpar, indiscriminadamente, quem lhes aparece à frente.

Isso é mau, por causa dos danos colaterais: Lavoisier teve de subir à mesma guilhotina a que subiu a Du Barry, que tinha arruinado a França, com os seus tiques de peixeira, e quando deram conta do facto, já era demasiado tarde.

Aparentemente, há um impasse e uma conjunção de sinais que anuncia que algo de grave pode brevemente acontecer nas ruas, sejam essas ruas scut ou não scut: é aquele momento em que as massas, já tendo perdido tudo, descobrem que não têm mais nada a perder, e têm a mesma iluminação do que eu e descobrem que o Primeiro Ministro, para além de mau caráter, também nunca foi Primeiro Ministro, mas apenas um Primeiro Mau Caráter, a juntar a tantos outros, alimentado por forças do vazio, e, quando esta identificação acontece, os "ça ira", de barrete frígio, rebentam as portas, umas atrás das outras, e vêem, em cada uma, uma incarnação da detestável figura.

"É então uma revolta?... Não, Sire, é uma Revolução".



(Isaltinada, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")