quarta-feira, 14 de maio de 2008

Uma vez Cavaco sempre Cavaco, ou, por outras palavras é um cheché pró-fascista e mal reciclado, que devia ter ficado no Século de Salazar

By KAOS
Tenho vários defeitos na minha personalidade, e um deles é não pertencer ao Bloco de Esquerda. Sempre que os mais próximos me punham esse carimbo, e achavam que o meu discurso encaixava bem na coisa, eu fazia sempre uma pausa, e dizia... "Olha que... não... não é....", e lá me arrumavam no extremo oposto, mas eu, resumindo, estou-me zenitalmente borrifando para isso: oficial e assumidamente, não sou uma pessoa deste tempo, e preferia infinitas vezes mais ter podido ir jantar com Voltaire, discutir porcarias com Sade, falar de vacarrices com a Pompadour, fazer o número do "dandy" e ir com Proust a casa da Princesa Bonaparte de Westefália, e, mais tarde, sentar-me a contar anedotas de má-língua, ao piano, a quatro mãos, com Poulenc e as desmaiadas lá do grupo,
bom,
já me perdi...,
ah, pois, Bloco de Esquerda, não, e sempre dei as mesmas razões: aquilo era o Ressentimento do Ressentimento -- aquele Rosas, por exemplo... tenho-o no mesmo nível de obscenidade do Graça Moura e do Constâncio... --, à espera de galgar pela primeira fresta do Poder.
Meu dito, meu feito, bastou a Câmara do Martim Moniz, e a Luz se fez, com "abat-jour" castanho.
Felizmente Sócrates, com a sua Segunda Maioria Absoluta (reforçada) não irá precisar deles. Hoje, em forma de intervalo, faço-lhe uma reverência: deixou o espírito de Bilderberg, para quem já se tornou dispensável, e, traiçoeiro como é, alinhou com o Eixo do Mal. Fez bem: petróleo em troca de Diplomas das Novas Oportunidades, é mesmo esse espírito de cooperação que caracteriza as Camorras, mas, desde que nos poupe qualquer coisinha, é bem vindo. Hoje, por trinta segundos, fui seu apoiante, Sr. Sócrates, pode lá pôr uma placa de bronze nas trompas de falópio do seu pau-de-cabeleira-de-câncio, e diga que vai da minha parte, meu amor.
Quanto ao Cavaco, vamos directamente para a metáfora: já o Sistema de Galileu imperava pela Europa inteira, e ainda nós discutíamos que volta se haveria de dar ao de Ptolomeu. O assunto subiu ao Tribunal da Relação de então, os Jesuítas, e preferiram Tycho Brahe, que ainda tinha a luneta apontada para o Passado, como se as questões científicas fossem do domínio do "magister dixit", e lá ficámos no atraso mais umas quantas décadas, "as usual".
Não são os regimes que não prestam, é a população, em si, no seu geral, na sua média representatividade e nos seus roufenhos arredores, que tudo invadem. Queimámos a "Passarola", expulsámos os Judeus, e voltámos à Agricultura, mas de Neanderthal, para andarmos agora nos... "Negócios".
Cavaco é uma figura que nunca deveria ter transitado do Antigo Regime. É moda dizer agora que "está melhor". Não está, está é a ficar senil, e os seus silêncios passam por sabedoria, mas a realidade é mesmo essa, a da senilidade, e, quando for reeleito, ao lado do Vigarista de Vilar de Maçada, vamos ter uma coisa parecida com os gloriosos tempos de D. João III, em que esta merda naufragava por todos os lados, mas as beatas estavam satisfeitas, os cnventos cheios, e a Santa ASAE, perdão, Inquisição, cumpria o seu dever.
Hoje, estou no bota-abaixo: depois daquela porcaria com Angola, uma social-democracia avançada, só comparável com a Suécia e a Finlândia, vieram os ameaços aos gajos do lado de cá, da mesma laia, mas com menos recursos, aquela tropa fandanga que se reúne em redor da vivandeira Clara Ferreira Alves, que deu uma resposta de que até eu próprio me tinha esquecido: houve tempos -- e ainda deve haver, eu é que não o leio -- em que o "Expresso" não publicava críticas de livros que não eram livros, porque saíam em não-editoras (!), e logo estávamos perante não-escritores; não referenciava exposições que se realizavam em não-galerias; não reconhecia escultores que expunham em não-galerias (!), em suma, não falava de nada que não pertencesse aos eixos de representatividade do Sistema do Sufoco. A outra, medíocre, profundamente estúpida e venal, uma das grandes responsáveis pelo estado de descalabro do Panorama Cultural Português, saiu-se agora com uma brilhante, e, quando o "Jornal de Angola" ameaçou publicar a lista dos gajos que vivem das negociatas com a Unita -- só me lembro agora do Clã Soares, mas eu sou um ignorante das coisas mais vis deste país, portanto, preencham vocês o resto dos nomes... -- diz que "não respondia a não-jornais", e eu lembrei-me logo da Santa Inquisição e da escola de onde ela vinha e ajudara a formar.
A preceito, essa gente precisava toda de uma monumental vassourada: ainda pensou adaptar o sistema à Blogosfera, com os Blogues e os Não-Blogues (o nosso, evidentemente, era/é um Não-Blogue), mas fodeu-se, porque, na realidade, eles já não têm mão sobre a liberdade de escrita, e o Talento, por muito que custe à Senhora dos Pores-do-Sol do Cairo, todas as noites, em todas as frentes, atropela os baluartes de Censura Mental que ela tanto quereria impor. A coisa, aliás, está linda, e já aqui se tinha feito o aviso, uma coisa na qual nem Marx, que era profundamente perverso, tinha pensado, que é um Monopólio das Editoras, A LEYA. Sim, eu sei que não acreditam, mas leyam aqui: brevemente, vamos só ter "Rios de Flores", "Fazes-me Falta", e "Gente (nula) como (eles)".
Não se ponham a pau, e depois digam que era mais um dos meus delírios...
Quanto ao Bloco de Esquerda, é como o Sócrates: hoje, por meia hora, fui da Juventude do Bloco de Esquerda, tão-só porque a Sucata Salazarenta que está em Belém achou, no seu clara-ferreirismo-alves que havia Juventudes e Não-Juventudes. Tinha de se seleccionar, e seleccionou-se tudo o que não era de Bloco de Esquerda...
Acho que nem tenho mais que comentar: ficou célebre aquela frase do Otelo, que a solução era "pôr uns quantos no Campo Pequeno".
Desta vez, já tinha mesmo de ser no Campo Grande...

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