sexta-feira, 31 de julho de 2009

O íntimo espirro que ligará o Santiago Barnabéu à chuva de milhões da Indústria Farmacêutica


Imagem do KAOS

Há um axioma da Sociologia, cadeira que nunca tive, mas, mesmo assim, consegui fazer a copiar, que diz que "A Gripe dos Porcos apenas terá uma validação mundial quando Cristiano Ronaldo a apanhar".
Eu sei que parece obscuro à primeira vista, mas isso é porque andamos todos numa de Avastin. A anedota sobre o Califa Omar é maligna, e tenta explicar por que é que os Cristãos, uma das piores pragas que caiu sobre a Humanidade, tinham decidido destruir a Grande Biblioteca de Alexandria, porque ler, como se sabe, sempre foi perigoso. Puseram a correr que Omar teria incendiado a Biblioteca com o pretexto de que o que lá estava, ou não estava no Corão, e, portanto, não interessava, ou já estava no Corão, e, logo, não se justificava a repetição.
Hoje em dia, tudo o que não é Cristiano Ronaldo não interessa, e quando tudo o que interessa já está em Cristiano Ronaldo, então por que olhar em outra direção que não na dele?...
Depilar as pernas, como se sabe, faz mal. Os pelos são uma proteção natural, como bem sabem as mulheres da Nazaré, quando sopra aquele frio cortante do Inverno, e elas enrolam os pulsos no bigode, para suportar os sopros hiperbóreos. Mal das mulheres da Nazaré, pois, se não tivessem bigode. Cristiano Ronaldo, pelo contrário, usa aquelas ceras a frio que o fazem soltar "ais" do género da "rola", quando visita a sala de estar de muito boa gente bem casada da nossa praça.
Há algo de espantoso nas pernas de Cristiano Ronaldo, posto que, apesar de ser atleta de alta competição, e fazer aquela dança com a bola, que fascina os pigmeus de todas as Europas Centrais, mas que não é mais do que um derivado do Bailinho da Madeira, versão subúrbio mal nutrido, dizia eu, Cristiano Ronaldo tem umas pernas de senil, como têm os reformados de 75 anos. Os pelos disfarçavam, mas como ele os arranca com o "ai", fica expota aquela pele descorada de galinha, a canela desnuda, e a má distribuição muscular. Alzheimer já anda por ali, e imagino em que estado estará, de aqui a dez anos, mas o problema é dele e de quem lhe empolou a imagem, não meu.
Quando as pernas de Cristiano Ronaldo apanharem a Gripe dos Porcos vai ser um desastre mundial, e toda a gente vai querer imitá-lo, como naquela história das cerdas coladas com cuspo para o alto da cabeça, os brinquinhos de vidro rasca, e os cintos de "poupette" descaídos. Vai ser uma corrida ao contágio, e não haverá Sistema de Saúde que aguente. Objetivamente, quando toda a gente estiver contaminada, a Gripe desaparecerá, e passará a ser um estado de alma, pelo que a vacina até é coisa elementar: basta que apanhemos todos, e rapidamente.
O berço da coisa até já está construído: é o Balneário, que representa no imaginário de qualquer suburbano o mesmo que o Santos dos Santos representava para os Hebreus, no Templo, antes de demolido, por violar a cércea e a volumetria de Jerusalém. No fundo, no fundo, com toda a sua carga homoerótica, o Balneário é o ai jesus e os suspiros de gente que nem sonha que está com tusa por aquela nojeira. Na verdade, tudo o que lá se passa é mau: os vapores, uns gajos porcalhões, todos nus e transpirados, e sempre de boca aberta, entre dois palavrões. Fisiologicamente, para dizer "caralho" -- a palavra estatisticamente mais usada lá dentro -- movem-se muitos músculos dos maxilares, e a boca abre-se a três quartos da sua capacidade máxima, o que representa uma autêntica porta toda aberta para o vírus; se passarmos para o "vai te foder!...", outro dos clássicos de balneário, não só a dentição se move rapidamente, num movimento ondulatório, como ainda há uma labial final, que puxa o vírus bem para dentro das papilas gustativas.
Em resumo: há todas as hipóteses de Cristiano Ronaldo ser um dos primeiros contaminados com a Gripe dos Porcos e isso vira a gerar, brevemente, uma corrida descontrolada à doença.
Se me perguntarem no que é que nós, formigas, lucramos com isso, posso ser cínico e dizer que, bem juntos, neste dois em um, em vez de termos de gramar com 20 minutos de Gripe A e mais 20 minutos de Ronaldo, quando queremos saber o que realmente está a acontecer no Mundo, pode ser que as almas caridosas que conduzem a desinformação televisiva nos reduzam esse suplício a um compacto de 25 minutos. Pode ser, sim, pode ser, tenhamos esperança...

(Heptágono da "Silly Season" no "Aventar", no "AAATCHOO", no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino", no "A Sinistra Ministra" e em "The Braganza Mothers")

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A Campanha mais badalhoca desde o bidé de Dona Urraca


Imagem do KAOS

A crise começou a meio da tarde, quando o Alberto João apontou a luneta que costuma usar para ver as gajas descascadas nas piscinas dos "decks" dos paquetes que escalam o Funchal, e começou a erguer-se uma coisa nos ares, que ameaçava provocar o maior eclipse solar do século. O Alberto pensou duas vezes, e disse, "espera lá, que aquilo deve ser coisa do Cont'nente, vou já buscar a caçadeira e matar aqui dois melros..."

Meu dito, meu feito.

Alberto João Jardim, célebre por disparar palavras, mostrou-se exímio atirador. Em tempos normais, com cegos em Santa Maria, contentores em Alcântara, o tráfico de armas e droga a decorrer normalmente, a coisa poderia ter passado despercebida. Acontece que vai ser a epígrafe da campanha mais porca a que iremos assistir. Por mim, na boa, e todo o nosso vocabulário vai passar a ser polido, face aos horrores que deitarão da boca para fora políticos que, pela primeira vez, desde 1975, podem dar largas à sua imaginação. É bom que saibamos o que realmente se esconde por debaixo do politicamente correto, para não pensarmos que o mundo é mesmo assim.

Um dos nossos colaboradores mostrou-se escandalizadíssimo com os estertores da Clara Ferreira Alves: suponho que seja por nunca a ter visto nua, previlégio que já me foi dado, que então é que ele perceberia o que é Bosch, o pintor, na Política. Lá diz o ditado popular, cada cabeça sua sentença, cada cona seu corrimento, e é a altura de as sentenças serem integralmente substituídas pelos corrimentos.

Entre os desastres das Legislativas e o desastre, esse, sim, final, das Autárquicas, vamos assistir a milhares de ratos a transitar de plataforma em plataforma política, já que, como Diogo Feio disse -- esse, ao menos, tem um apelido que é mesmo para falar verdade, como diria a Leite... -- estas vão ser as Eleições mais livres de sempre, e vão, porque como o essencial é evitar que haja maiorias de qualquer espécie, os parolos da Abstenção vão-se abster, e os letrados do voto vão regressar às suas famílias políticas, calmamente, sem a preocupação do voto útil, e à espera de um Parlamento em que as coisas estejam de tal modo estilhaçadas que seja ingovernável. A Bélgica, um país rico, sobreviveu assim, décadas, sem maiorias, sem governo, e vive 5 vezes acima do nível desta piolheira. Talvez fosse uma boa experiência política, estarmos alguns anos sem governo, com o Aníbal a fazer aquelas bocas, em Belém, e a Maria a marcar bilhetes pela Net para Bayreuth, convencida de que ia a algum festival de valsas de Strauss.

A Síndroma de Joana Amaral Dias é mais complexa, porque o Louçã, que até suponho nem seja parvo, subitamente começou a descobrir que tinha um partido que era uma merda, e que era utilizado por toda a casta de oportunistas para se pendurarem no poleiro seguinte, mal soasse a hora. Até agora, só teve recaídas no PS, mas não tardarão a aparecer as suas zitas seabras, e algumas gajas a derivarem para os braços do Nuno Melo, o próximo brilhante orador que se segue. A carne é fraca e a vulva, de ambos os sexos, volátil.

Nesta primeira leva, saíram os zés que faziam falta, a mais do que medíocre Inês de Medeiros e a bicha do levar no cu asseticamente, com luvas brancas e um controlador, "on-line", para ver se a fricção não corrompe o preservativo e há algum imprevisto derrame de HIV. "Next on", e geme que nem uma cadela. Na fase seguinte, quando houver cinco blocos políticos com massas parlamentares muito próximas, vai começar a segunda debandada, a chamada crise do Queijo Limiano, em que serão comprados, com missangas, para passarem de um lado para o outro. Manuel Alegre, com a grandeza que lhe é habitual, saiu pela porta grande, com a promessa de um lugar de destaque no Museu de História Natural, de Nova Iorque. Confessemos que mereceu.

Joana Amaral Dias, por fim, mais uns quantos despentados, vão ficar para apagar as luzes, depois de ter sido exposta toda a marginalidade que subjaz a cada candidato, de as licenciaturas ao domingo e "os outros colos" serem explorados "ad nauseam"; de se descobrir que, à falta de homem, a Câncio tinha um "off-shore" entre as pernas, e que o João Galamba, afinal, era o neto maçónico de Vítor Constâncio, através da barriga de aluguer do filho, João, outra das sombrias nódoas académicas, etc e tal.

Suponho que quando a coisa estiver mesmo mal, desenterrem o Soares, a "Chorona", o Balsemão, o Adriano Moreira, o Freitas, para tentarem vir repor ordem na coisa, mas isso já quando a Helena Roseta estiver pegada, em puxões de cabelos, com aquela gaja horrível, que parece uma salamandra, e é a cabeça de Lista do BE, e mais "A Pegajosa", aquela que fala da Europa com boca de bicos, e que vai levar, em Oeiras, um escaldão nas tetas, completamente dado pelo Isaltino, betonador.

De aqui para baixo, tudo é pior, com a exceção da Maria Emília, de Almada, que vai reinar, na primeira Assembleia Municipal, sem vereadores do PS, que vai reinar, dizia eu, das ruínas da Lisnave à Trafaria. Paulo Pedroso vai-se safar bem, e arranjar logo uma Gripe dos Porcos, no início da Campanha, para não lhe acontecer nenhuma... desgraça. Contactará os eleitores via TV, Net, e folhetos distribuídos pelas Voluntárias de Jeová, mas nada de comícios. Portugal é dócil, e não quereria que nada de mau lhe sucedesse... Ficará então sozinha a Maria Emília, que levará os netos ao miradouro, e lhes porá a luneta nas unhas: "do alto deste miradouro, filhinhos, quarenta hectares urbanizáveis vos contemplam, e são todos da vovó!..."

"Ó, vó, quem é aquele senhor, naquele Palácio cor de rosa, em Lisboa, que está a fazer boquinhas em "O"?...

"Aquele senhor, meu netinho, é o Senhor Aníbal, que veio de Boliqueime tentar a sorte na cidade, mas não evoluiu em nada. O que Boliqueime deu a tumba levará. É uma espécie de ampulheta: sempre que olharem para ele, escusam de olhar para o relógio, é um bom medidor do tempo que falta para passarem 10 anos de mandato".

Mais dez anos perdidos das nossas curtas existências, obviamente.

(Arrebentado no "Aventar", no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "A Sinistra Ministra", em "The Braganza Mothers" e no "Klandestino" )

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um "Freeport" chamado Cavaquismo

Imagem KAOS

Este ano a coisa está tão má que as pessoas nem têm dinheiro para ir para a "Seally Season". Gosto do nome "Silly Season", porque faz lembrar um jardim pré-rafaelita, ao som de Mendelssohn. Como é Português, tem algumas adaptações, e, em vez de elfos, temos ineses pedrosas a saltar pesadamente, de galho em galho, e os naipes de cordas foram substituídos por aquela inenarrável coisa do concerto para 100 Iphones, ou lá o que era, na Casa da Música. A Casa da Música, como cine porno que é, também devia levar o virote que levou o "Olympia", para evitar que continuemos a ser a risota da Europa Musical. Fecha-se a coisa, e, de quando em vez, quando algum grande intérprete se lembrar de que há mais ouvidos, para além do Quim Barreiros, da Katia Guerreiro e da Maria João e do "bidubidubidubidu" com o Mário Laginha, aquilo abria-se, e dava-se um concerto a sério. Pode ser de 100 em 100 anos, para poder ser preparado com antecedência.

A "Sillly Season", este ano, é igual à agonia simultânea do Socratismo e do Cavaquismo: ambos estão entubados, e as enfermeiras, em despique, tentam tornar a infeção cada mais profunda. Toda a gente sabe que o Aparelho de Estado, a nível de escutas, de violação de sigilos, de desfaçatez e de puro espírito de vingança, acabou com a célebre separação dos Três Poderes, e agora vale tudo, desde que traga alguma passageira vantagem no tabuleiro dos peões ranhosos.

Vou simplificar: de cada vez que há um avanço de coisas assobiadas cá para, no "Freeport", por exemplo, imediatamente a Máquina de Propaganda da Maioria faz um cheque ao Bispo, àTorre ou ao Cavalo, através do BPN, das choldrices do Isaltino, ou de coisas afins. É jogo baixo, e não me espanta, espanta-me é que as pessoas não estejam ainda tão espantadas que não lhes tenha dadao para tumultos extremos, mas pode ser que lá cheguemos, é só deixar a fragata afundar-se mais um pouco. Até tudo pareceria equilibrado, no melhor dos mundos, mas averdade não é essa: "Freeport" e "Great-Portuguese-Disaster 1985-1995" não são comensuráveis, por uma razão simples: quando, em 1995, o Aníbal teve de fazer as malinhas e pôr-se na alheta, todas as coisas estavam tipificadas: era a época áurea da fundação da Opinião Pública, e o saudoso Portas, a Helena Sanches Osório, entre tantos outros, tinham apeado, para sempre a ideia do político idóneo e respeitável, trocando-o por uma série de pequenas histórias sórdidas, as anedotas do hemodialisados que podiam ser reclicados para obter alumínio, o crime do sangue contaminado, a pedofilia de Eurico de Melo, o Caso Taveira, entre tantos outros. O Cavaquismo deixou o palco da História pela direita baixa, e com a promessa de ser uma página virada. Pelo contrário, a ascensão de Sócrates, baseada na ma fé, no ludíbrio e na desfaçatez apanhou, mais coisa menos coisa, toda a gente desprevenida, exceto uns quantos, nos quais, infelizmente, não me incluo, que já tinham topado o bicho à légua.

Ao contrário de Sócrates, Aníbal é um ser pouco sofisticado, provinciano, que teria dado um ilustre sucessor do pai, no negócio da bomba. Quis o Destino que o país estivesse tão desventrado que o deixaram chegar ao topo da sua base, a Presidência da República, posto duvidoso, mas que tem feito as alegrias dos longos "jours de lenteur" da sua lenta agonia política. O posto deve-o a Manuel Alegre, pelo que suponho, e espero, que Manuel Alegre venha a ser o mandatário da sua recandidatura: há uma inefável ternura dos 70 que os une, e nos fará a todos felizes.

Ao contrário de Aníbal, Sócrates é um produto totalmente artificial, e, se houvesse um enorme cataclismo, dificilmente o veríamos ao pé de Aníbal, a vender artesanato, nos cobertores de chão da Feira de Almeirim: Sócrates acha que é moderno, mas de acordo com os padrões portugueses, o que leva a que tenha um desfasamento de modernidade de 25 anos, relativamente a España, de 50, perante a França, e de 100, perante a Escandinávia. Anda, é certo, a par com Chávez, Mugabe e José Eduardo dos Santos, mas isso é pouco, nos tempos que correm.

Quem se mete com Sócrates leva. Corre aí uma história relacionada com o "Dissidências", que pode não ser exatamente o que está a ser contado, mas lá terá uma costela de vingança, como foi na sanha persecutório do nosso colega, António Balbino Caldeira. Quem quiser pode assinar a petição, e deve fazê-lo, quanto mais não seja, para mostrar que está no CONTRA, independentemente dos pormenores. Quer isso, resumidamente dizer que, mais tarde ou mais cedo, Sócrates vinga-se mesmo, e de qualquer maneira.

Não me apetece produzir um texto longo. Já percebemos que estamos numa política de entretimento, em que tu avanças com um peão do "Freeport", e o outro avança com mais uma escandaleira BPN. A subtileza, e nisso Sócrates e a sua máquina não pensaram, é que todas as figuras do Cavaquismo já estavam destruídas e mumificadas, antes do séc. XXi arrancar: nada mais eram do que sombras chinesas de um passado morto, que um punhado de eleitores idiotas quis fazer reviver em Belém. Toda a gente sabe o que foi o Crime Organizado, entre 1985-1995. Assim, de cada vez que vem mais uma história, ou uma sequela, sórdidas desse período, não nos deveria espantar. Inquieta, sim, que para cada inumação desse alcaponismo, haja logo uma pronta resposta "Freeport", e vice versa: só mostra que o "Freeport", coisa oculta, está ao mesmo nível dos comportamentos miseráveis das velhas pendurezas de Cavaco. Estranho, não é, para quem se diz, quer, e reafirma, inocente?...

(Hexágono, mesmo hexagonal, no "Aventar", "Arrebenta-SOL", "A Sinistra Ministra", o "Democracia em Portugal", o "Klandestino" e o "The Braganza Mothers")

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O estranho caso do Sr. Aníbal e da coação subliminar de Liberdade de Expressão


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Sou apaixonado pela Arqueologia e pelo "ir às fontes". Não era este o texto que quereria ter escrito hoje, mas nem sempre fazemos o que queremos: até o Livre Arbítrio entrou na cíclica da erosão da Crise... Acontece que, ao escavar na dita cuja, vemos desfilar nomes atrás de nomes, até àquele momento dramático em que, depois do 25 de Abril, a adesão ao Espaço Europeu se revelou uma rotura de paradigma.

Pelo lado idealista, enfim, digamos faz de conta que sim, tivémos Mário Soares, que nele apostou; pelo lado retrógado e renitente, a coisa fez-se pela mão de Cavaco Silva, uma das mais desastrosas opções da nossa contemporaneidade. Cavaco Silva, para qualquer arqueólogo de Crises, é o Pai de Todas as Crises, o homem que, pela prática e usucapião, ensinou ao comum dos Portugueses que os Fundos Estruturais não eram para reestruturar o País, mas sim para iniciar mais um daqueles ciclos que, idiosincraticamente, entendemos como do "dolce fare niente": assim foi com o Açúcar, com as Especiarias, com o Ouro e as Pedras Preciosas do Brasil, o Preto, e, depois..., depois... houve um mal entendido, que fez crer que os Fundos Comunitários eram apenas mais um pretexto para estarmos a viver, como sempre, pendurados em qualquer coisa.

Cada Português, por mais estúpido e disforme que seja, tem sempre dentro de si um pequeno cristiano ronaldo, que apenas aguarda plateia e estrelato. Somos os melhores do Mundo, e, como no tempo de Salazar, mesmo quando perdemos, incarnamos sempre um triunfo moral. Não prestamos, e somos um sintoma da vaidade serôdia da Cauda da Europa, com uns quantos velhos do restelo a permanentemente alertar para o mal estar da coisa. Não interessa, porque estamos sempre no faz de conta, o nosso pequeno "Neverland", onde o "never end" jamais chegará. Para alguns, não passamos do território do Rais' te Partam; para outros, somos a zona endógena da rã que queria ser boi. Em 2009, já nem conseguimos ser rã, nem boi, pelo que entramos na lógica autista do normativismo e da correção pública da miséria interior. Cavaco Silva, um homem que está neste estado, mas que continuamos a fingir que não está, é um saloio que atingiu o Topo da Base, chegar a Presidente da República, o suprasumo das suas aspirações. Custou-lhe muito, uma espera prolongada, humilhações públicas, desmaios, e aquelas mãos permanentemente transpiradas, do único político que tinha tanto medo do Povo que se fazia deslocar numa viatura blindada. Nem o Maior Português de Sempre incorreu nesse ridículo, e não esqueço aquela mãozinha assustada, que entreabriu a "marquise", na nefasta noite da eleição: nessa noite, sem nos darmos conta, recuámos 50 anos no tempo, uma espécie de Polanski, do "Por favor não me mordam o pescoço". Os Portugueses, atulhados de cristianos ronaldos, de Ligas, de santas com cara de saloia e ininterruptos disparates televisivos, não perceberam a coisa: ao chegar ao topo da sua base, o Homem de Poço de Boliqueime tinha-nos colocado os olhos à altura da Dª. Maria, do Salazar, quando lhe engraxava as botas com as próprias "culottes" passajadas. Não é por acaso que temos outra Maria em Belém, tão de vistas largas como a anterior. Somos um país de saloios, e nada nos espanta ter um saloio como Presidente, com uma bandeira de "crochet" pendurada no jardim. Dizem as boas almas que era uma obra de arte da Joana Vasconcelos, pois, talvez, mas, para mim, até a terem tirado, era uma bandeira de croché, que incarnava, desde a epígrafe ao posfácio, uma maneira aldeã e pétrea de encarar o Mundo.

Os saloios são sempre os piores: quando vêm para a cidade, não vêm para metamorfosear a sua saloice na dinâmica do urbano: fazem sempre uma pausa, e tentam travar o ritmo citadino, de modo a que se assemelhe, o mais possível, à sua aldeia. Para mim, urbano de várias gerações, sempre que apanho um destes, saco do revólver, e disparo até ele desistir, ou cair. As minhas armas são a Escrita.

Ao promulgar -- e chama-nos para isso a atenção "O Cacimbo" -- o novo Estatuto da Carreira Militar, o Homem da Bomba, que só sonha, maneirinha e mesquinhamente com a sua reeleição, reintroduziu coisas do tempo da Outra Senhora. O militar, mesmo na reserva, fica sob impossibilidade de emitir opiniões. O Sr. Aníbal, que vive fora da Blogosfera, e numa Atmosfera plena de Bolor, não percebe que isto está ao nível dos saiotes de Teherão, das burkas de Kandahar e dos olhinhos rasgados do Exemplo Chinês. O respeitinho é muito bom, e os Portugueses profundos, nos quais se insere o casal de Boliqueime, têm plena consciência de que os momentos corruptos dos Regimes já têm caído na rua, pela mão dos militares. Como diz a Bíblia, assim sempre foi e assim sempre será. Calem-lhes, pois, as bocas...



(Hexagrama do escândalo, no "Aventar", no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sanfona de Boas Novas, seguida de Melhores Ainda

Imagem do KAOS
O futuro imediato é de Ferreira Leite, e o Médio Prazo de Vítor Constâncio. Isto são as conclusões de uma cavaqueira não parlamentar com a Leontina, a minha empregada.
Teixeira dos Santos -- que não é, aparentemente, do "Aventalinho", até que sejam publicadas, como em Itália, as listas dos Membros da Seita, vamos ficar nessa angústia -- Se não é, embarcou na sanfona, e fez o serviço à causa.
É evidente que não é a Oposição que quer Vítor Constâncio na rua: é o país inteiro, exceto as Lojas do Aventalinho, e vamos ver quem ganha: há poucos anos, ainda éramos todos ingénuos, vimos a Maçonaria dar o Golpe de Estado de Jorge Sampaio, e pôr a salvo as cabeças poluídas: Carrilho, Ferro Rodrigues, e o candidato póstumo à Câmara de Almada. Para este último, sempre uma palavrinha de carinho, porque tinham-lhe prometido ser Primeiro Ministro de Portugal, numa daquelas reuniões secretas, e agora já só lhe oferecem os 3% de votos da Câmara de Almada... São ainda vitórias, mas, passo a passo, a emergente Opinião Pública vai desentocá-los todos, e, aí, o país vai tornar-se numa visão... desagradável, não para mim, que já estou couraçado.
Hoje foi um dia rico: a Mulher a Dias da Educação disse que os maus resultados de Matemática tinham sido fruto da Comunicação Social. É verdade: deviam ter posto a Central de Controlo de Informações do "Prime" a filtrar também isso, mas esqueceram-se: azar. Continuamos um país atécnico, Cauda da Europa em tudo o que é Ciência, a começar pelos Ministros das respetivas tutelas. Maria de Lurdes Rodrigues é um caso patológico que será matéria de estudo e de inúmeras teses de mestrado, mal se fine politicamente, coisa que já aconteceu há muito, só que se esqueceram de lhe enviar um postalinho a avisar. Fica para depois do Verão.
Politicamente, nas minhas conversas da Esfregona, cheguei à brilhante conclusão -- um Ovo de Colombo -- de que Manuela Ferreira Leite, um dos rostos da Depressão, deve, por direito, assumir o cargo de Primeiro Ministro, e por várias razões: a primeira, sentimental, por que é mulher, e continuamos com atraso nisso; a segunda, porque muito do estado a que as coisas chegaram se deve às suas Profecias de Cassandra, e talvez não fossem profecias, mas um autêntico medo e visão da Realidade; a terceira, para que a III República acabe aqui. Já fiz várias apostas se se afundava com Sócrates, se com Ferreira Leite, parece que Deus Pai escolheu que fosse com ela, e eu aceito. Sou um resignado, e gosto destes infinitos crepúsculos políticos.
As boas novas vêm agora: depois de vários anos na Blogosfera, uma importante editora contactou-me para uma edição de luxo, da antologia dos meus melhores textos, com ilustrações do KAOS. A carta chegou-me hoje, e pediu-me para levar o contrato para assinar ao meu confrade, já que a minha morada é pública e a dele deixava dúvidas.
Não vou falar de números, porque a coisa ainda está meio secreta, mas vai fazer roer de inveja Sousa Tavares e as suas poias. Posso dizer que arrancaremos com uma edição de 150 000 exemplares, o que, para Portugal, é mais do que bom, é excelente, e os direitos de autor são de 15%, o dobro da Agustina, pura e simplesmente. A iniciativa reuniu o "Expresso", no qual virão os pormenores na próxima edição de sábado, e o "Sol", que quer lançar-nos também em Angola.
Eu sei que a boa nova vem tarde, mas era tempo de se fazer alguma justiça. Pela minha parte, prometo manter a linha de isenção e liberdade cultivada até agora, e isso ficará bem claro no contrato editorial. A gente às vezes diz mal dos grandes grupos editoriais, e depois... Enfim, malhas que o Império tece.
Eu sei que desse lado dos monitores há uma enorme sensação de júbilo: é o nosso Santiago Barnabéu, e não chegava. Estão já todos convidados para o lançamento, no Pavilhão Atlântico, em Outubro.
Um pequeno senão, mas quem quer mel tem de aprender a suportar as abelhas, como diz Lao-Tsé: o prefácio será da autoria de José Pacheco Pereira, e isso foi-me dito ser inegociável...
Paciência, lá terá de ser.
Obrigado pela salva de palmas.

(Pentagrama da "Silly Season", no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")