sexta-feira, 15 de maio de 2009

Albino Almeida e o Afeganistão padrão, com breve passagem pela Gripe Porcina

Imagem do KAOS
Dedicado à Carmelinda Pereira e à Isabel Pedrosa, que amanhã se deslocam em visita de Estado a Versalhes, e dedicado a todos os jovens deste país, que não têm culpa de uma haver uma aberração a afiambrar-se com um nome simpático... "pai"..
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Há duas coisas nas quais nunca acreditei: a Senhora de Fátima, por questões genéticas, e Albino Almeida, porque só muito tardiamente é que me foi referido, já eu tinha lançado para o prelo o meu Bestiário, e ele nem nas notas de rodapé cabia.
Sobre a Senhora de Fátima acho que já se disse tudo, ou quase tudo, e tem com o Albino Almeida o traço comum de terem ambos cara de saloios: uma, de porcelana, o outro, de toucinho rançoso.
O Albino Almeida tem uma virtude que eu muito respeito, que é a da Imaginação: teve o azar de ter nascido em Portugal, senão, teria dado um fantástico Duchamp, mesmo um Dada, da fase mais radical.
A sua última descoberta foram os decotes e as calças descaídas, e veio tarde, porque meio Portugal os usa, e ele só não os usa, porque não pode, e não pode porque ainda há uma coisa chamada Saúde Pública.
Não sei quais são os gostos sexuais do Senhor Almeida, mas espero que não esteja na faixa dos três filhos, o que o levaria a apreciar muitíssimo as cuecas de rapaz descaídas... Vamos, portanto, na direção das mamas e das saias curtas.
O Sr. Albino, que procriou, por obra e graça do Espírito Santinho, e seria uma verdadeira peça de arte indo europeia, de cada vez que aparece montado no dorso do Hipopótamo da Dren, não fosse não ser de marfim, mas sim de plástico ordinário de alguidar, e de alguidar dos Chineses, com todo o respeito pelos ditos, intitula-se de "pai".
Se o Sr. Almeida, em vez de ser pai, fosse professor, devia aprender uma coisa que vem em todos os manuais: é que a relação pedagógica, por excelência, é assimétrica, ou seja, há sempre um que se posiciona no lugar de dar, e um outro, que mais está na posição de receber, com todas as fabulosas inversões, em que o aluno irreversivelmente consegue, num só dia, marcar, para sempre, o professor, e vice versamente... Ora, sendo a relação pedagógica assimétrica, a assimetria estende-se a todos os lugares da relação, corpo incluído, o que quer dizer que, sendo o corpo do aluno situado num patamar diferente do do professor, está inibido de ter qualquer influência sobre o mesmo, excetuada a inversão, porque todos nós, os saudáveis, num tempo, tivémos "fantasias" sobre quem nos lecionava, e isso ajudou-nos muito a crescer...
Começa aqui a gravidade da coisa, porque, não sendo o Sr. Albino professor, e estando posicionado num patamar externo do maravilhoso palco da Pedagogia, hoje, para nós, profanos, e estupefactos espectadores da coisa reles, ficámos a saber que o Sr. Almeida era fisica, e, portanto, eroticamente, sensível a corpos de adolescente, ou seja, na sua ridícula posição de gato pingado procriador, veio hoje a público dizer que lhe toca muito numa parte do corpo e da alma ver um decote, umas mamas, ou um cu de puto de cuecas à mostra.
Acontece que a mim, que sou tarado, mas tenho balizas, muitas, éticas, e outras de puro relacionamento e polimento de etiqueta, sou totalmente insensível a decotes, saias, cus e rasgões de jeans, à saída de qualquer escola deste país, ou em qualquer outro lugar, e choca-me descobrir, no meio de todos os horrores com que o Sr. Almeida já nos presenteou, esta novidade: que, no fundo, no fundo, só a Senhora de Fátima saberá se ele não tem lá bem escondido, já não no seu Freud, mas mesmo no seu Jung, um "homem da gabardina", daqueles que, quando toca a campainha, em Gaia, abrem as abas, e mostram o "badalo" a quem passa...
Sr. Albino, os jovens deste país são jovens, ou seja, são diferentes, irreverentes e explodem em todo o esplendor do iníco da sua sexualidade, coisa que, caso não saiba, com esse horrível focinho que você tem, está dotada de uma fabulosa vertente estética, a única que a Assimetria Pedagógica concede, ao Docente, usufruir. Proust chamava-lhe "À l'Ombre des Jeunes Filles (Garçons) en Fleurs", e é das coisas mais espantosas de assistir: ver como a Natureza começa a esculpir os corpos, e a prever, na sua infinita diversidade, todas as graças da idade adulta. Quando o senhor se mostra afrontado com isto, está, tão só, a revelar o inenarrável suíno que tem dentro de si, e aconselhamos-lhe, para sua segurança, longas sessões de psicoterapia, não lhe vá dar, quando se tornar ainda mais baboso, para começar a soltar, como um reles homem das obras, com o seu fácies, assobios a pitas do 8º Ano...
A maturação da estátua interior, primeiro patamar para a integração social, passa por uma saudável relação com o corpo, e o ganho da auto estima, que deriva do jogo entre os corpos, é que irá construir a Sociedade dos Equilíbrios. A este zumbir de abelhas e pólen chamamos nós, as pessoas saudáveis, sensíveis à beleza do Mundo e ao esplendor da Juventude, Adolescência, e é um momento dos mais raros e ricos de todo o nosso devir terreno, caso não o saiba, Sr. Albino.
Compete ao Professor, guardião do saber, tutor da estátua que se molda, e demiurgo do ser futuro, zelar, com invisíveis fios de cristal, para que este jogo de sensualidade, sedução e inocência, se mantenha nas fronteiras ilimitadas das florações. Caso o Senhor Almeida não saiba, na História da Evolução do Mundo Florestal, o grande momento chegou, quando, pela primeira vez, os nossos antepassados, dinossauros e insetos, viram, incrédulos, desabrochar a primeira flor, no... Cretáceo... meu deus... há 135 000 000 de anos, ou seja, muito tempo antes do seu mandato à frente dessa abjeção chamada CONFAP, e muito antes da Terra sofrer os flagelos das maiorias absolutas de Sócrates e seus afins.
Caso o senhor Albino não saiba do que estou a falar, convido-o a olhar para uma adolescente, não como objeto sexual -- não temos culpa dos seus problemas eróticos mal resolvidos... -- mas como o primeiro momento em que o corpo espera a polinização, mas a polinização dos jovens do mesmo patamar etário, não de pais sebosos, com tempo de antena numa época cultural e política decadente, e que têm a ousadia de olhar com o olhar com que menos deveriam olhar para aquilo para que se atreveram a profanar.
Não sei se percebeu, mas eu não vou repetir a frase: volte atrás, e releia.
Sei que, com tanta flor, isto cheira muito a Genet, e eu não frequento muito Genet, pelo que vamos voltar ao ritmo de Arrebenta, e na sua melhor forma: portanto, em resumo, o Senhor, Albino, é um insulto a todos os jovens deste país, e uma reles provocação a todas as pessoas bem formadas, que, diariamente, lidam com a maior riqueza de qualquer nação: a sua Juventude.
Se não gosta do que vê, faça como Édipo, e dê dois tiros nos olhos.
Se sente inveja, é natural: na mesma idade, já você deveria ser, e ter, por fora, e por dentro, o mesmo ar de seminarista sebento e perverso que ainda hoje mantém.
Não gosta de ver as cuecas dos rapazes a aparecer, quando as calças descaem?... Pois eu gosto: é sinal de que há uma geração que evoluiu para o gosto de peças interiores de marca, esteticamente viáveis, e bem diferentes dessas ceroulas gordurosas, que você esconde por detrás dessas calças de fazenda, que só vêem a água e o detergente no final de cada Período Escolar.
Quer um conselho, mas um conselho de amigo, de amigo, mesmo?... Vá para a beira do mar e respire fundo. Se continuar a ver nos alunos deste país potenciais objetos sexuais, psicoterapize-se: felizmente que eles até são objetos de sedução, sim, mas de sedução nos infinitos jogos entre eles, onde há simetria, paridade e cronologia afinada, e não assimetria do olhar de um cinquentão baboso e asqueroso, que consegue conspurcar, só com a sua presença e declarações, o palco saudável, de onde virão todos os amores, afetos, e atos potenciadores da futura perpetuação da espécie.
Aprenda a sentir excitação erótica com freiras, Tio Albino, e se não gosta do canteiro onde está, mude-se.
Quer um conselho de amigo?...: até há um país de vanguarda que lhe recomendo. Ainda a Gripe Porcina não tinha sido lançada no mercado da Aldeia Global, já eles tapavam os focinhos com máscaras; mais, até o faziam, já a pensar no Profeta Albino, aquele que virá depois de Maomé, e até enfiavam burkas, da cabeça aos pés.
Mande um email a Obama, e monte uma banquinha de estupidez e perversidade no Afeganistão.
Masturbe-se nos desfiladeiros de Kandahar.
E quer que termine com chave de ouro?... Eu faço-o: Albino Almeida, considero-o um porco e uma pessoa que, se estivéssemos num país decente, levaria para sempre a etiqueta de "não frequentável".
Ah, e para que não diga que não lhe desejo nada, espero que durma mal.
Para sempre.


(Pentagrama de cinco náuseas, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O Morgado de Freixiande, seguido das Capivaras do Rio Tieté

Este texto é dedicado ao Grão-Titular e ao cabrão do Ricardo, que não me larga as cuecas
A história é perigosíssima, e eu acordei demasiado tarde, como é costume.
Parece que houve uma escola de Freixiande -- valha-me deus, só de escrever isto, é como regressar ao tempo do Camilo, ou do Herculano... -- e, então, Freixiande não queria um Diretor, porque o último de que se lembravam era de um, do tempo do Maior Português de Sempre, que levava as empregas da limpeza para os sanitários das meninas, e "fazia com elas carne (!)", coisa que veio a chocar a comunidade inteira quando de tal se houve saber.
Eras atrás.
Ora anda aí agora uma jiga-joga horrorosa, para ver quem é o mais incompetente que vai suceder ao lugar do Diretor que comia as esfregonas, e como Freixiande -- atenção, que eu estou a contar isto de cor, porque eu nunca ouço metade dos pormenores... -- queria ficar com os cachuchos todos do Conselho Executivo anterior, não apresentou nenhum empalhado novo, para recordar os tempos da Velha Senhora,
e,
ah... aqui é que a coisa me começa a dar pica, mal isso soou lá para as brenhas, imediatamente o Hipopótamo da DREN se fez ao piso, trunca, trunca, trunca, por ali fora, com as tetas todas a arrastar pelo chão, e demitiu toda a gente, cosa rara, porque demitir é fácil, agora arranjar lombo que faça o frete é infinitamente mais difícil.
(O Ricardo tem muita sorte de ser Lisboeta e filo-paneleiro, como eu, senão, quem o despachava para Freixiande era eu...), e, então, à falta de Ricardo, foram buscar uma coisa... quer dizer, eu estou agora a olhar para o retrato, e a tentar perceber bem o que é que ali está... bom, a estrutura é, visivelmente, a da Nádega, mas isso é uma recorrência do Partido de Sócrates (outrora, Partido Socialista), e, portanto, é tão idiota como dizer que o ar cheira a ar.
Portanto, o boato que ontem pus a correr é de que ele era filho natural de Catalina Pestana, coisa que basta confirmar, olhando da cintura, perdão, da queixada para baixo: o mesmo ângulo de aproximação à bochecha, a mesma tendência para o AVC precoce, aquela pose de quem, se não tivesse sido fabricada na Califórnia, e logo espalhada em Mexico-City, enfim, aquela pose de quem adoraria ter sido o foco inicial da Gripe dos Porcos, agora conhecida por Gripe-A, sinal de que, enquanto não esgotarem o lixo todo que têm nas prateleiras, viremos ter gripes de A a Z.
Mas vamos por partes: a estratégia soez do Partido de Sócrates teve duas sábias vertentes, ao nível da chico-espertalhonice lusitana: a primeira, a de arranjar um molho de vitais moreiras de província, que ganhavam lá as câmaras e juntas de freguesia de sítios que eu nem sequer sabia que existiam, porque sou bastante urbano, e percebo, por exemplo, o tempo que leva, de metro, entre o Louvre-Palais Royal e as Tuilleries, agora, Freixiande.... ah, mas não era isso que eu queria dizer: os agentes-sócrates agarraram nesses gajos, com pinta de comunista, que ganhavam os vilórios, e fizeram-nos passar todos para o P.S. (leia, "Partido de Sócrates"), de maneira que, nas próximas autárquicas, haverá "palettes" de caciques comunistas de longa data, que, recém filiados no P.S., irão ajudar a uma coisa que se intitulará "maré rosa" do rai'-qu-o-parta.
Essa foi a primeira vaga, e o vasculho a quem chamam Vital Moreira, um produto de barbearia decadente, do tempo da Morte em Veneza e do Páteo das Cantigas, é a testa do movimento. Quanto à maré de fundo, ainda é mais lúgubre, porque é constituída por um lodaçal de gajos sem coluna, nem nádegas, nem nada, cujos reflexos, quando se lhes dá com o martelinho no joelho, é igual ao dos polvos, quando são atirados para o fundo do alguidar, e pimba, ficam ali, até receber ordem, ora, ordens, neste país, só as dá a Margarida Moreira e a Mãe Jeová de Vilar de Maçada, pelo que agarraram no gajo, demitiram o Conselho Executivo, e puseram no seu lugar uma Lêndea, o chamado Ovo do Piolho, com uma formação CNO, deus me perdoe, e que era Professor Primário (?), daqueles que perpetuam o "há dem" e o "houveram" e o "prontos" na terra dele, e que tinha todo o ar genético de ter nascido de uma aventura da Catalina Pestana com algum frade de um daqueles conventos que, ou ia a ovelha, ou ia a Catalina, e, mal por mal, lá foi a Catalina...
No fundo, o Hugo Cristóvão é uma espécie de pequena Maddie, se tivesse podido chegar aos trinta anos, e não estivesse, coitada, no fundo de um saco de plástico preto, muito arrumadinha e cheia de odor de cadáver.
A Margarida Moreira adorou: tinha ali um ser primário -- literal e figuradamente -- e chamou-o, sentou-o diante de si, e disse, "precisamos de alguém com piloca murcha, em quem eu possa dar ordens e continuar a ser a macha e a dona da rua cá de cima (lê-se "xima")...", e olhou-o muito fixamente nos olhos, como fazia no tempo em que era sindicalista e precisava de um sobe e desce de lua cheia, para lhe acalmar a boca da servidão.
Margarida Moreira, diga-se, tem muito mais testosterona do que Sócrates, e estas gajas com testosterona, geralmente são muito peludas na placa tectónica que vai do joelho até ao umbigo, e por vezes, até meados do esterno, como rezam certos manuais de anatomia. São a alegria da "gillete", e consta que, nos raros dias em que ela despe as calças de ganga, se fala de uma Amazónia em Portugal, como aquela "Paris-em-Lisboa", do alto do Chiado, onde eu costumava roubar fronhas, quando ainda não dormia nos papelões.
Margarida Moreira desapertou o cinto, baixou a ganga coçada, e disse ao Hugo, "anda, toca aqui, que isto não morde...", e tudo isto era camiliano... vá... sei lá, até mais tipo "Manhã Submersa", mesmo, sei lá, até Jorge de Sena, uma iniciação na DREN, mas num nível bastante badalhoco, e ele, com o dedinho transpirado, ai se a minha mãe me vê..., lá tocou no ponto Q da mulherzinha...
Dizem que o solzinho começou imediatamente a dançar, mas eu ainda sou do tempo das danças indígenas da chuva, pelo que vou continuar a despejar água, a ver se isto inunda mesmo.
"Queres ser Diretor?...", perguntou-lhe ela, muito melosa, enquanto roçava o Mato Grosso por um espelho antigo e desplatinado, retirado daqueles milhares de escolas primárias fechadas pelo país inteiro: aulas, em Portugal, agora, ou no contentor, ou na ambulância, ou em Badajoz, se não estiver já a tocar para a saída.
Este tipo de homens, que pertencem ao Ano Chinês da Nádega, são muito dados à submissão da Mulher Peluda, e nem precisam de ir ao circo, pois pode ser num qualquer corredor da DREN,
e foi,
de um dia para o outro, tornou-se Diretor, sem nunca ter dado nenhuma aula.
O argumento, perguntar-me-ão vocês qual terá sido, foi o de Santo Anselmo, mas versão xanxa, "tu nunca deste aulas, mas eles também nunca as receberam, pelo que, logo, tu existes como Professor".
Uma delícia.
"Sabes, quando tu mais eu nos reformarmos, antecipadamente, vamos viver para aquela extensão do Oceanário que estão a construir... (coisa que me esclareceu sobre essa iniciativa, já que, continuando os Oceanos os mesmos, e sendo o peixe cada vez menos, para quê ampliar o Oceanário, a não ser para arranjar lugar para o crescente número de lixo flutuante... pois... ela será o novo hipopótamo, e ele a sua foca de estimação...)
Então, Margarida puxou a ganga para cima, afivelou a imitação Dolce e Gabbana, e assinou o papel de cruz... -- não acho que é "M/M", com curvinhas em baixo, tipo ponto-cruz, e o Grão-Titular sabe bem a que é que eu me estou a referir...
Este é um país de broches e bordados, e faz-me sempre lembrar a dificuldade que eu tinha em perceber o que era uma "enteléquia", até que o falecido Mestre Américo, um dia, se virou para mim, e disse, "pá, se não decoras de outra maneira, decora assim: uma enteléquia é uma alma dotada de cona!..., e, no Mundo há duas categorias de enteléquias, as que a têm e as que a não têm!..."
Há menmónicas, meu deus, que nos levam a fazer inglês técnico, assim, de repente, como se de uma independente se tratasse...
Hugo Cristóvão tem cara de enteléquia sem cona, ou, mais fisiologicamente falando, parece um bidon vazio, quer dizer, faz-me lembrar aqueles prédios que são escarafunchados lá dentro para conservar a fachada, e poder recuperar o interior.
Neste caso, deu-se o milagre do inverso: poderiam ter-lhe perfeitamente tirado a fachada,e deixado só o vazio do interior, porque, com Sócrates, Cavaco, Dias Loureiro, Laurinda Alves, Valter Lemos e Margarida Moreira, pela primeira vez, desde Aristóteles, a Natureza deixou de ter horror ao Vazio.
A outra imagem é muito mais longínqua, mas adequada, que é ter um "Chófer", completamente desvairado, com o prego a 180 à hora, a percorrer a Marginal do Tieté, na direção de Santro André dos Campos, o horror de São Paulo todo para trás, e eu a olhar para aquele caneiro, e ele a dizer, "está tudo morto, com a poluição. Os Japoneses bem tentaram limpar tudo, até raspar e reconstituir o fundo, mas ficou tudo na mesma, senhor. A única coisa que ali vive são as Capivaras do Rio Tieté, que comem e chafurdam naquela porcaria toda, e volta não volta, invadem a auto estrada e provocam acidentes..."
Hugo Cristóvão faz-me lembrar uma capivara do Rio Tieté, saída da lama, e a fugir, a galope, no meio de seis pistas de auto estrada, com enormes camiões TIR a apitar, em riscos de ser esmagada, mas hirta e firme, a caminho do seu terno chiqueiro.
Deve ser isso o "Pugrèsso", e, se pensarem bem, foi um enorme "pugrèsso": de hoje para amanhã, as escolas deste país serão todas dirigidas por manadas de hugos cristóvãos, e, se não se lembrarem do que isso quer dizer, vão ao caderninho que eu vos dei, e lembrem-se da capivara, que consegue sobreviver no esterco, em qualquer esterco, misturada com aquela imagem do polvo que é tirado da rede e atirado diretamente para o fundo do alguidar, onde nunca mais mexe um tentáculo, claro... sim... porque ele é o próprio tentáculo.
A nova gestão escolar não andará muito longe disso.


(Pentágono da puta que te pariu, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Diálogos das Prostitutas (depois de uma leitura de Aretino)

Imagem do KAOS
Este texto é dedicado à Hurtiga, que acha que eu tenho escrito pouco, e tenho, mas quem é que tem vontade de escrever num país onde tudo se arquiva e há uma população inerte, a achar normal que os familiares dos mortos de Entre-os-Rios paguem as custas de um sistema que indemniza Paulo Pedroso?...
Não, o tema desta noite não é Vital Moreira: hoje, estou muitíssimo mais preocupado com aquela varanda que caiu no Bairro de Campinas, e provocou alguns feridos, graças a deus, já fora de perigo.
A queda das varandas, em Portugal, é um risco iminente: quando eu vi aquelas imagens, de um pardieiro completamente degradado... parecia os muros da Serra de Sintra, tudo cheio de líquenes e musgos, e, por baixo, uma ligeiríssima camada de betão, para fingir que aquilo ainda pertencia ao setor da Construção Civil.
Não pertencia: antes era uma prova da arqueologia viva deste país, e mais uns anos, e seria declarada património da humanidade, sobretudo, se acabasse despovoada, com o extermínio dos moradores, por sucessivas quedas de varandas.
A queda de uma varanda, do ponto de vista científico é uma coisa complexa, já que a varanda é estruturalmente dimensionada para aguentar com uma determinada carga, geralmente, acima da carga máxima que usualmente lhe passa em cima. Não era o caso, e eu passo a explicar: a Portuguesa típica, quando chega à fase da Vénus de Willendorf, já só consegue enfiar cuecas de elefante, e, mesmo assim, fica com grande parte das pregas de banha de fora do cinto cor de rosa. comprado nos ciganos, com desconto, porque são os vizinhos do lado. Com o aumento do Desemprego, a coisa agrava-se, porque a tronchuda passa as manhãs à porta da Segurança Social, a ver se aparece um posto de trabalho de acordo com a sua baixíssima qualificação académica. Para se pôr de pé a horas, entra no regime da bica, e vai de bica em bica, e bolo em bolo, até que a noite caia e o crepúsculo da obesidade lhe caia mais 300 g/dia em cima.
Antropologicamente, a gorda das varandas dos bairros sociais tem, ao seu lado, um bisonte à maneira, o chamado homem sem neurónios, que Robert Musil gostaria de ter conhecido, e bastava ter vindo a Portugal.
O homem sem neurónios é um subproduto de ginásio de subúrbio, onde acha que, enchendo-se de anabolisantes, e levantando halteres, está a rodear de músculos a picha pequena. O problema, todavia, é que a pequena picha é a glândula pineal, e gere todo o seu cérebro, desde o insulto ao árbitro, ao carro transformado e ao Tony Carreira, com variantes que se encostam à Extrema Direita quando lhe dá para achar que o preto de cima tem um chouriço maior do que o dele, e até tem.
O bisonte de subúrbio costuma confundir sexo com esfregar-se nas tetas da farinheira fêmea do prédio do lado: são bairros conhecidos por se casar sempre em casa, e ela aparecer subitamente prenha de uma ejaculação precoce, daquelas noites quentes de S. João, como a de hoje. Depois, já com uma criança, ligeiramente retardada mental, aos berros tardes inteiras, a apanhar estaladas, e a ter os primeiros contactos com a Língua Portuguesa através daqueles palavrões que o Vital Moreira vai conhecer de cor, quando acabar o seu calvário das Europeias, o machão de tora curta costuma pôr-se na varanda da escada de serviço, a mostrar aos vizinhos que tem uma Willendorf em casa, como muita gente gosta de pôr os Jarrões Ming, ou os Arraiolos, a descorar ao sol da janela. Ora, a varanda, velha, cheia de líquenes e musgo, desvitalizada, não está preparada para a esfrega de dois mastodontes, como vem em qualquer manual de cozinha. Agrava-se ainda que a gorda tem sempre uma amiga, gulosa e ainda descomprometida, que passa todo o tempo, de mão na anca, a assistir às bestialidades eróticas da parelha humana, a dar palpites, a salivar e a soltar bitaites, até que chega o amigo do troncha, também segurança no Centro Comercial da zona, e se junta À manada.
Ora, 2 + 2 fazem quatro, o que significa quase uma tonelada apoiada em 8 pés, a esforçar a varanda decadente.
Parece que já tinha caído uma vez, e o senhorio (?) -- geralmente a "Câmbra" -- tinha mandado pôr uns ferros (?) para aguentar aquilo mais uns tempos,
Nós tentámos o mesmo, em 1640, mas, em 2009, a varanda voltou a dessabar, parece que por excesso de diálogo e de debruçagem sobre o parapeito, para trocar palavras grosseiras com as crias, cá em baixo, verdadeiro, clones, de 2 500 € o emprenhanço, pagos pelo bolso do Contribuinte para que o Português Reles, a raça típica da Lusitânia, não se extinga.
Foi horrível: sorte foi que não se agravasse com a passagem de Vital Moreira, mascarado de virgem... ah, sim, agora, vou fazer um pequeno parêntesis, para dizer que eu gosto muito de Vital Moreira, porque acho-o com uma excelente pontaria política, e só me faz lembrar quando o segurança do Bairro de Campinas, às escuras, julga que está a cavalgar a sua boca da servidão, mas na realidade, está a tentar esforçar-lhe o umbigo com a glande mal cheirosa.
Vital Moreira saiu do PCP a más horas, e entrou para o PS, quando isso já não interessava ao menino jesus. O seu próximo passo será a proximidade com o Cherne, e acabará a aconselhar padres, como fez a Rita Seabra.
Eu gosto muito de gente que anda a saltitar de partido em partido, porque isso mostra que têm convicções, aliás, uma só convicção, a de que a Política é uma escada fácil para satisfazer vaidades pessoais, e os exemplos multiplicam-se, todos eles ao nível do vómito: Maria Elisa Domingues, aquela cara de égua, a Laurinda Alves, que quer agora fazer descer a Política, do nível dos suplementos do "Expresso", ao da revista "Maria"; Zita Seabra, Pacheco Pereira, e mais uns quantos de que não me lembro, mas vocês preenchem os espacinhos em branco, tá bem?..., para este texto ser mais interativo.
O que aconteceu a Vital Moreira, e a culpa "ser dos comunistas" é uma coisa velha de Salazar. Não sou comunista, mas que grande satisfação que eu senti por os Portugueses finalmente recomeçarem a ter reações de gente, e a tratarem como merece esta Corja, que, pelas ruas, se passeia impunemente. Objetivamente, a coisa vai agravar-se mais, e, como antevejo, terá o seu ponto mais alto na campanha de Paulo Pedroso, em Almada, onde cairão várias varandas, em cima do cortejo, com sérios riscos que se passe dos feridos graves aos feridos para sempre, mas esse espetáculo é das coisas pelas quais mais anseio, e lá chegaremos, no devido tempo.
No fundo, como sou um romântico, até gostava de que a coisa terminasse bem: o segurança seria baleado à porta de uma discoteca, pelos gangs da noite, de Pinto da Costa, e a viúva, com 26 anos de cronologia, mas estragos de varizes, celulite e epiderme, ao nível daquela velha que ainda viu o solzinho a dançar "rap", na Cova da Iria, e hoje fez cento e tal anos... a viúva, dizia eu, apanhava o Vital Moreira na rua, levava-o para a escada de serviço, e punha-se, toda encostada ao parapeito, a dar-lhe daqueles linguados de bairro social, onde o hálito do alho se mistura com o das torradas da carcaça de três dias. Vital Moreira conquistaria assim mais votos, e quem sabe se a varanda, ao cair pela terceira vez, não coincidisse, com a passagem, em baixo, de alguma visita de estado a um contentor-escola, de Valter Lemos.
Isso, sim, é que seria a sorte grande, ajuntada às terminações e à raspadinha...


(Pentagrama do água-vai, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")