terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Cabrão de Boliqueime



Imagem do Kaos

Há uma coisa extraordinária que é o PS, ou o placebo no qual o PS se tornou, com o advento de Sócrates, poder ser, e parecer, insubstituível. Convenhamos que nem Maquivel teria uma receita para tal, mas era elementar: tornar um Estado tão próximo do deserto que qualquer alçar da perna, para uma mijadela contra a parede, logo parecesse uma fonte.

Onde mija um Sócrates português, mija um Passos Coelho e mais um Portas e mais uns dois ou três.

Devia haver, a bem da saúde pública, uma campanha de descontaminação, que impedisse que ex ministros, ex secretários de estado, ex gestores e presentes filhos da puta viessem para a televisão, com ar sofrido, compungido, e grave, apregoar receitas para desparasitar a piolheira que espalharam.
Na TVI, sempre inovadora nestas coisas, passa um programa que é abaixo de cão, onde umas gajas ordinárias, à mistura com uns rabetas tatuados, soltam uns lugares comuns elevadíssimos, ao nível da argumentação do Catroga, um dos quais que foi Ministro das Finanças, quando Cavaco vendia o País com deficites elevadíssimos, e desvios de fundos considerados como política de Estado, contra a argumentação do Teixeira dos Santos, um beiçanas, que parece saído do "Rapto da Serralho", mas em versão tragédia de Ésquilo.

Muito sinceramente, e começando pela conclusão, o que eu mais queria é que esses gajos se fodessem todos, e em fogo lento, para sentirem bem a tensão do que fizeram, porque, e nisto divergimos, eu, e mais uns quantos que costumam contra argumentar comigo, que a "Coisa" começou com o Cavaco, enquanto há quem afirme que o grande patriarca era o Soares.  Se calhar temos todos razão, e vou alinhar com eles, embora coloque o Cavaco à frente, ou seja, sempre que saio a terreiro, é para dizer que, muito antes de Sócrates, de Teixeira dos Santos, de Durão Barroso, ou de maleitas afins, há, e continua a haver, um mal maior, que aconteceu à Democracia Portuguesa, e que se chama Aníbal Cavaco Silva. Contra Cavaco, alio-me com o que vocês quiserem, até com a Cinha Jardim, com o Quim Barreiros, ou com a inocência do Carlos Cruz.

O enredo é simples, e muito ao nível do programa da TVI: entreter o pagode, sentando, à mesa, o máximo de figurantes, para fingir que o País inteiro, mais as suas "elites" de sarjeta, se conluiou, para tentar sair da Crise. Acontece que não há Crise nenhuma, o que há são décadas de gestão desastrosa, de uma canalha que, mais Bloco, menos Bloco, Central, transformou o Erário Público numa espécie de cabides para os amigos, com custos crescentes, produtividade ruinosa, e que agora, num enorme espetáculo mediático, nauseante, pouco imaginativo, e insultuoso para as pessoas, que como eu, e os meus leitores, ainda pensam, num espetáculo, dizia eu, de "patriotas", que estão a tentar salvar, a todo o custo, a gravidez de risco da Bancarrota que eles próprios emprenharam.
Podem tentar o que quiserem, porque já lhes tirei a fotigrafia: a melhor coisa que o criminoso pode fazer é vir, depois de consumado o ato, apoiar a mão no ombro da vítima, e vir-lhe propor ajuda e carinho. Eu quero que o carinho dos Silva Lopes, dos Ernânis Lopes, dos Catrogas, dos Cadilhes, do Mira Amaral, do Medina Carreira, e de todos os outros, cujos nomes vocês aqui vão pôr, SE FODA, porque eles não fazem parte da solução, antes foram as formiguinhas contribuintes, pela sua gestão desastrosa, para que o Estado chegasse ao ponto a que chegou, e não há salvação, pela imagem, que me impeça, mal irrompem pelos telejornais, de apontar o dedo, e dizer, imediatamente, "olha, mais um culpado pelo presente estado desta merda!..."

O PS, como comecei por dizer, safa-se sempre, porque entrou naquele olho do ciclone onde as brisas estão todas paradas: o Aníbal já não pode dissolver as Cortes; a Europa lincha-nos, se não dermos um sinal de que estamos realmente arruinados, e o descrédito político tornou-se, pela perversidade, uma barreira -- sol e sombra -- de proteção da tourada. Digamos que, em vez de separação de siameses, a máquina Gobbels do de Vilar de Maçada conseguiu criar um hipergémeo, inoperável, que berra, como um bezerro, e que temos de aturar todas as noites, com vontade de disparar contra a televisão: um "Orçamento", que aposta em exportações, quando, nos últimos anos só conseguimos exportar lixo, do calibre do Ferro Rodrigues, do Durão Barroso, da Carrilha e do Constâncio, é um delírio e uma aberração. 

Fácil era que isto conduzisse a um vandalismo, e rolassem, mas mesmo em tom literal de sangue, algumas cabeças pela rua, embora creia que, neste momento indómito e fatal, nos restem ainda algumas armas de legalidade, para abandalhar a coisa totalmente.

O PSD, cuja avidez de Poder é insaciável, sabe que este seria o momento mais complicado de intervir em cena, já que herdaria um nado morto, com faturas acumuladas e falidas. Beneficiando da situação, o Vigarista de Vilar de Maçada, e a sua Corja, que realmente já não querem governar, e se podem dar ao luxo de esticar a corda, ao ponto de isto se tornar um vomitório, tornaram-nos o Presente num Inferno, e anunciam o Futuro como um infernos dos infernos, talvez com Dona Adelaide a governar, com um Orçamento Jeová, e metas de execução económica e orçamental resumidas numa só linha, muito ao gosto das Testemunhas: "o Fim do Mundo vem aí", e logo acrescentar, muito orgulhosa, e beijando a fotografia do filho, dizendo, " e foi ELE que o trouxe".

Nos bastidores, e é preciso que isto seja dito, há uma lesma, geneticamente ligada a uma bomba de gasolina, que acha que o Palácio de Belém é um asilo, e que é lá que deve acabar os seus distúrbios neurológicos, ao lado da sua Maria, descambada e de pernas em forma de Arco da Rua Augusta, com o pescoço das chitas de costureira a separar-se cada vez mais do pescoço, tal a falha de Santo André, na Califórnia, e um horrível cheiro a ranço, nos grandes lábios.

"De Senectude", de Séneca, mas em versão de santaria do Norte, com as ronhas do Reyno dos Algarves.

O Sr. Aníbal, culpado mor desta choldra, o gajo que vendeu a Agricultura, desmantelou a Metalurgia, transformou a Indústria em guichés rápidos de importação do que os outros produziam, canalizou os Fundos para as mãos de gente reles, como Dias Loureiro, BPNs e porcarias afins, deu cabo das vias férreas, produziu estradas da morte, multiplicou clientelas, ensinou como o Estado se podia transformar num monstro e epigrafe apátrida do latrocínio, esse senhor, na sua miserável decadência física e mental, quer agora apresentar-se como um dom sebastião de teatro de revista, e gerir "silêncios", que é o modo mais sofisticado que encontrou, para manter a boca livre de perdigotos, agora que já não está na moda morfar fatias de bolo rei para os jornalistas.

Dizia eu que há o mau, e o mau do mau. Sempre que me sento, e penso no Zé da "Independente" e no Saloio de Boliqueime, penso sempre que Aníbal é um fracasso de uma era passada, um Dantas do tempo de Salazar, enquanto Sócrates é um palhaço do meu tempo. Invertam, os termos, se bem vos aprouver, mas acabarão por me dar razão.

A leitura moral deste desabafo é simples: a arma da Democracia é o protesto do voto. O protesto mais próximo do  voto, é neste instante, impedir o inevitável: que o desequilibrado neurológico de Boliqueime volte a entrar em Belém, o que me parece quase impossível, excetuado o Português, que nunca teria imaginação para tanto, lhe dar um duche de votos em branco. Hipótese ainda mais perversa, é a que ouço as minhas amigas tias dizerem à boca cheia: vão votar no Chico, do PCP, só para provocar estragos. Se acordar para aí virado, quem sabe se não farei o mesmo, para mandar à merda o Aníbal, o Bêbedo, e o soarista das Enfermeiras...

Quanto ao PSD, restava-lhe, se não estivesse enterrado nisto até ao pescoço, e a tentar escorar um Governo morto, que, se cair, lhe cai em cima, fazer uma coisa que ficava bem, e era Oposição civilizada: deixar para os incompetentes que fizeram este Orçamento o ónus total da sua aprovação. Era simples: quando se passasse à votação, levantavam-se em peso, e abandonavam a sala,  como fazia o Alegre, sempre que a coisa podia prejudicar-lhe a vaidade, deixando os restantes lacraus entregues a si mesmo.

Não custa sonhar. Sonhei, ao longo destas linhas. Amanhã, a realidade trar me á, de novo, ao pesadelo.

(Quinteto, de trompas em surdina, no "Arrebenta-SOL", no "Uma Aventura Sinistra", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The braganza Mothers")

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quem nos governa, quando pensamos ser governados por Sócrates?...



Imagem do Kaos


Há um axioma que diz que Sócrates não presta, e um teorema que diz que a coisa se podia, muito candidamente, ter logo resolvido no momento da crise da "Licenciatura", poupando-nos às terríveis sequelas do presente. Isso pressuporia, é óbvio, uma malha anglosaxónica de valores, que, a bem dizer, com o Senhor Cameron, outro servidor da Nova "Ordem" Mundial, também já está em riscos de ir pelo cano abaixo, pelo que vamos desculpar a "Licenciatura" do "Engenheiro", e ver em que estado ele está, três anos depois.

Sócrates é uma tíbia osteoporótica, que a Situação insiste em envernizar, para não se desfazer num monte de pó. Comparativamente com o país, está, todavia, de perfeitíssima saúde, capaz de enterrar a "Oposição", e de, mesmo que mal corressem as coisas, voltar a ganhar, com uns vinte votos de vantagem, sobre o vizinho do lado. Eu sei que isto dói, mas é primo da Verdade: se formos a eleições, Sócrates ganha outra vez.

Regressando ao tom da rua, Sócrates é um palhaço, e mais um dos palhaços que o Sistema de Bilderberg ensaiou, para fingir que os países ainda têm governos autónomos e breves margens de manobra para arrojos nacionalistas. Pelo contrário, o "Nacionalismo", neste momento, é só assegurado por desordeiros de rua, sem ideologia, exceto o queimar o carro do parceiro, e por extremismos, geralmente de Direita, subsidiados pelo Irão e seus primos. Os pseudomonárquicos, por sua vez, alinharam num reacionarismo ainda pior do que o dos Fundamentalistas Lusitanos, com os cegos a não quererem ver. Um Mundo glorioso, portanto, em forma de Opus Dei.

Pela sua fragilidade, as figuras de Bilderberg são sempre penosas e inquietantes: temos um "Sapatilhas", alimentado por uma vaidade que se escuda só deus saberá em que menoridade e autocomplacência existencial, mas, pragmaticamente, preso pelo rabo, em tudo o que são negócios escuros e obscuros, em processos na forma de espada de Dâmocles, numa sexualidade mal assumida e desmentida, a peso de ouro, pelas capas dos pasquins de cabeleireiro, em suma, alguém que, como os Harkoneen, de "Dune", tem uma válvula cravada no coração, para ser desligado pelos Senhores do Mundo, caso não cumpra o libreto que lhe puseram nas mãos. A contrapartida, é uma segurança, solidez e perenidade, aconteça o que acontecer, desde que SIRVA, e Sócrates é especialista em servir, pela sua menoridade humana, intelectual, política e histórica.

Os efeitos colaterais são um espantoso tratado de maquiavelismo, pois conseguiu arrastar, atrás do desastre do seu rastejar político, qualquer tentativa de se lhe opor, tendo tornado toda a Oposição refém do seu pântano, e, na forma de áparte, eu sei bem como se resolvia isto, que era dar-lhe um coice, e chumbar-lhe, desde já, aquela porcaria em forma de pen, a que ele chama "Orçamento". Suponho que seja a designação correta, mas em Inglês Técnico, porque, em qualquer vernáculo, o verdadeiro nome não seria Orçamento, mas Monte de Merda.

O que lá está, no entanto, passada a leitura literal, é muito complexo, por que se insere numa dinâmica de várias frentes, que, em vários lugares do velho mundo civilizado, em riscos de regressar à barbárie, está a tomar o mesmo rosto. Os atores têm todos um idêntico figurino: são pequenos caciques, com pés de barro e rabo preso, que têm de obedecer, com a contrapartida de não serem desligados. A perversidade do seu percurso é conhecida: é o nosso palhaço de Vilar de Maçada, atrás descrito, e o seu alter ego, Aníbal de Boliqueime, o suprasumo do provincianismo de um país que deixou de ser grande há 500 anos; em França, o sarcoma de Sarkozy, um biltre, filho de imigrantes, fragilizado pelas origens, que se reclama de Pai da Nação e da Raça. Da raça dos filhos da puta, suponho. Na Alemanha, Merkl, a Chancelera-Fufa, vem das bastardias da Alemanha de Leste, um caixote de lixo social, político e económico, artificialmente mantido pela defunta URSS, por Miterrand e pela cadela, hoje ""Baronesa", Tatcher. De tal berço, só poderia vir uma gaja com tiques autoritários e uma mesquinhez de horizontes digna dos caixotes com rodas a que os alemães de Leste chamavam "carros". Em Itália, temos um porcalhão, refocilador de pegas, e que começou a carreira como palhaço de cruzeiros de gente com dinheiro. No Vaticano, um senil, representante de tudo o que de mais obsceno a Igreja produziu, e preso à vida por um fio, mas a durar, em forma de Duracell.

Não me vou estender mais, porque a tipologia está feita: esta gente não existe, e apenas está em cena, para que, por detrás de si, o verdadeiro Poder se possa, na semipenumbra, exercer.

Por mim, acelerava já o processo, e pendurava-os todos pelos pés, como fizeram a Mussolini e à sua Câncio, a rameira Clara Petacci, e apontava um foco de luz de nevoeiro para os bastidores, para fazer saltar de lá os verdadeiros ratos, mas os tempos são outros, e estas soluções violentas contraproducentes e, até, suscetíveis de desencadear movimentos de sentido oposto ao pretendido.

O problema é que Bilderberg, na sua ânsia de normalizar o Mundo, perdeu o pé, e perdeu-o, assim como o Mundo foi criado pelo Verbo, por uma das suas línguas, quiçá a mais importante, se ter tornado initeligível, e eu passo a explicar, já que, literalmente, o que estou a escrever, não tem sentido, e vamos falar da história do Dinheiro.

Um tempo houve em que a emissão do papel moeda estava diretamente indexada a uma equivalente quantidade de ouro, que, em caso de necessidade, poderia ser reconvertida. Os Keynesianos e todos os otimistas das contas desequilibras, como motor de crescimento e economias saudáveis, ideologia que me não repugna, passaram a assegurar uma reserva de ouro que já não cobria, na totalidade, o dinheiro papel em circulação, ou seja, em caso de aperto, se toda a gente quisesse trocar cromos por ouro, não haveria ouro suficiente para a quantidade de cromos a circular pelo mercado. De salto em salto, e cada vez mais longe da literalidade, o ouro, como garantia, foi substituído pelo poder e solidez das economias, que garantiam a validade de uma moeda circulante forte. A novidade, com a criação das especulações, por criminosos como Reagan, Tatcher, Cavaco Silva, Madoff, Trump e outros tantos, foi, num determinado momento, substituir a metáfora, que era o dinheiro, pela metáfora de uma metáfora, que era o deslizar de números impressos, ou iluminados em monitores, que estavam a substituir o dinheiro.

Simplificadamente, assim como num instante fatal, deixou de haver ouro suficiente para cobrir as notas em circulação, em 2010, já não há dinheiro suficiente para suprir à quantidade de números fictícios com que nos bombardeiam, e é isso que agora faz a horrível aflição do Sistema Financeiro.

Por mim, tudo bem: de cada vez que um banco se prepara para falir, eu sorrio para as flores e penso "vai com deus, meu filho", mas, de cada vez que um banco abre falência, nós vamos atrás, porque somos sustentados por esse dinheiro que não existe e economias em fase adiantada de osteoporose, suportadas pelo tráfico da droga, das armas, dos corpos e do plutónio, por exemplo. Para essas atividades, ainda é útil que existam bandeiras de conveniência, como Portugal, mas é líquido que quando puderem atuar descaradamente, e esse dia está perto, se desembaraçarão dos Estados, e ficarão no seu Far West global, connosco a sermos ricocheteados por toda a casta de balas.

Para os líricos, que se contentam com falar de "Falência do Capitalismo", eu faço um sorriso amargo, e digo que a coisa é muito pior do que isso: é a falência do Mercantilismo, e, pior ainda, o fim de uma metáfora milenar, criada na Cária, se bem me lembro, onde um Rei Creso se lembrou de cunhar a primeira moeda, criando a primeira triangulação virtual entre dois bens e um símbolo que representava o seu valor. Aquilo a que estamos a assistir não é ao fim do Capitalismo, é ao fim da Moeda, e prestes a ingressar num estádio primitivo de troca real de bens. Nós, Portugueses, que não produzimos nada, exceto lixo humano, como Carrilho, Sócrates, Aníbal, Durão, Vítor e João Constâncio, Berardo, Paulo Teixeira Pinto, Dias Loureiro e outros tantos, nada teremos para trocar com os outros povos, mal a Moeda se dissipe, enquanto Linguagem. Foucault iria adorar o que eu escrevi. Eu, contudo, não adorei, e detestei, mesmo, porque o que aqui está narrado, é tão só o fim da Civilização, tal como a conhecemos e glorificámos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Matusalém, ou a longevidade de uma nulidade chamada Sócrates





Imagem KAOS


Creio já ter escrito tudo sobre Sócrates, exceto o essencial, que me escapou, e era mesmo essencial. Nesta etapa dos acontecimentos, já é irrelevante saber em que parte do casco o icebergue rasgou o nosso titanic lusitano, porque o que agora conta é saber onde estão os salva vidas, sabendo nós já que não vai haver lugar para todos, para todos, claro, exceto para o Sr. Sócrates, que embarca sempre, e de qualquer modo, e em qualquer lugar, como lhe é próprio.

Como Salazar, Sócrates representa a essência do Português comum, mas meio século depois: golpista, dissimulado, sonso, capaz de tudo, negociando simultaneamente com deus e o diabo, metido em tudo que é esquemas, mas, ao contrário do zé das botas, que mandou remendar eternamente as suas solas, este acha que, trocando repetidamente de sarapilheiras caras, e de marca, não continuará a usar o mesmo par de nariz de merceeiro. Continua, e continuará. O Sr. Sócrates, salvo alguma cadeirinha da Moviflor, que carunche durante um Conselho de Ministros, e o faça alombar com a traseiras dos cornos nalguma laje, está para dar e durar. Contam-se, pelos dedos da mão, os chefes da Oposição que já enterrou, e a mais dura de enterrar foi a "Velha", a única que tinha razão, e previu tudo o que ele ia fazer, como eu próprio fiz, para mal dos meus azares, no "Ferreira Leitismo que se segue", e não me enganei.

O Sr. Sócrates, que só poderia lembrar a Maquiavel, a Paulo Teixeira Pinto, a Pedro Silva Pereira, a Medina Carreira, Proença de Carvalho e a todas as aves negras que pairam no poleiro do Bloco Central, voltou a dar um golpe de mestre, através do típico processo de vacinação, de que o Português de Lineu tanto gosta: adiantou-se aos disparates soprados pelo "Paramécias" e pelas consciências morais do PSD, Euricos de Melo, e sombras afins, e propôs, ele próprio, as medidas que o PSD-Governo poderia vir a tomar.
A coisa é sábia e tem várias consequências imediatas: a primeira, a de que o nativo, desde logo, não se revoltou, e se habituou a carregar com o seu novo fardo, sem pôr uma bomba debaixo do dois cavalos da Câncio, nem metralhar a Velha Jeová, que envenena os cães da Rua do Héron-Castilho, nem abater nenhum dos escorte-boys que lá vão, consolar as nádegas do "Prime"; não, nada aconteceu, e já se pode avançar para o próximo pacote de pilhagem do trabalhador e dos impostos de quem não vive da usura, do tráfico e da especulação, em suma, daqueles que moram em casas com empréstimos de 50 anos, e não andam a pairar em varandas de "off-shores".

Ao descalçar a Oposição, fez uma coisa ainda mais grave, porque assume, implicitamente, que, se ele, bonzinho, se vê obrigado a assumir tantos males, que horror não seria se se desse uma alternância de Poder, com medidas ainda mais austeras, e tomadas por uma "Direita", que, em Portugal, martirizado por caceteiros de "Esquerda", ainda é lida como espaço de... "caceteiros".

Suponho que Ovídio adoraria ter tratado o tema nas "Metamorfoses", mas não tratou, assim como Aristóteles não previu o Garrafão de Águeda, nas suas "Partes dos Animais".

Passa, assim, o carrasco, a salvador, com a agravante de que ainda se apresenta como vítima, o homem que pede ao Portugal do BPN e dos três submarinos do Rui Pena, transformados em dois, pelo Portas, sacrifícios locais, para evitar que os mauzões do PSD ainda lhes venham pedir piores, e, assim, captará, nas suas maiorias cada vez mais reduzidas, os votos necessários para se manter na cabeça do Governo.

Por mim, que o acho desprezível, embora notável, pela capacidade de sobrevivência neste deserto de ideias, esperanças e saídas, em que esta porcaria se tornou, dava-lhe um tratamento de choque: aprovava-lhe já, com brutal abstenção e voto contra, o seu monstruoso Orçamento, chumbando-lhe, depois, tudo, taco a taco, na especialidade, até que a bicha apanhasse um ataque de nervos e se demitisse. Como Portugal não pode ser governado, em gestão, por um gajo suspeito de Pedofilia, repunha-se Sócrates, desvitalizado, a ser mandado pelas maiorias flutuantes da Oposição. Aliás, para o tipo de país que temos, cada vez mais defendo um estado de fragmentação parlamentar que só permita formar maiorias absolutas, não já só com três partidos, mas com QUATRO, de preferência, com ideologias incompatíveis, para ficarmos, de vez, e assumidamente, à deriva.

O Sr. Sócrates é o Ratzinger da Política Portuguesa: depois de andar a minar Papas durante décadas, o Conclave resolveu pô-lo no próprio lugar de Papa, o único onde não podia continuar a andar a minar os pontificados alheios.
Onde colocar Sócrates, então se se demitisse?
E a resposta é... pô-lo em Primeiro Ministro, em gestão, que é o lugar onde menos pode ser nocivo a Portugal, e deixá-lo por lá apodrecer, enquanto nós navegamos por conta própria.

Vão-me perguntar por que não dediquei uma palavrinha ao Sr. Aníbal, no meio disto tudo. Como sabem, o Sr. Aníbal está neste estado, mas bem medicado, o que indica que só se desfará em pó lá para meados do segundo mandato, com o Garrafão de Águeda já internado numa adega cooperativa, e o senhor das enfermeiras, a voltar a brincar às enfermeiras.
A Maria descai por tudo quanto é lado: parece aquelas velas grossas, da mesa de Natal, que começam por ser certinhas e cilíndricas, e depois amolecem e escorrem por todo o lado. Ela alargou nas patas, na bunda, nos membros anteriores e tem um olhar místico, como Santa Teresa de Ávila, a ser montada pelo Senhor, só que sem brilho, numa espécie de orgasmo de fusíveis fundidos. Viu, mas já não vê, o solzinho a dançar. Dará uma boa Senhora Maria dos nossos novos salazares, e, quanto à questão da Monarquia, até vai ser resolvida sem Referendo: ao longo do segundo mandato, o Sr. Aníbal, com a sua coqueluche de Vilar de Maçada, irá cada vez mais parecer-se com uma fotografia a preto e branco, daquelas velhinhas, em que D. Carlos aparece montado num burro, com as pontas dos pés a roçar pelo chão. A nova Dona Amélia, de Boliqueime, poderá então deixar crescer o seu buço, pôr um lenço preto, como as pastorinhas do mar, da Nazaré, perder um dentes, e escurecer outros, e tudo será muito belo e miserável, como há cem anos atrás. A exceção seremos nós, os que ainda vemos um bocadinho mais acima, e a quem a Miséria estará reservada em tons de sépia, para que não digamos que não fomos tratados, neste inominável cataclismo, como... diferenciados.

Olha, pela minha parte, agradeço imenso!...

domingo, 10 de outubro de 2010

Sejam sérios agora ou vamos mesmo todos pelo cano abaixo!

Diz o actual governador do BdP que as medidas do plano de austeridade imposto pelo governo de Sócrates, não são suficientes para pôr Portugal "nos eixos". Na opinião deste senhor, Henrique Neto, as medidas também não chegam!... São duas opiniões que à partida poderiam ser muito semelhantes, mas que não têm mesmo nada a ver uma com a outra, os objectivos, os propósitos, são totalmente opostos! Antes que o Governo fique histérico de novo e se lance desenfreadamente noutro raide aos bolsos, carteiras, malas e afins dos portugueses, faça uma pausa, leia a entrevista de Henrique Neto, seja humilde, aprenda, e depois pense e aja com seriedade!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cortar salários, ou cortar cabeças?...





Imagem do Kaos


É sempre bom, quando as coisas se tornam claras. Ontem, o Sr. Sócrates, conhecido por "Engenheiro", o que, em Portugal, é sempre uma prova de parolice e subserviência, como o clássico "Sr. Doutor", da puta que o pariu, veio provar que era, de facto, um mero fantoche, ao serviço de grandes dinâmicas mundiais, nas quais, para todos os efeitos, já não temos lugar, a não ser como capachos, dobradiças e caixotes de lixo. É bom que se saiba isso, e é quase indiferente que seja o seu nariz de batata, travestido de Armanis, a dar-nos a boa nova. Para os entendidos, a boa nova já era muito velha, só estava à espera de uma balda para poder aparecer.

Aparentemente, passámos de um destino de navegadores a clientes de segunda de alfaiatarias, uma, dos anos 50, da Rua dos Fanqueiros, outra, ainda mais miserável, de um gajo "licenciado" nas Novas Oportunidades, que se deslumbra com tecidos que lhe assentam francamente mal.

Vou ser breve, e introduzir já a frase com que se deverá concluir este texto: chegámos ao tempo em que é preciso fazer cortes, mas não nos salários, e, sim, em certas cabeças.

O Sr. Aníbal, de Boliqueime, com a sua corja de Ferreiras do Amaral, de Leonores Belezas, de Miras Amarais, de Dias e Valentins Loureiros, de Duartes Limas, do pedófilo Eurico de Melo, de Durões Barrosos e tantos outros nomes do estrume que já se me olvidaram, inaugurou o derradeiro ciclo de declínio de Portugal, quando vendeu o Estado a retalho, e permitiu que os Fundos, que nos iam fazer Europeus, fossem fazer de forro de fundo de bolsos de gente muito pouco recomendável. A apoteose dessa desgraça teve vários rostos, as Expos, do ranhoso Cardoso e Cunha, e a mais recente, o BPN, onde estavam todos, 20 anos depois, refinados, enfim, tanto quanto o permite o refinamento da ralé, e isso custou ao Estado um formidável desequilíbrio, que a máquina de intoxicação, feita de comentadores de bancada, de ex-ministros que tinham roubado, e queriam parecer sérios, e de carcaças plurireformadas, de escória, em suma, que há muito devia estar arredada do palco da Opinião, nos fez crer ser uma "Crise".

Depois, veio a outra "Crise", a Internacional, cozinhada em Bilderberg, e que se destinava, como se destinará, a criar um Mundo mais pobre, de cidadãos mais miseráveis, cabisbaixos, e impotentes. Nem Marx sonhou com isso: é mais Asimov, Orwell e uns quantos lunáticos de ficção científica reciclada em Realidade, e vamos ter, nós, os intelectuais, de prever e preparar as novas formas de reagir, contra esse pântano civilizacional. A seu modo, será uma Idade do Gelo Mental e Social, minuciosamente preparada, para a qual, aviso já, não contem comigo.

Como na Epopeia de Jasão, depois do miserável Cavaco, vieram os Epígonos, os "boys-Matrix" do Sr. Sócrates, um Matrix de Trás os Montes, o que, já de si, cheira a ovelha, animal que só estimo naquela classe de afetos que São Francisco de Assis pregava, e nada mais. Podem chamar-se o que quiserem, Pedros Silvas Pereiras, a cadela Isabel Alçada, a aquecer os motores para substituir o marido na Gulbenkian, mal ele se reforme; a mulher a dias do Trabalho, os pedófilos dos olhos descaídos e aquele pequeno horror, chamado Augusto Santos Silva, que parece, e é, uma barata de cabelos brancos e alma pegajosa. Esta gente toda convive connosco, quer-nos levar ao abismo, e fala da inevitabilidade de "cortes". Eu também estou de acordo: toda a frota de carros da Administração Pública deve ser vendida em hasta pública -- pode ser aos pretos da Isabel Dos Santos, que adoram essas coisas... -- e passe social L123, para todos os Conselhos de Administração, com fedor de Vara, Cardona, Gomes, ou Zeinal Bava. Os gabinetes imediatamente dissolvidos, e os assessores reenviados para os centros de reinserção social, para aprenderem o valor do Trabalho, e não confundirem cunhas com cargos; os "Institutos", de quem o Vara era especialista, e o Guterres, num súbito fulgor de não miopia chamou "o Pântano"; os "off-shores"; a tributação imediata de todas as especulações financeiras com palco português, feitas em plataformas externas; a indexação do salário máximo, dos tubarões, aos índices mínimos das bases, enfim, uma espécie de socialismo nórdico, não o socialismo da rabeta, inaugurado pelo Sr. Soares, e transformado depois, nesta fase terminal, em esclavagismo selvagem, pela escória que nos governa.

Acontece que, se os Portugueses sentissem que estavam a ser governados por gente honesta, e tivesse acontecido um descalabro financeiro, prontamente se uniriam, para ajudar a salvar o seu pequeno quintal. Na realidade, a sensação geral é a de que há, ao contrário, um bando de criminosos, inimputáveis, que se escaparam de escândalos inomináveis, de "Casas Pias", de "Freeports", de "BPNs", "BPPs", "BCPs", "Furacões", "Independentes", Hemofílicos", "Donas Rosalinas", "Noites Brancas" e tanta coisa mais, que dispõem de um poder de mafia e associação tal que destruíram a maior conquista do Liberalismo, a separação dos Poderes, tornando o Judicial uma sucursal dos solavancos políticos, do rimel das Cândidas e das menos cândidas, das Relações, e das relações dos aventais, das "ass-connections" e das Opus, enfim, de uma Corja, que devia ser fuzilada em massa, que roubou, desviou, pilhou e, agora, vem tentar sacar a quem tem pouco, muito pouco, ou já mesmo nada.

Somos pacíficos, mas creio que chegou a hora de deixarmos de o ser.
Pessoalmente, mas não tenho armas, já escolhi alguns alvos.
Curiosamente, se pudesse, nem seria um Político aquele que eu primeiro abateria, seria uma coisa, uma lêndea, um verme pútrido, chamado Vítor Constâncio, que julga que, por estar longe, fugiu da alçada de um qualquer desvairado que se lembre de ainda o esborrachar com o tacão.
Infelizmente, ou felizmente, nem sou violento, nem tenho armamento em casa, porque é chegada a hora, não dos cortes no bem estar de quem tem pouco, mas nas cabeças que provocaram, ao longo de décadas, o imenso horror em que estamos.
Toda a gente lhes conhece os rostos, e suponho que será unânime na punição.
Por muito menos, há quase 100 anos, deitou-se abaixo um regime, cuja corrupção era uma brincadeira, ao lado do que estamos a presenciar.

Não tenho armas, digo, mas menti, porque, de facto, tenho uma, e que é a pior de todas, o Dom da Palavra, e acabei, esta noite, de voltar a tirá-la do bolso.


("Aux armes, citoyens", no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers" )