sábado, 24 de novembro de 2012

A mulher mais poderosa do Mundo


(Fabulosa) Imagem do Kaos


As últimas imagens do "Curiosity", que a NASA anunciou trazerem de Marte uma revelação que vai alterar o curso da História, são triviais: resumem-se a confirmar, lá do alto, que a Teresa Guilherme é a mulher mais poderosa do Mundo.
Se pensarem um pouco, foi inútil enviar tão alto, e caro, um autómato, para sustentar uma coisa que é corrente, desde as barracas do Porto às zonas interditadas à polícia, do Bairro da Belavista. Notável, notável, era terem descoberto, nas terras vermelhas, o manuscrito do bilhetinho do Carlos Cruz, para o "Bibi", a dizer-lhe, "se te perguntarem, diz que não me conheces de lado nenhum...", mais uma fraude paga pela Catalina Pestana, que devia era estar enjaulada com o Vale e Azevedo, o maior criminoso deste país. A verdade é que o "Curiosity" apenas confirmou que este país, que não pára para nada, pára todos os domingos para ver a ascensão do paradigma do subúrbio do subúrbio, que veio substituir o modelo citadino, dos nosso avós.
A coisa não é para todos, mas apenas para quem pode, e quem pode tem o poder de poder, o que é ainda para menos desses poucos.
O segredos da Teresa Guilherme são como a Eneiades de Plotino, e vão por patamares de segredo, até ao segredo final.
O primeiro segredo, que não é segredo nenhum, é que este país estabilizou, entre o coma não induzido e a catalepsia, num bovinismo cultural autocomplacente, que é jorrado, nos horários nobres da TVI, sobre milhões de espectadores. Quando a cultura é fraca, e a iliteracia a varanda do lado, tudo o que passa na televisão se transforma em padrão, e só a mulher mais poderosa do mundo conseguiria que, em escassos meses, todos os garanhões de Portugal passassem a andar com ondas de surf, no alto da testa, e campos de relvado raso, a amparar as orelhas, enquanto as putas, as para putas e as pós putas, enfileirassem todas, numa espécie de andaimes do calcanhar, que, no tempo da minha mamã, indiciariam profissão de esquina, e agora confirmam que a esquina se generalizou como profissão única. Reiterando a tese, só a mulher mais poderosa do mundo conseguiria que o mundo inteiro se convertesse à única profissão da puta, por mimese e osmose, coisa que ela nem se atreveria a perguntar à "Voz", ou lá o que é que é aquilo, já que o nível de sapiência da Voz é atroz, como daquela vez em que ela exemplificou, como metáfora, "falar pelos cotovelos",
penso eu de que.
Só a mulher mais poderosa do mundo conseguiria que os Portugueses mudassem todos de canal, quando o aleijão de Boliqueime decidiu fazer humor, o que teve de levar legendas, porque rir também não é para todos, mas a verdade é que ele é um humorista nato, e pôs a dar gargalhadas de Jaba, da "Guerra das Estrelas", todos os túmulos da necrópole do Vale dos Reis.

Os segredos de nível seguinte, da Teresa Guilherme, indiciam o sonho de um país de rameiras e cadastrados, o que está quase consumado, e espera-se, pelas contas do Carlos Moedas, da Goldman Sachs, se concretize, antes do fim do mundo, de 21 de dezembro, onde já soa que não poderemos comparecer, por falta de fundos. Já temos um preso, Vale e Azevedo, o que representa um colossal esforço para manter cá fora todos os outros que deveriam estar, em vez dele, mas alguém tem de apanhar nos cornos, para servir de exemplo, porque o Gabão, quando nasce, não é para todos.

Quando passamos dos filhos para os pais, percebemos que a mulher é, de facto poderosa, porque não é para todos conseguir descer o nível, quando ele já tinha descido tudo, e estou a pensar naquela aberração de Gaia, que, com um pouco de sorte, ainda lhe vai aos cornos, em pleno espetáculo, depois daquelas horas de longa preparação que ela tem, com os machos a encavá-la, horas e horas a fio, pela frente e por detrás, e que lhe põem aquele brilho único no olhar. Não é para todas, ser prancha de surf dos mancebos da Lusitânia, das raras coisas transacionáveis que ainda produzimos, e arriar na Teresa Guilherme também não é para todos, que o diga a Laura "Bouche", que esteve mesmo para arriar, à pala de quererem o mesmo homem, e, aqui, vamos começar a ajavardar, que é para isso que me estão a ler...

Miguel Macedo, um gajo com ar de alucinado, do III Reich, incarna toda a incapacidade de uma geração para perceber que Portugal passou de um totalitarismo para uma Democracia, mais ou menos perfeita, mas formal, e estruturalmente, satisfatória, para um país que vinha das brenhas mentais e sociais. Nós somos incapazes de perdoar, e este ódio a situações mal resolvidas arrasta-se, num espírito inquisitorial, que nos converteu num dos países mais atrasados da Europa.  Politicamente, estamos, em novembro de 2012, com uns canalhas a tentarem vingar-se dos idos de abril de 74. Quanto ao resto, e exemplificando, somos, idiossincraticamente, apologistas de valorizar o pior que temos e desmerecer o que de melhor produzimos.

Essa ascensão do irrelevante levou, entre milhares de exemplos de balcão, a que colocássemos, nos píncaros, as marés e marés de Ineses Pedrosas que vomitámos, e os toma lá mais umas pilares del rio, agora que cadáver já foi para a sanita.
Na verdade, nunca sairemos disto, e o deficit cultural agravar-se-á de tal modo que levaremos milénios a chegar ao patamar mínimo da autocrítica. Até lá, teremos uns palhaços pendurados nas janelas, enquanto a minha contribuição autárquica e a taxa de esgotos estão a pagar a luz e a água que a Pilar não paga. Parece que se chama a isso "Desassossego", enquanto, para mim, é só mais uma lanterna de inquietação. Na verdade, até estou a empolar o assunto, já que há muito que o resolvi da maneira mais elementar, com um valente chuto na cona, para que ela vá vender as cinzas  dela para as cinzas dos vulcões de Lanzarote. Isto foi o que eu fiz, mas dou a cada um a liberdade de encontrar método melhor para se livrar dessa sanguessuga desassossegada.

Miguel Macedo, encarregado de assegurar a segurança do Reich, deveria lembrar-se do Conde Claus von Stauffenberg, em vez de andar a colecionar DVDs de imagens de peões de escadaria.

Eu sei que isto é muita areia para a camioneta dele, já que estamos no plano das licenciaturas por equivalência, mas, para quem saiba um pouco de História de Roma, quem degolava os Imperadores não eram as multidões, mas as Guardas Pretorianas, que, cansadas da tirania, um dia, sacavam dos gládios para cortar, pelas costas, os pescoços dos infames que lhes pagavam para os proteger.

Ao contrário das anteriores, estas poderosas mulheres não são físicas, mas alegorias. A sua máxima personificação chama-se "Ira", uma coisa que campeia pelas ruas, e é a mulher mais poderosa do mundo, que, quando resolve plantar-se, chega a transformar todas as vinhas do Parlamento em incendiadas escadas da Ira.

(Quarteto soturno da contagem decrescente, porque a ordem já foi dada, meus amigos, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino", e em "The Braganza Mothers")

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O comportamento dos sistemas longe do equilíbrio, d'après Prigogine, com a Assembleia "Nacional" como miserável pano de fundo




Imagem do Kaos


Hoje, vinha escrever sobre a mulher mais poderosa do Mundo, mas a súbita degradação do clima social português obriga-me a voltar à teoria dos sistemas.

Num patamar eidético, todas as imagens televisivas, com as infindáveis montagens permitidas pelas televisões e outros órgãos de intoxicação social, são sulfurosamente mais poderosas do que o enunciar dos discursos. Algures, num desses canais de paralelização da Realidade, na forma de metadiscurso ideológico, passaram, ontem, imagens de violentas cargas policiais, entremeadas de um Cavaco, senil, e idêntico à imutável caricatura de si mesmo, que cultivou, desde os idos de 80.

No imediato, e no subliminar, a mão organizadora do instrumento visual estava a fazer um apelo à indignação, nas formas extremadas da sublevação.
Há um axioma da Sociologia que diz que, quanto menos forem sofisticadas as sociedades menos terá de ser sofisticado o encriptamento subliminar, e isto é um enunciado trivial, tão trivial que, para espectadores posicionados em patamares infinitamente afastados da base, como é o meu caso e o dos meus leitores, o caráter sistematicamente pouco elaborado dos processos de instigação torna-se inquietante, porque revela que o público alvo, decididamente, deixámos de ser nós, e a "target", neste momento, desceu aos tristes limiares da claque de Futebol-very-lights, dos apreciadores literais da "Casa dos Segredos" e dos tristes rastejantes de Fátima.

Num isomorfismo da Lei de Jakobson, e passe-se a controvérsia que, nos seus fundamentos, a abala, por excessiva simetria, há uma hierarquia do progressivo grau de intoxicação dos enunciados miméticos da Realidade que é inversamente proporcional ao nível crítico dos seus intervenientes.

Posto isto por palavras simples, há que perguntar aos atores dos crescentes combates de rua se têm consciência do que ali estão a fazer, em benefício de quem agem, e qual a real consequência dos seus comportamentos.

Num espaço teórico, comportamental, com N graus de liberdade, o que aproximaria a nossa análise da Utopia, mas simultaneamente lhe confere uma enorme franja de crítica, a quem queira desconstruir este texto, e num espaço de monitorização, com um número propositadamente mais restrito de níveis de variância, que poderei enunciar, para ajudar a acompanhar o raciocínio, o sucessivo crispar dos esgares do Saloio de Boliqueime, o precoce envelhecimento de Passos Coelho, ou o número de vezes que a palavra "filho da puta" é enunciada, por aposição ao nome de qualquer político, nesse espaço teórico de liberdade, como noutro texto referi, há uma aposta no tratamento topológico daquilo que designarei por hipersuperfície do descontentamento social dos Portugueses.

Por razões cartesianas, e aprioris kantianos, esse desenvolver topológico, que está a ser ensaiado através de gradientes ocultos -- para os incautos -- só nos é sensível e visualmente inteligível em cortes de dimensão máxima 3, ou seja, em eventos cuja tridimensionalidade nos seja acessível, embora comporte uma brutal elisão das restantes variáveis em jogo. Na verdade, o aumento de tensões, em níveis muito acima desses 3 graus, está a gerar aquilo que os comentadores de sola de sapato, como o Mister Marques "Magoo" Mendes, o perpétuo indignado Medina Carreira, que, por lapso, por fim -- descaiu-se!... -- se percebeu que papel estava, desde sempre, a desempenhar ali, o de arauto do colapso do Estado Social, uma criação dos governos liberais, para evitar o predomínio das correntes extremistas de teor marxista, como o recentemente desaparecido Hobsbawm bem acentuava, em contraposição com as correntes de "esquerda" de hoje, que já se esqueceram de que não têm dele a paternidade, a não ser na forma do "contra vós foi feito"; ou de outras anomalias, de patamar mais baixo, como aquelas que despacham o noticiário sério, em cinco minutos, para depois poderem estar a perorar meia hora sobre o que realmente interessa, o Futebol, a Seleção e o enxerto de porrada que o filho das barracas, Quaresma, deu no polícia.

As grandes culturas afundaram-se na proliferação dos espetáculos efémeros. Roma multiplicou-se nos combates sanguinolentos, ao ponto de levar à extinção muitas das espécies selvagens da orla afro mediterrânica. Constantinopla foi destruída, durante a revolta de Niké, por causa de lixo, ao nível dos clubes do Pinto da Costa, e daqueles que atiram petardos, naquela aberração arquitetónica -- o "berço" -- que os nossos fundos desviados construíram defronte do Colombo, tão má que conseguiu fazer do Colombo um Guggenheim de sarjeta, e a nossa civilização está-se a afundar nas drogas sintéticas e na iliteracia, que, numa meia dúzia de anos, se chegarmos a ter essa folga, levará a quem nem se perceba o que está escrito num cartaz de protesto.

Os sinais são sinistros. A América, afundada num deficit que faz parecer todos os deficits de todos os países da Europa brincadeiras de crianças, já nem escondeu que só estava à espera da caraça que iria ser eleita, para que a máquina oculta voltasse a pôr-se em marcha. Escolheram o caneco, e logo Tel Aviv foi bombardeada, para mostrar que a urgência era máxima. Se fosse o Romney, era o mesmo, porque a Guerra já está agendada. 
Afundados em fait-divers, como essas brincadeiras dos casamentos gay, entre outras, ou os sucessivos escândalos de pedofilia das hierarquias católicas, levam à enunciação de um aforismo, transponível para todas as sociedades anexas: quanto mais falam em casamentos "de ce genre", maior é o sinal de que estão divorciados da restante sociedade, a qual por extensão, acaba por ser a sociedade inteira, ou seja, o nível de divórcio dos políticos das massas é total e irreversível, já que os paliativos de redução de nível de violência são agora meramente transitórios.

Nas bancadas do derradeiro conforto, os manuéis alegres deste mundo, primeiras damas de honor da eleição e reeleição da Caricatura de Belém, continuam a falar do indivíduo, esquecendo-se de que a unidade mínima sociológica, nesta sociedade minada pelos excessos, pelas sobras e pelos inúteis, a unidade mínima é, hoje, a tribo, e, quanto mais primária, mais facilmente manipulável, nesta dinâmica do extermínio, que estamos a viver.

Já referi, e volto a referir, que os confrontos entre exaltados e barreiras policiais são mero desperdício de energia, já que, como alguns gritavam, "vocês (polícias) estão à frente, mas "eles" estão lá atrás", e isso deveria ser o leit motiv para os operacionais, que tardam a entrar em campo. A estratégia do Sistema é levar a topologia das massas, por extensão, a patamares de insustentabilidade de coesão, com superfícies de colapso de extensão e cronologia indiferenciadas, que levarão a um puro canibalismo dos processos. Estes germes de guerra civil deverão ser um dos mais sibaríticos momentos de contemplação e aplauso de quem, na sombra, está a elevar os patamares de entropia a tais níveis de insustentabilidade. Alguém terá de alertar as tribos que pensam estar a combater o inimigo de que o inimigo está, realmente, lá atrás.

Há uma corrente, pessimista, que diz que isto não é senão o começo, por mais que os anormais dos comentadores televisivos vos queiram fazer crer o contrário. Alguém utilizou a frase fatal de que esta violência era atípica, nos nossos processos sociais, o que é falso: ela costuma estar focalizada nos chamados alvos domésticos, ou semipúblicos, bater na mulher, violar crianças, queimar gatos, abusar de velhotas e animais, ou insultar os árbitros.
Deslocou-se, agora, para chamar "filho da puta" ao Passos Coelho, tratamento que ele nem merece, por estar substancialmente abaixo disso.
Esta violência, todavia, é a morfogénese de um sistema que, na ótica de Prigogine, tem estado demasiado longe dos seus patamares de equilíbrio, e é por isso que somos um povo atípico, já que a nossa normalidade são os patamares de instabilidade dos outros.
O que vem aí, agora que nos estamos a aproximar do desvio anormal da nossa idiossincrasia é... muito mau, e passará por coisas que não me apetece enunciar: citando os pessimistas, nada do que está a acontecer é o que parece, mas, tal como Hitler mandou incendiar o Reichtag, para dizer que tinham sido os Judeus, in extremis, o Parlamento acabará incendiado, antes do final do mês, como prenúncio de um "putsch", de extrema direita, em dominó, por todas as democracias do Ocidente, cujo sinal de arranque foi a reeleição de Obama, tal como poderia ter sido o advento de Romney.


Este é um texto desprovido de humor, pelo que é melhor terminá-lo com um sorriso: nos meus diários relatos da irrealidade quotidiana, para Laura "Bouche", exilada nas suas manilhas do broche algarvias, há sempre um suspiro de esperança: sonha com que os tumultos subam a Rua de S. Bento -- vulgo Rua Laura -- queimem o sacrário daquela que sustentava o Mundo, Amália Rodrigues, e lhe queimem uma das casinhas, mais a velha que mora por debaixo, e está sempre a telefonar aos Sapadores para cortarem a água à "vizinha", não vá a inundação engoli-la. A razão da vontade de ver a casota incendiada é elementar, o seguro cobre, pelo que fica já o convite ao movimento dos indignados: da próxima, em vez de apedrejarem polícias, peguem logo fogo à barraca da brochista!...

(Quarteto do ai-ai-ai, que vão desflorar a Senhora Bosca de Mota Amaral, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Maratona do Gaspar, na forma dos ministros que se borravam de medo, a saltar, todos os dias, pelas janelas das traseiras


Imagem do Kaos


Há uma avé maria e um glória e meio, pelo Kaos ter voltado ao ativo.

Como dizia o Poeta, "navegar é preciso, viver não é preciso", e que baste quanto baste o que vai de tremendo nesta frase, pelo que volta ele, apesar de assoberbado de trabalho, também volto eu.

Cometi um ilícito, que foi ter julgado que o humor estava esgotado, e, num sentido profundo, está, esquecendo-me de um subsetor importantíssimo que é o ridículo, que, quando não mata, mói, e quando não está a moer, está a governar, pelo que continua a existir uma inexaurível fonte de inspiração.
Suponho que Vítor Gaspar, fosse Raul Solnado vivo, seria imediatamente convidado para uma daquelas coisas do tempo do meu paizinho, que se desenrolavam no Teatro Laura Alves, e a que chamavam Teatro de Revista. Acontece que os tempos mudaram, e passámos aos tempos modernos, do Chaplin, e com aquele rasgo de previsibilidade, e olhar de águia, do gago galholho das Finanças, o homenzinho resolveu economizar na personagem, e passar a fazer diretamente o papel de si próprio, o que é uma coisa de uma tal espantação que só seria possível num país governado por longas dinastias de reis que vão invariavelmente nus.

Para quem não percebe nada de Economia, como é o meu caso, e o caso da maioria dos massacrados pela tara do Gaspar, eu vou explicar em que consiste a tara do Gaspar, já que é um elementar repositório de lineus, e lugares comuns, postos lado a lado, ou em fila, como preferirem, e que toda a gente percebe, se lhes dedicar um parágrafo, que não irei além dele.

Há um princípio elaboradíssimo das Finanças que diz que a melhor maneira de pagar o que se deve é pagar tudo de uma vez, porque, assim, a dívida cessa. Podem ler outra vez, porque foi mesmo o que eu escrevi. O Gaspar pensa assim, mas faseada e lentamente. Ele acha que a melhor maneira de uma pessoa se sentir sentida é com as continhas em dia, e eu estou totalmente de acordo, pelo que não é por aí que vamos divergir, nem cívica, nem politicamente. A consequência de uma pessoa que não tem dívidas já é menos evidente, posto que até os mortos, e não são poucos, têm dívidas. Acontece que, socialmente, quando o morto é dado como morto, na restrição de não ter herdeiros nem fiadores, a dívida vai com ele, o que é equivalente a nunca ter existido, e isto é assustador, porque, para mentes tacanhas como a Merkel, uma gaja pavorosa, ao nível do Hipopótamo da DREN, a Margarida Moreira, bastante rodada numa Alemanha dos pobres, uma favela ideológica, que os Europeus tiveram de engolir, nos idos de 90, a bem do politicamente correto, e que, como o BPN, nunca se soube o que realmente custou, a dívida, se não puder ser imputada ao morto, tem de arranjar uma vítima que alombe com ela. E isso é o que distingue a Merkel do bom senso consuetudinário das sociedades que se libertaram do Calvinismo e das vinganças até ao final do tempos, nas quais o Antigo Testamento era exímio. Acontece que a Merkel, que nunca deveria ter deixado de esfregar escadas no Ocidente, quando a sua/dela Alemanha Oriental faliu, foi, como Durão Barroso e outros canalhas afins, germinados no maoísmo tardio, elevada, pelo Princípio de Peter, aos lugares de mortificação dos cidadãos europeus.

O Muro de Berlim não foi deitado abaixo para que as osgas do lado de lá viessem arrotar postas de arenque fumado no lado de cá. O Muro de Berlim caiu para que milhões de seres humanos pudessem aspirar a níveis de existência e decência de que os amanhãs que cantavam os tinham apartado durante décadas. Ora, se, no meio do processo, a tendência parece começar a querer inverter-se, e a queda do muro de Berlim estar a funcionar como uma espécie de aspirador às avessas, a sugar-nos, a todos, para o lado cinzento da brecha, é sinal de que temos de pôr as patas à parede, agarrar numa moca, dizer BASTA, e desmiolar a Merkel, mais a cambada de cabrões que a acompanham, nos quais o Gaspar também enturma,
e, aqui,
voltamos ao Gaspar.

Há um segundo princípio no Gaspar que eu adoro: não se deve gastar mais do que se tem, e isso é lindo, parece um poema de Cesário Verde, mas recitado pela Ana Gomes, depois de já ter enfrascado três garrafas.
A consequência de eu não gastar mais do que tenho é que vou comprar menos do que devo, e, ao comprar menos do que devo, estou a empobrecer quem queria vender um pouco mais do que estava a produzir.
Quando eu compro menos do que quero, estou a  ficar mais triste do que devia, e, em efeito de espelho, a provocar o mesmo disforismo em quem sonhava com vender-me algo mais.
Sempre que não compro, não devo, mas torno-me num ser triste, e estagno, por dominó, tudo, em meu redor.
Há quem goste do cenário, como o Gaspar, mas eu não gosto, e estou no meu direito de não gostar, e de protestar. O fenómeno, do ponto de vista da Termodinâmica, corresponde a um patamar extremamente estável, que é a ausência total de entropia, o que, no vocabulário elementar da "Servilusa" é equivalente a ter a sala de espera, cheia de clientes, à sua espera, de vez, para o caixão.

Tudo isto já é uma anomalia, mas pode ainda tornar-se mais anómalo, se pensarmos que pode ser coadjuvado por outra aberrância, de teatro de revista, que possa pensar que a Economia de um país assente em pastéis de nata.
Sim, é verdade, pode assentar, tal como a produção de alumínio podia assentar numa filtragem adequada do sangue dos hemodialisados, depois de expostos a uma água imprópria para consumo, por excesso de teor de alumínio, como ficou célebre na boca de mais um dos ministros anedota do Primeiro Cavaquismo. O sistema até nem estava mal visto, e nunca percebi por que demitiram o governante, quando era um, sei lá, um visionário, comparativamente com estas alimárias que nos "governam", e, aqui, vou fazer uma inflexão no discurso: quando pensamos nas habilitações literárias das cavalgaduras que estão à frente dos Ministérios da agonizante III República Portuguesa, nunca tivemos um governo com habilitações tão elevadas, pelo que, por aquele hiperbolismo que nos é típico, vou já avançar com uma daquelas frase para vocês poderem repetir amanhã, e poder começar a aparecer, sem direitos de autor, naquelas mesas das quadraturas das bestas ou dos eixos das putas, ou nas bancadas parlamentares da esquerda tradicional: nós, Portugueses, estamos a ser liderados pela geração de ministros -- à exceção de Relvas, esse filho da puta -- mais habilitada de sempre, e essa gestão está a ser deliberadamente ruinosa para o país.

Sei que Álvaro Santos Pereira discordará de mim, dado que, pela primeira vez na sua História, desde os Descobrimentos, Portugal está a exportar um segmento de produtos topo de gama, já que ao ritmo de dezenas de milhar, estamos a enviar para o estrangeiro a nossa geração mais habilitada de sempre, o que, voltando ao Gaspar, quer dizer que, para ele agradecer ao País a generosa educação que dele recebeu, e que tanto lhe custou, sobretudo, nos bancos da Católica, que não se fazia pagar barata, se bem me lembro, está a implicar que o País entregue, de mão beijada, multidões, nos quais investiu oceanos de dinheiro, a barrigas de aluguer de emprego, que se devem estar a rebolar de gozo, de ver um país governado por filhos da puta de tal calibre a ser despojado, alegre e silenciosamente, dos seus melhores recursos humanos.

E, aqui, tenho de fazer uma pausa, para dizer que a culpa não é do filho da puta do Gaspar, mas também do filho da puta do Passos Coelho, e do filho da puta do Relvas, que acha que um curso é encontrar um universidade de golpistas, que lhe valide e equivalha as golpadas, e do filho da puta do António Borges, e do filho da puta do Carlos Moedas, que trabalha para a Goldman Sachs, e que -- também corre por aí -- tem um salário da CIA, tal como o Amaro, o Homem da América, do PS, numa geração sequente à de Jaime Gama, e Mário Soares, que também receberam do mesmo saco.

Aqui, creio que já começam a ficar incomodados, mas eu ainda vou agravar mais os termos da situação, ao dizer que o antepassado desta filha da putagem toda é o Sr. Aníbal, de Boliqueime, outro filho da puta, que depois de ter terminado o mandato, em 5 de outubro, voltou a terreiro, para inaugurar um hotel de luxo (?), que é o nome que, em Portugal, damos ao lixo remediado, e, apesar de ter as câmaras da TV bem em cima, bem focadas, para os Portugeses não perderem nenhum daqueles esgares, nenhuma daquelas expressões de saloiice, de indignidade, de patobravismo, de senilidade, de mediocridade, de bovinocontemplação de boi para palácio, aquele atirar da corcunda da Maria, para trás, como se nunca tivesse visto tetos tão altos, aquelas babas algarvias, a escorrerem pelos cantos da boca, aquelas chitas, mal alinhavadas em casa, aqueles fatos bafientos, dos manequins dos anos 50, da defunta Rua do Fanqueiros, aquelas garras, minadas pela artrose, e aquele repugnante prognatismo, de retroescavadora de entulhos das barracas da Ria Formosa, enfim, eu até podia continuar a vomitar adjetivações negativas e a evocar imagens deprimentes, mas vamos outra vez à Maratona, porque, tanto quanto me lembre, a Maratona é uma celebração épica das Guerras Gregas, onde Filípides foi mandado, por Milcíades, levar a boa nova da vitória a Atenas, onde as mulheres aguardavam, angustiadas, pela nova da frente. Diz-se que morreu, embora não sejam consensuais as versões, mas, uma vez construída a lenda, pouco importa a veracidade do seu fundo.

Ora vir Gaspar, uma criatura do senso comum, ligada a uma teoria monetarista, que falhou por todo o sítio em que foi aplicada, e que é totalmente oposta ao princípio da esperança, que dita exatamente o contrário: que devo, hoje, viver tanto quanto baste além das minhas posses, na esperança de que, amanhã, esse esforço corresponda a um acréscimo de riqueza e bem estar, que, então, me poderá levar a olhar para ontem, como um lugar onde já estava a preparar, na forma de aquém, esse prosperar desejado (em economia, isto chama-se keynesianismo), vir Gaspar, falar de Maratonas... deve haver um equívoco.

O primeiro, que só gastei ponderadamente mais além do que tinha, e não tenho agora de vir pagar faturas monstruosas de alguém que, sem o meu consentimento, nas minhas costas, e subrepticiamente, se apropriou, desbaratou e espoliou, do que poderia ser meu.

O segundo, que, quando a aberração olheirenta, que só num país do terceiro mundo pode passar por competente, me diz que, não só fui "voluntariado", à força, para uma corrida onde não me inscrevi, e, mais, ele dá, como certo (!), que vamos cair, no quilómetro não sei das quantas, eu tenho o direito de o recusar

E vem o terceiro, que não é equívoco, mas deve ser devidamente iluminado: se alguém gastou, se isso nos atirou para uma longa agonizante, e certa, corrida para a morte, temos o dever, e a obrigação, de ir procurar os filhos da puta que nos lançaram nesse situação, e obrigá-los, a eles, sim, a correr essa corrida da falência, que nos provocaram, e eu digo já alguns, porquanto vocês ainda conhecem outros: vamos pôr, na Maratona, as gorduras do criminoso Ferreira do Amaral, do cabrão do Dias Loureiro, do assassino Duarte Lima, do ladrão Cardoso e Cunha, do palhaço do Catroga, e o patrão deles todos, o Aleijão de Boleiqueime, a correr com a sua Patrícia e a Perpétua e a Maria atrás, e mais os chulos do Mexia, do Zeinal Bava e do Borges... isso, vamos pôr o cancro do Borges a correr, como tanto gostava a Lurdes Rodrigues de fazer, com as suas juntas médicas, vamos pôr a assassina dos hemofílicos, Leonor Beleza, no troque troque, e o Relvas, e o Valentim Loureiro, e o Pinto da Costa, e o Isaltino, e os gajos todos das PPPs, as Cardonas, e os ex ministros que estão a chular os conselhos de administração das empresas públicas, os que têm 70 empregos, e o Proença de Carvalho, e o Paes do Amaral, e o Ulrich, e o pulha do Jardim Gonçalves, vamos, isso, vamos pô-los todos a correr, mais o Sr. Aníbal e a sua corte presidencial, de 500 párias, mais a Laura Diogo, a Fátima Padinha e a Fátima Felgueiras, as fundações do Figo, e a Pilar del Rio a correr, com o seu cadáver nobelizado às costas, mais a vice reitora, completamente bêbeda, e mais os equiparados, por golpadas, da "Lusófona", e o Sócrates, mais o Vara e o Vasco Franco e todos os "licenciados" da "Independente", e mais os pedófilos que nunca foram apanhados pelas malhas do "Casa Pia", e mais o porteiro da "Portucalense", que tinha vídeos de violações de bebés (!), e mais o Carlos Cruz e o Albarrã, e a coca do Balsemão, e a Serenela Andrade, e o Carrilho e a sua união de facto, lésbica, e a Clara Ferreira Alves, e o Rangel e o Miguel Sousa Tavares, e o Professor Marcelo, e vamos pôr essa escumalha toda a correr, a correr, durante 40 quilómetros, e, se cansarem de os ver só a correr, durante tanto tempo, eu vou deixar, aqui, em cima da mesa, alguma caçadeiras de cano cerrado.

As da esquerda disparam balas de borracha, as da direita, são de fogo real.

Fica ao vosso critério escolher.

(Quarteto do isto está para breve, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")