sábado, 31 de maio de 2008

Orchestral Manoeuvres in the Dark

Voltamos hoje ao tema da Censura e da Visibilidade. Portugal não é, nunca foi, dificilmente será, alguma vez, um país de transparências. Como citei, no acto abrupto de encerramento do primeiro "The Braganza Mothers" (convém que releiam e revejam os estilos dos comentários, pois, brevemente, voltarei a eles, num texto que se intitulará "Os Quatro Temperamentos"), já, no séc. XVIII, o Abade Correia da Serra, emérito pensador e cientista desta terra de iliteratos das coisas exactas, dizia que "Dentro de cada português, mas dos puros, vibra a alma d'um familiar do Santo Ofício. A Nação não presta", e todos nós, pelo menos os que ainda pensamos sabemos que não presta mesmo.
Blogosfericamente, temos sido um espaço de livre criação e pensamento, coisa que é fatal num país de gente que não presta. O "Arrebenta" -- e agora falo eu, enquanto ortónimo -- é uma personagem com o seu carácter, força e fragilidades típicas de qualquer criação literária. Sobrevive, por mim, enquanto puro exercício de estilo; pelos outros, porque sei que muita gente sente, através do seu modo muito característico de expressão, uma forma de alegria. Desde a reabertura do Segundo "Braganza" que vos preveni para poder, eventualmente, ser uma figura a... prazo.
Vivemos um dos períodos mais pardos da nossa História. Não sei como vamos sair dele, nem se sairemos a bem. De dia para dia, me chegam rumores e relatos de que não sairemos a bem... Brincámos um pouco a tourear governos, mas as coisas agravaram-se de tal modo que tourear governos pode levar ao colapsar do Regime. Creio que, nisso, todos nós temos a velha posição churchilliana de que a Democracia é o pior dos Regimes... depois de excluídos todos os outros, e isso contaminou-me o humor. Não me apetece gracejar num tempo assim, porque, sinceramente, não me apetecem totalitarismos, nem contribuir para o seu florescimento.
"The Braganza Mothers" não é um ninho de revoluções, mas antes um espaço de intervenção cívica. Isso, num país de censores e de lixo humano, gera corpos e anticorpos, e não é por acaso que o nosso "deficit" de intervenção, ao nível da Cidadania, nos atirou para a Cauda da Europa, pelas mãos de figuras menoríssimas, como Durão Barroso, Cavaco Silva, ou José Sócrates, entre aqueles de que me lembro agora, pela sua actualidade, mais os respectivos "abades", que os cercam, e cada vez mais cercarão.
Temos inimigos com poder e relações, que realmente não prestam, e que se dão ao luxo de nos insultar, como poderão rever AQUI. Não é isso que nos preocupa. É justamente para, e contra esses, que a nossa actividade tem sido profícua. Somos o país dos monopólios, dos cartéis, dos conluios e dos "polvos", a terra fria da Justiça selectiva, onde nada que é mercado funciona, mas apenas o poderoso imperar estrangulador de gente censória e medíocre, que nem os piores sonhos de Marx ou da Santa Inquisição poderiam deixar prever. Morrem (?) algumas coisas, como o "Vaga Liberdade", e erguem-se outras, como a "Nova Águia", e talvez tenhamos de reflectir sobre o que se está a passar por lá...
Somos, na nossa estranha maneira, uma Odisseia, recheada de peripécias, actos gloriosos e tempos de nuvens. Hoje, mais uma vez, uma mão cobarde lançou outro dos seus traços patéticos, transformando -- podem clicar na imagem, para confirmar -- o projecto www.twingly.com , de interacção Jornais/Blogues, num espaço de censura.
É verdade: lá está, à direita, um botãozinho "RELATAR", onde, em hipótese, as mesmas mãozinhas que "relataram" "As Vicentinas de Braganza" como espaço de conteúdos reprováveis, bloqueiam agora, ou tentam bloquear, a interactividade entre os espaços jornalísticos e blogosféricos.
Em termos práticos, é... irrelevante. Sei quem nos lê, e não é por vir por blogues... relatados, ou referenciados, que virá menos ler-nos. O problema está no acto, em si, que revela a porcaria do costume, e aquele velho modo português de estar, como referiu -- contaram-me -- o Pulido Valente, que execro, enquanto carácter, mas considero de notável escrita, ao dizer que "o Português não gosta de Liberdade, mas de Igualdade", e Igualdade deve entender-se aqui como um total nivelamento por baixo. É, nisso, um povo notável, que conseguiu cumprir o seu objectivo: criar um ajuntamento de medíocres que enformaram, e enformarão, a Cauda da Europa.
Ficámo-nos pelos inimigos hipotéticos. O clima entre colaboradores deste espaço não tem sido, pelo que tenho observado, dos melhores. A agressão interna tenderá para a desagregação do espaço, e para o esfregar de mãos de contentamento de todos os que nos detestam, e, embora menos do que aqueles que nos cultuam, são muito menos, mas infinitamente mais poderosos.
Passadas as hipóteses, regressamos aos velhos espectros. Desde o primeiro "The Braganza Mothers", há sarro que não sai com produto de limpeza nenhum. Anda por todo o lado, e as caixas de comentários são, enfim, um nicho natural, como os ácaros e os colchões. Não vou voltar a ele, porque -- e volta a falar o ortónimo -- vi-o uma vez, e era igual a milhões de almas sem rumo, tirando os tiques dos olhos, que não percebi, na altura, serem sinal de desequilíbrio mental. Paciência. Não me parece que por causa de uma tarde se tenha de penar o resto da vida... Aparentemente, é alguém que coexiste muito mal com os seus actos e a sua consciência. Tenho de confidenciar que há pessoas, colaboradoras deste espaço, que me começaram a pressionar para tomar medidas mais drásticas. Não faz parte do meu carácter, mas não sei até onde irá a paciência. Investigaram por mim, e descobriram coisas extraordinárias, que deixam revelar o pior: apagou, ou tentou apagar, tudo o que era rasto virtual, o que é difícil -- deve dar muito trabalho -- e revela um interior... execrável. Que poderá pensar cada um dos nossos leitores de alguém que se tentou irradicar de usuário da "Wikipédia", que alterou os seus contactos de telemóvel, que apaga o seu próprio blogue e muda de próprio telefone fixo (!), e mais tudo aquilo que não sabemos e de que nem sequer desconfiamos... Não, não é brincadeira: são dados fornecidos por quem connosco trabalha e colabora, muitas das vezes, invisivel e gratuitamente, como sempre.
Sinceramente, não me apetece dar mais pistas: têm todos os motores de busca para procurar os rastos e referências suficientes.
Perguntar-me-ão, depois de todo este texto, qual o sentido da minha intervenção. É muito simples: cansa passar o tempo com esta porcaria atrás. Criar textos do "Arrebenta", por mais corridos e naturais que possam parecer, consomem energias e requerem uma minúcia artística muito peculiar. Sendo este um espaço colectivo, serve este meio para que, entre criadores, leitores e comentadores, se tente encontrar uma ou várias saídas para acabar, de vez, com este flagelo. Trata-se pois, de a abertura de um espaço de reflexão, para encontrar uma saída COLECTIVA para mais um impasse. Meus caros, o destino deste espaço, está, a partir desta hora, nas vossas próprias mãos.
Agradeço-vos antecipadamente.
Muito boa noite.

domingo, 25 de maio de 2008

Orgulho Nacional


Cada vez menos vou tendo momentos em que sinta orgulho em ser português. Mas nesses escassos momentos que por qualquer motivo o "Orgulho Nacional" vem ao de cima, é puro e grandioso. Esse mesmo orgulho por vezes transforma-se em raiva, indignação e até pena por esse povinho parolo, tolinho, imbecil e patético, que é o povo português. O povo do "Fátima, Fado e Futebol", onde aliás eu também me incluo, pois gosto de futebol e de fado, embora não os utilize exageradamente como um escape. Esse povinho que culturalmente se resume a passeios domingueiros pelos shoppings, idiotas despreocupados que olham com inveja as montras das lojas, sem uma moeda no bolso. Ou idiotas conformados que "esminfram" o cartão de crédito, sucumbindo aos apelos do consumo. Há pouco tempo tivemos Fátima, com os mais "belos" exemplos demonstrativos desse povinho... agora temos a Selecção Nacional e tudo o que a envolve, com os "desocupados" a fazerem romarias diárias ao Fontelo, com os noticiários a abrirem com a notícia "da cor do papel higiénico que o Cristiano Ronaldo usou na sua última ida à casa-de-banho", da bimbalheira desprezível que são as ridículas bandeirinhas portuguesas made in China penduradas nas janelas e varandas por esse país fora, de mais uma forma de extorquir dinheiro ao povo com o apelo à adesão ao cartão de sócio da Portuguesa. Enfim, é este fado diário, que nos servem. Tudo vale para desviar a atenção do povinho acomodado, conformado e resignado. Mesmo que o resto à nossa volta se esteja a desmoronar. O que é que vale quando certas elites vão pilhando, saqueando, delapidando o pouco que nos resta, o que é que interessa que dois milhões de portugueses vivam com menos de 10 euros por dia, quando comparado com Fátima, Fado e Futebol?
Não estará mais que na hora de nos mobilizarmos? De nos indignar, insurgir, reagir? Não sentem o "Orgulho Nacional" ferido?

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Se

"Se és capaz de manter o sangue-frio/enquanto outros à tua volta o estão perdendo/e deitando-se as culpas;/Se és capaz de fiar-te em ti próprio/quando todos duvidam de ti/-e no entanto perdoares que duvidem;/Se és capaz de esperar sem cansar a esperança,/e de não caluniar os que te caluniam,/e de não pagar ódio por ódio/-tudo isto sem dar-te ares de modelo dos bons;/Se és capaz de sonhar/sem que o sonho te domine/e de pensar, sem que o sonho te domine,/e de pensar, sem reduzir o pensamento a vício;/Se és capaz de afrontar o Triunfo e o Desastre/sem fazer distinção entre estes dois impostores;/Se és capaz de sofrer que o ideal que sonhaste/o transformem canalhas em ratoeiras de tolos;/ou de ver destruído o ideal da vida inteira/e construí-lo outra vez com ferramentas gastas;/ Se és capaz de fazer do que tens um montinho/e de tudo arriscar numa carta ou num dado,/e perder, e começar de novo o teu caminho,/sem que te oiça um suspiro quem seguir a teu lado;/Se és capaz de apelar para músculo e nervo/e fazê-los servir, se já quase não servem/aguentando-te assim quando nada em ti resta,/a não ser a Vontade, que te diz:aguenta!/Se és capaz de aproximar-te do povo e ficar digno,/ou de passear com reis conservando-te humilde;/Se não pode abalar-te o amigo ou inimigo;/se todos contam contigo e não erram as contas;/se és capaz de preencher o minuto que foge/com sessenta segundos de tarefa acertada;/Se assim fores,meu filho, a Terra será tua,/será teu tudo o que nela existe,/e não receies que to tomem.../Mas (ainda melhor que tudo isto)/se assim fores, serás um homem!" Rudyard Kipling [Bombaim, Índia, 1865-1936]

Xenofobia na África do Sul

(foto: Público/Reuters)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O Professor Único

By KAOS
Dedicado à Kaotika, à Moriae, à C. Rolo e a todos os totós que ainda não perceberam que a verdadeira Educação é a liberdade de poder andar na rua, a dizer palavrões, de telemóvel, naifa, e a assaltar bolsas de cotas, em dia de receber a pensão ("Sou titular de roubar velhas, ó chavalo!...)
Estava eu a pensar, andamos nós aqui a perder tempo, há uns dias, em redor de coisas que não valem um corno, o fim do mundo já aí vem, com os Judeus a especularem nas Bolsas o preço do petróleo e do arroz, e as crises nervosas da badalhoca, o que nos anda a fazer falta é um daqueles textos de caixão-à-cova, que são citados nos blogues todos, e no "Público", e no "Sol", e no "Expresso", e na "Sic", e etc e tal, e que aparecem nas anedotas todas da esquina do dia seguinte, e a modos que,
derivado a isso,
penso de que
estava na altura de o escrever, mãos à obra,
"portantos",
hoje, a Comissão Nacional de Educação, ou lá como se chama essa porcaria, através de um gajo que parece um daqueles que estão pintados, em cor de múmia escura, desde o séc. XIX, nos Passos Perdidos da Assembleia da República, e que não deve ter evoluído muito desde então, excepto através de umas reformas que fracassaram em França, há vinte anos, e, portanto, estão maduras para aplicar já por cá, veio dizer que deviam fundir o 1º Ciclo, com o 2º Ciclo, isto, para os mais antigos, quer dizer que a velha Quarta Classe ia cavalgar o velho Ciclo Preparatório, com uma pequena diferença, que é a de aquela professora única, que dava reguadas, e punha orelhas de burro, e obrigava as criancinhas a calcular decâmetros cúbicos em hectómetros quadrados, e a saber, de cor, as linhas todas que ligavam as cubatas do Distrito do Bié, ia agora também dar aulas aos mais velhinhos, na terminologia moderna, aos 5º e 6º anos, ensinando-lhes tudo ao mesmo tempo, Português, Matemática, Francês, Geografia, Ciências da Natureza, História, e o resto mais, justamente quando eles já começam a dar ares da sua graça, e a atrair os olhares daqueles cavalheiros do "Casa Pia", cujos nomes vieram a público, mas foram apressadamente arrumados na gaveta, valha-me deus, gente séria e honesta não tem vícios desses, isso é só para o Bibi, a modos que, devido a essa iluminação do Conselho Nacional de Educação, as criancinhas iam ficar muito traumatizadas, com passarem de um professor para vários, em vez de estarem fechadas sempre na mesma sala, a apanhar reguadas, e com chuva em cima, e a criar bolor, defronte de mapas fedorentos com as culturas do cacau de São Tomé e Príncipe, e as mamas das pretas de Mozambique, e mais a fotografia do Maior Português de Sempre, e esse cavalheiro do séc. XIX devia era sair do seu cantinho bafiento e ir vê-los, sexta e sábado à noite, ali, para Santos, os pívias todos, à porta das discotecas, muitos deles ainda sem buço, para perceber que o grande traumatismo é não haver papel para uma b'jecas, e o porteiro dizer "hoje não entras aqui, ponto final!...".
Claro que eu estou a misturar tudo, mas isso é indiferente: eu sou um criador de textos das Novas Oportunidades, de maneira que vale tudo, até o ombro esclerosado do Paulo Pedroso, e comecei a pensar bem, a pensar bem, a pensar bem, e descobri que a figura queirosiana até tinha razão, isso do professor único era uma ideia bués bem esgalhada, porque ia pôr na rua não sei mais quantos professores, portanto, ECONOMIZAR,... calma, economizar, mas coma desculpa dos... "traumatismos", mas, eu, que sou pessoa de visões largas, pensei, não, a coisa não pode ficar por aí, deve ter um alcance ainda mais vasto, então, as criancinhas, que já nem uma conta sabem fazer, ou soletrar, por debaixo do retrato do Maior Português de Sempre, o nome que lá está escrito "S-Ó-C-R-A-... Sócra o quê, senhora professora, não percebo!...",
e foi então que se me fez a verdadeira luz: isso do Professor Único era uma Epifania do que o berço-dá-o-caixão-o-leva, e o Professor Único era uma coisa, eventualmente, para começar na cama da mãe, mal casada, ir por ali fora, 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º... e... e... a novidade vem aqui..., o jovem ia crescendo e o professor com ele, sempre por ali, fora..., por ali fora... por ali fora..., até chumbar nos Exames do 9º Ano, e... e... e... ainda mais além, a levá-lo ao colo até ao 12º, e a sentá-lo, depois, nos bancos do Primeiro Ciclo de Bolonha, e... e... e... acompanhá-lo até ao fim, ao "Mestrado" (cof. cof. cof...), já meio cheché, daqueles que usam uma meia de cada cor, tipo Professor Tornesol, com um teclado todo deitado para fora das beiças, como o do Mariano Gago, que parece um Piano Steinway, depois de ter galgado três lanços de escada abaixo, num prédio velho da Mouraria, e o curso terminava numa apoteose, que essa é que acho que vocês, que, se já estavam de boca aberta até aqui, ainda vão ficar mais, porque este percurso do Professor Único NUNCA poderia culminar num Diploma, não... mas, sim, acabar num cartãozinho de visita do já-fiz-a-cadeira-pois-obrigado... e essa, sim, será a generosa revelação: que cada Português possa ter a alegria de ter sido um pequeno sócrates, com um professor único no início dos estudos, e um professor único, no final da Academia, como Sua Excelência, o Primeiro-Ministro da República das Bananas, que teve uma alma boa, que lhe deu tudo, na recta final, as Estruturas Especiais e Não-especiais, e um Projecto de Cúpula, baptizado de Benza-te-Deus, e com o motorista do Estado, à espera, à porta... e, olhe... até poderia ser a fumar!...
De aí, o Inglês, logo no berço, mas não seria qualquer Inglês, teria de ser Inglês Técnico, porque ter Inglês Técnico, na Primária, dá de comer a um milhão de Portugueses..., ah, sim... e mais a Música, sim, porque a Música é que nos andam a dar, até ao dia em que nos fartarmos e fizermos saltar um destes gajos com uma valente marretada nos cornos...
Ah, já me esquecia: professores únicos é uma espécie rara. Raríssima. Sugiro o próprio Preceptor de José Sócrates, António Morais, ou alguns, poucos, outros, que têm a escola toda. Ensino Público para quê, se nos podemos sentar ao lado de Isaltino Morais, Pinto da Costa e do "Major", e... aprender?...
"Professor Vítor Constâncio, por favor, ensine-me então lá como é que é..."
Puta que os pariu!...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Music for Airports

By KAOS
Hoje estou particularmente bem disposto: a coisa está tão má que até Sócrates e o seu bando de grotescos perdeu as honras de servir de alvo de tiro aos pratos. O seu papel histórico cessou, e foi curto. Algumas centésimas, no Rio do Tempo, como diria Vítor Constâncio, se tivesse alguma capacidade poética e um cadastro mais limitado. Dia de revisão dos olhos dos pilotos-veteranos da T.A.P. é sempre dia grande, para as novidades. É evidente que para quem tem mais milhares de quilómetros de voo do que quilómetros de picha do que a Carolina Salgado a história do fumo do Sócrates é... ridícula. Boa, boa, foi a cena dos Líbios, a quererem acender uma fogueira em plena coxia, para poderem aquecer o chá: a Tradição acima de tudo, ou a Teresa Guilherme a ter de vir algemada, do Brazil, coitada, teve azar, passou a vida toda à porrada com as "colegas" -- e esta é dedicada à "Laura", que, por causa de um típico "Twentyager" teve de andar ao estalo com ela, na Rua de São Bento, que tanto boca sequiosa deu ao Mundo, sendo que a maior de todas foi Amália Rodrigues, padroeira do Transformismo e da Goela Funda Nacionais.
No que nos toca à bolsa, alegrai-vos, ó Crentes, vamos ter uma "low-cost" Portuguesa, para integrar os excedentes da "Portugália", que a T.A.P., a um passo da privatização --- há sempre uns parvos que caem nessas... -- já colocou os aviões nas mãos de uma empresa de "leasing", ou seja, a "low-cost" vai abrir, connosco a pagar, em regime de aluguer, os aviões que começámos por comprar... É assim que o "people" se governa debaixo desta Bandeira de Conveniência, das Cinco Quinas e Seis Esquinas. Ah, claro, como não podia deixar de ser, a "low-cost" só vai ser "low-cost" de nome, porque a cartelização da coisa irá imediatamente, entre taxas, reservas e mais valias, fazer disparar os preços para os preços... do costume. São os processos típicos da Identidade Nacional.
Faz ele bem, eu também fugia, se tivesse cara de investimento estrangeiro, mas não tenho, tenho cara de parvo, que só está à espera de que a bomba expluda.
Chegaram-me rumores de que os Franceses estão a preparar uma recepção de estadão, para celebrar, com a presença do escroque Sarkozy, os 40 Anos do Maio de 68, do qual já nada resta, excepto uns gajos barrigudos e cheios de colesterol, que assinam por debaixo dos decretos do Fim do Mundo, em que estamos.
Vai ser uma semana de muuuuuuuuuuuuuuuita gente andar de cuzinho apertado, e esperemos que a Felícia Cabrita já tenha percebido onde, quando e por quem foi muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito bem enrolada. Felicidades para a audiência, vai ser um dia memorável, 27, não se esqueçam!...
Por fim, uma palavra se simpatia para alguém que sonha com "Cyberbullying": está sempre no fundo das nossas almas, é alvo do nosso carinho, e vive imersa naquele segredo que só ela detém, quer dizer, ela e mais alguns milhares de pessoas, que, por acaso, frequentam o meio cultural nacional, e não têm o azar de viver numa qualquer periferia de obscurantismo, da província. Pratica agora a auto-censura, depois de ter inventado mais uma das personagens do seu débil imaginário castrado. Imaginem que apagou o seu comentário de "Heliogabalus", quando ele, juro, não pesava a ninguém (eu sei que é longo, mas não precisa de ler: veja só, ao fim, a entrada apagada).
Podia ter vindo directamente aqui, que o espaço só ganhava com a publicidade...
É o CYBERBULLYING, em todo o seu esplendor, mas nas mãos de uma estúpida adúltera, que só consegue produzir isto.
A cada qual a sua obra, ai, que sono que me dá ter ainda de perder tempo com estes temas...
Boa noite.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Azsrael

Dedicado ao João Gonçalves, por... acaso :-)
Há pessoas que têm profundas desilusões, quando descobrem que o Pai Natal não existe. Eu caí no mais profundo sonho, quando descobri que era pagão. Tenho pelos monoteísmos o profundo amor do raio-que-os-parta, quer sejam os de Jeová, o Senhor da Guerra -- podia ser da Paz, sei lá, do Banco Alimentar contra a Fome -- mas não, tinha de ser, mesmo, o Senhor da Guerra, de maneira que apanhou logo com um traço vermelho por cima. Do deserto, só gosto realmente das auroras, das paisagens desoladas, dos espantosos oásis, onde as rãs saúdam Helius, pela manhã, portanto, nada de misturas de pedras negras, haréns de mulheres feias enroladas em sarapilheiras pretas e mãos cortadas; quanto ao Cristianismo, mantemos uma relação de vizinhança do bom-dia, boa-tarde, mas, às vezes, fico a olhar para trás, e a pensar como uma santa, com cara de saloia, ainda pode mover multidões, e como um tipo, que até devia ser simpático, se sujeitou, sem ter telefonado para a SkyNews, a Judiciária, o INEM, sei lá, a deixar-se ficar pendurado três dias, numa posição incómoda, sem nunca tomar banho -- e esse é o meu pior argumento contra o Cristianismo: uma duvidosa falta de higiene de base... -- e ainda não houve nenhum teólogo que me conseguisse explicar esse contra-senso.
Em contrapartida, gosto dos deuses locais, de chegar perto das fontes e imediatamente identificar a presença das divindades menores que por lá pairam, de sentir Daphne, sempre que o cheiro da aurora se levanta pelas planícies, e as divindades ctónicas, silenciosas e cavas, que nos acompanham nos tempos das Sombras e da Necessidade Sombria.
Roma era um Estado Civilizado, enfim, no sentido moderno do termo, em que achava que tinha o direito de deitar a mão a tudo o que lhe apetecia, para manter no ócio um batalhão de habitantes, numa cidade, um pouco insalubre, que nem vista para o mar tinha. É por isso que eu sou, a ser, um pagão Alexandrino, a ir, à noite, visitar uns cultos de Ísis, farejar um pouco de Mitra, e ficar na expectativa de que Osíris se lembrasse de mim, na horinha da ressureição... não, na verdade, nem me interessa ressureição: gosto do Paganismo, porque me diz "usa e abusa", enquanto vivo, que as quotas de acesso ao "Au-Delà" são restritas, e com a carga de hedonismo, de apoteose dos sentidos, de embriaguês das brisas, das sinfonias dos cheiros, acho que nenhuma ressureição teria qulaquer de interessante para me dar. Imaginem o que era renascer, com a Manuela Ferreira Leite a governar...
Portanto,
Carpe Diem et Carpe Noctem.
Vespasiano e Tito eram dois tipos simpáticos: aparentemente modernos, tinham uma daquelas relações pederastas, com uns anos de desiquilíbrio, escondida como "pai" e "filho" (hoje em dia, diz-se o meu "padrinho"...), que lhes dava muito jeito, como ainda hoje dá.
Roma foi uma hábil percursora de todo o maquiavelismo a vir: preferia fomentar discórdias entre estados satélites, e recolhê-los depois, quando depauperados e maduros. Estava a tentar passar, por alto, actos radicais de corte civilizacional, e só me vêm à cabeça dois, Cartago -- um dos maiores erros da História, já que a Baía, com o Jebel Bukurnin, lá ao fundo, é um dos mais extraordinários cenários do Mediterrâneo, e a capital do Mundo Antigo deveria ter ficado lá, em vez de num rio atarracado e fedorento -- e o Saque de Jerusalém. Para os Romanos, gente da boa-vida, dos banhos e das orgias sem limites, deve ter sido uma chatice a própria ideia de um Povo Eleito. Eleito era o Cidadão Romano, prorrogativa que Caracala estenderia depois, a todos os pacóvios intra-fronteiriços, já na fase em que o Império ameaçava tornar-se numa enorme pocilga pegajosa e em riscos de soçobrar, e importava pôr toda a gente a pagar imposto.
Ficou-me sempre estranha essa radicalidade de arrasar o Templo, e mandar Jeová às urtigas, embora já o profeta Jesus o tivesse feito antes, de uma forma mais simplória e emocionada, mas, com o correr da História, cada mais compreendo Vespasiano e Tito: aquilo era mesmo uma obcecada chatice, e, como hoje se diz, não havia saco, para gente que não cumpria os serviços mínimos do ócio da Pax Romana. O único dia non perdidi de Tito, deve ter sido aquele em que pôs o Santuário num monte de ruínas, e se pôs a andar, deus me perdoe.
Ao seguimento disso chama-se a Diáspora, e aos restos do Templo, as Twin Towers da altura, o Muro das Lamentações.
Já me cheguei a comover um pedacinho, com ver gente a chorar por aquilo, tantos séculos passados, mas, quando faço o "zoom" e vejo coisas em forma de abutre, a bater com a cabeça nas paredes, só me faz lembrar "ayatolahs" e nojices do género, e prefiro virar as costas, e lamentar, muito mais do que o Templo, o incêndio da Biblioteca de Alexandria, a pilhagem de Cartago, ou as ruínas da sereníssima Palmyra, onde eu viveria para sempre, se o Constâncio me desse, já, a reforma antecipada.
Sobre os Judeus, passaram algumas das maiores pulhices da História, e todas as Nações da Terra deveriam pintar a cara de luto, por todos os crimes, que, num tempo ou noutro, cometeram contra esses nómadas da Emoção, e que tantas cabeças brilhantes deram ao Patrmónio da Aldeia Global. Em suma, para qualquer grande nome da História da Cultura, da Ciência e da Civilização, que você se vire, incorre no risco de encontrar um Judeu.
A Apoteose Negativa foi o Holocausto, coisa com a qual nada tive a ver, e, "vol-de-face", acho que ninguém tem o direito de me continuar a obrigar a pagar, neste início do séc. XXI. Pela primeira vez, tomam as rédeas das Nações, gentes com as mãos totalmente limpas de responsabilidades por atrocidades cometidas por esses regimes vizinhos, de cariz Nazi, Fascista, ou Comunista. Adolph deu o mote, e o gás, e Estaline preparou as frigideiras, tudo muito boa gente, aliás, e só Salazar fechava os olhos, porque era, politicamente, aquilo que o Sócrates pretende ser, em sexo, dar para os dois lados, se bem que a realidade seja que dê só para um, embora na posição do frango assado e do seminarista, as mais próprias para um Primeiro-Ministro que nunca voltará a meter um charuto na boca. É por isso que a hemorroidal, como as doenças do coração e a diabetes lideram as principais causas de morte, no Mundo Barbarizado...
Há 60 Anos, os ressentidos e cheios de remorsos do plantel europeu cometeram um dos mais graves erros do séc. XX: reconstruir o que Vespasiano e Tito tinham resolvido, de uma vez por todas: delenda est Azrael, e o que fizeram foi criar uma boceta de Pandora para as gerações vindouras. Como eu gostaria de ter visto uma Jerusalém Cidade-Estado, governada por um Senado com representatividades teocráticas, no seu lugar de Cidade Santa de todos os monoteísmos que eu odeio, mas que lá estão, e uma Israel, tipo Suíça, entretida com produzir coisas fabulosas, como as japonesas, relógios suíços, e compositores da craveira de Mendelssohn e Mahler. Não, foram logo para a bomba atómica, para os Muros da Vergonha, e para o tratar o vizinho como um capacho, como se a Ampulheta da História nunca tivesse sido invertida, e fosse possível recolocar tudo 700 anos antes da Era Comum, no tempo em que Salomão fazia oralidades com a Rainha do Sabá.
O grave disto tudo é um análogo da frase de Churchill: "A Democracia é o pior dos Sistemas, depois de termos excluído todos os outros".
Todos os dias acordo com vontade de condenar Israel, e logo vejo, ao lado, aquelas ciganas, a ulular, a enfiarem os filhos-bomba na Linha Azul, Colégio Militar-Luz, não... isso é um ciclo vicioso, e, assim, não vamos, nunca iremos lá. A Pena de Talião não serve, e eu odeio os Monoteísmos, e Jeová só me faz lembrar as Testemunhas, uma delas, no Héron-Castilho, com o filho que teve, e que faria dizer a Tito... "Diem Perdidi", e é por isso que eu prefiro voltar às fontes, a Daphne, ao Didimaion, e àquela triste coluna do Templo de Artemísia, em Éfeso, ou aos Xintoístas, para quem toda a Natureza é um símbolo sagrado, e que não espancam crianças palestianas, que têm tanta culpa nessa desculpa esfarrapada do Holocausto, como eu, eu mesmo, euzinho próprio.
Pronto, agora, podem bater-me à vontade.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Uma vez Cavaco sempre Cavaco, ou, por outras palavras é um cheché pró-fascista e mal reciclado, que devia ter ficado no Século de Salazar

By KAOS
Tenho vários defeitos na minha personalidade, e um deles é não pertencer ao Bloco de Esquerda. Sempre que os mais próximos me punham esse carimbo, e achavam que o meu discurso encaixava bem na coisa, eu fazia sempre uma pausa, e dizia... "Olha que... não... não é....", e lá me arrumavam no extremo oposto, mas eu, resumindo, estou-me zenitalmente borrifando para isso: oficial e assumidamente, não sou uma pessoa deste tempo, e preferia infinitas vezes mais ter podido ir jantar com Voltaire, discutir porcarias com Sade, falar de vacarrices com a Pompadour, fazer o número do "dandy" e ir com Proust a casa da Princesa Bonaparte de Westefália, e, mais tarde, sentar-me a contar anedotas de má-língua, ao piano, a quatro mãos, com Poulenc e as desmaiadas lá do grupo,
bom,
já me perdi...,
ah, pois, Bloco de Esquerda, não, e sempre dei as mesmas razões: aquilo era o Ressentimento do Ressentimento -- aquele Rosas, por exemplo... tenho-o no mesmo nível de obscenidade do Graça Moura e do Constâncio... --, à espera de galgar pela primeira fresta do Poder.
Meu dito, meu feito, bastou a Câmara do Martim Moniz, e a Luz se fez, com "abat-jour" castanho.
Felizmente Sócrates, com a sua Segunda Maioria Absoluta (reforçada) não irá precisar deles. Hoje, em forma de intervalo, faço-lhe uma reverência: deixou o espírito de Bilderberg, para quem já se tornou dispensável, e, traiçoeiro como é, alinhou com o Eixo do Mal. Fez bem: petróleo em troca de Diplomas das Novas Oportunidades, é mesmo esse espírito de cooperação que caracteriza as Camorras, mas, desde que nos poupe qualquer coisinha, é bem vindo. Hoje, por trinta segundos, fui seu apoiante, Sr. Sócrates, pode lá pôr uma placa de bronze nas trompas de falópio do seu pau-de-cabeleira-de-câncio, e diga que vai da minha parte, meu amor.
Quanto ao Cavaco, vamos directamente para a metáfora: já o Sistema de Galileu imperava pela Europa inteira, e ainda nós discutíamos que volta se haveria de dar ao de Ptolomeu. O assunto subiu ao Tribunal da Relação de então, os Jesuítas, e preferiram Tycho Brahe, que ainda tinha a luneta apontada para o Passado, como se as questões científicas fossem do domínio do "magister dixit", e lá ficámos no atraso mais umas quantas décadas, "as usual".
Não são os regimes que não prestam, é a população, em si, no seu geral, na sua média representatividade e nos seus roufenhos arredores, que tudo invadem. Queimámos a "Passarola", expulsámos os Judeus, e voltámos à Agricultura, mas de Neanderthal, para andarmos agora nos... "Negócios".
Cavaco é uma figura que nunca deveria ter transitado do Antigo Regime. É moda dizer agora que "está melhor". Não está, está é a ficar senil, e os seus silêncios passam por sabedoria, mas a realidade é mesmo essa, a da senilidade, e, quando for reeleito, ao lado do Vigarista de Vilar de Maçada, vamos ter uma coisa parecida com os gloriosos tempos de D. João III, em que esta merda naufragava por todos os lados, mas as beatas estavam satisfeitas, os cnventos cheios, e a Santa ASAE, perdão, Inquisição, cumpria o seu dever.
Hoje, estou no bota-abaixo: depois daquela porcaria com Angola, uma social-democracia avançada, só comparável com a Suécia e a Finlândia, vieram os ameaços aos gajos do lado de cá, da mesma laia, mas com menos recursos, aquela tropa fandanga que se reúne em redor da vivandeira Clara Ferreira Alves, que deu uma resposta de que até eu próprio me tinha esquecido: houve tempos -- e ainda deve haver, eu é que não o leio -- em que o "Expresso" não publicava críticas de livros que não eram livros, porque saíam em não-editoras (!), e logo estávamos perante não-escritores; não referenciava exposições que se realizavam em não-galerias; não reconhecia escultores que expunham em não-galerias (!), em suma, não falava de nada que não pertencesse aos eixos de representatividade do Sistema do Sufoco. A outra, medíocre, profundamente estúpida e venal, uma das grandes responsáveis pelo estado de descalabro do Panorama Cultural Português, saiu-se agora com uma brilhante, e, quando o "Jornal de Angola" ameaçou publicar a lista dos gajos que vivem das negociatas com a Unita -- só me lembro agora do Clã Soares, mas eu sou um ignorante das coisas mais vis deste país, portanto, preencham vocês o resto dos nomes... -- diz que "não respondia a não-jornais", e eu lembrei-me logo da Santa Inquisição e da escola de onde ela vinha e ajudara a formar.
A preceito, essa gente precisava toda de uma monumental vassourada: ainda pensou adaptar o sistema à Blogosfera, com os Blogues e os Não-Blogues (o nosso, evidentemente, era/é um Não-Blogue), mas fodeu-se, porque, na realidade, eles já não têm mão sobre a liberdade de escrita, e o Talento, por muito que custe à Senhora dos Pores-do-Sol do Cairo, todas as noites, em todas as frentes, atropela os baluartes de Censura Mental que ela tanto quereria impor. A coisa, aliás, está linda, e já aqui se tinha feito o aviso, uma coisa na qual nem Marx, que era profundamente perverso, tinha pensado, que é um Monopólio das Editoras, A LEYA. Sim, eu sei que não acreditam, mas leyam aqui: brevemente, vamos só ter "Rios de Flores", "Fazes-me Falta", e "Gente (nula) como (eles)".
Não se ponham a pau, e depois digam que era mais um dos meus delírios...
Quanto ao Bloco de Esquerda, é como o Sócrates: hoje, por meia hora, fui da Juventude do Bloco de Esquerda, tão-só porque a Sucata Salazarenta que está em Belém achou, no seu clara-ferreirismo-alves que havia Juventudes e Não-Juventudes. Tinha de se seleccionar, e seleccionou-se tudo o que não era de Bloco de Esquerda...
Acho que nem tenho mais que comentar: ficou célebre aquela frase do Otelo, que a solução era "pôr uns quantos no Campo Pequeno".
Desta vez, já tinha mesmo de ser no Campo Grande...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Sócrates fumou num "voo azul"


Com que moral ou direito querem estes gajos imporem-nos certas leis quando são uns prevaricadores. Quando deveriam ser eles os primeiros a dar o exemplo, são os próprios que desrespeitam essas mesmas leis! E ninguém chamou a ASAE?

domingo, 11 de maio de 2008

Hipócritas!


É escandaloso o que se está a passar em Myanmar. Várias organizações de apoio humanitário já enviaram alimentos e medicamentos, mas a junta militar que governa o país confisca esses apoios, não permitindo que milhares de pessoas que estão urgentemente necessitadas de ajuda, recebam comida e cuidados médicos. Não se entende a postura política internacional face a esta ditadura. Parece mesmo que existe um certo desprezo em relação ao povo birmanês, não existe uma intervenção a nível mundial de carácter urgente e eficiente que ajude este povo tão necessitado e tão fustigado por este regime opressor. Não sei se existem ou não poços de petróleo na Birmânia, creio que não devem existir, pois se houvessem, os Estados Unidos já tinham entrado à força para ajudar os birmaneses.

Longa Caminhada para a Noite

Imagem do KAOS
Hoje apetecia-me estar em Éfeso, diante da Grande Biblioteca de Celso, a contemplar o crescente, por entre as ruínas. Adriano já lá não está, e a própria Gotika vacila. Aparentemente, por toda a parte, há blogues que fazem namoros uns aos outros, e uma certa Idade Clássica da Coisa Impressa parece estar a chegar ao limiar de um novo paradigma, como era de prever, desde aquela tirada ordinária da ordinaríssima Clara Ferreira Alves, onde falava do seu próprio passado, presente e futuro.
Quaisquer palavras sobre Portugal são agora intoleráveis: no outro dia, no final de uma escada rolante, discutia, com um velho amigo, como a situação na Aroeira se tornou-se insustentável -- "os pretos", como ele diz... -- os cães abatidos a tiro, de noite, e envenenados, em pleno dia, todas as casas, muradas, já foram vítimas de assalto e violência... Há anos, Los Angeles mergulhou no caos, mercê do fosso que separava os extremos.
Hoje, os extremos estão cada vez mais extremados e estão todos cá dentro, em forma de panela de pressão.
Como suprema humilhação, Cavaco, o Homem da Bomba, capitulou no Tratado de Bilderberg, que promete tornar a Europa numa longa costa de pendor asiático, "low profile", e onde se fará o resto das negociatas que não sobrarem para o Novo Mundo, a Chíndia, o Brasil, o Extremo Sul Africano, os Emiratos e a Angola dos criminosos.
O Sr. Sócrates, de débil formação académica, mas cuja vaidade é inversamente proporcional à sua irremediável mediania foi atacado pelo mesmo P.C.P. que acha que os Chineses estão bem no Tibete. Eu também acho, e os ex-Maoítas à cabeça dessa nova Europa Submissa, com o Presidente da Câmara do Martim Moniz, o Grão-Vizir Tisnado, a dar-lhe as chaves da Cidade, de certeza, sem o meu consentimento, que votei ferozmente CONTRA ele (Fui no P.C.P., de chapa, só para chatear...), assim como a maioria da população urbana, que nem lá pôs os pés.
No fontanário do "Sol", o Sr. Sócrates avança com a temática dos "Tempos difíceis", como se alguns tempos tivessem sido fáceis com ele. Com Sócrates nunca houve tempos fáceis, houve tempos de fraude, tempos de arrogância, tempos de desprezo, tempos de opressão, tempos de descaramento, tempos de escutas, tempos de perseguição, tempos de destruição da liberdade de expressão, tempos de falsificação da realidade, tempos de total falta de vergonha, e tempos muito semelhantes aos que antecedem qualquer regime que está em vésperas de ruir, mas o pior é o que ainda se oculta por detrás. O tratado morno, conhecido por "Tratado de Lisboa", mas correspondente à Constituição de Bilderberg, mal começou a ser ratificado pelas moribundas democracias do "sim-sim" europeu, começou a revelar que não era o que era, ou que já não cumpria o que, nos bastidores, tinha sido prometido. Não foi por acaso que se conjugaram, num zénite negativo, dois astros de uma mediocridade tal, como Sócrates e Durão Barroso, ambos provindos de passados turvos, e com radiosos futuros a acenar. Como dois idiotas, mal foram usados, a Grande Máquina começou a rolar, para impiedosamente os triturar. A versão simples, e mais reles, como o protagonista, é que esteja prometido, na "Nomenklatura" Europeia, um alto posto, para o Sr. Sócrates, depois de ter sido definitivamente vandalizado aqui, ou, em caso de necessidade de fuga, como Herr Cherne. A outra versão, mais optimista, é que haveria um breve fôlego dos amanhãs que tilintam, através de um derradeiro bafo de Fundos Comunitários, para os que ainda os não desviaram o poderem fazer, e depois se porem, fora de aqui, a salvo.
Houve um tempo em que acreditei na Europa, enquanto projecto iluminista de Paz Perpétua. Veio depois a Idade de Ouro, em que os Blocos se degladiavam, para mostrar que detinham a perfeição: nunca a Europa foi tão polida, abundante e exemplar. Com a queda do Muro de Berlim, emergiu a Realidade, começámos por ser a mulher-a-dias que teve de varrer apressadamente, para debaixo do tapete, aquela porcaria que se chamava Alemanha de Leste, e que custou CARÍSSIMO, e, depois, à força, fez-se o frete à América, de qualquer maneira, a engolir os escombros dos Satélites Soviéticos, antes de que o Kremlin redespertasse, com os seus tiques autoritários, de Héron-Castilho, mas em escala ciclópica. Há pouco, vimos a Europa a transformar-se no vórtice dos Estados Ciganos, e o dia virá em que a Albânia assumirá uma qualquer presidência honorária de um continente delapidado. Em suma, sem o contrapeso de Leste, o Agiotismo, a que muitos ainda dão o nome de "Capitalismo" atingiu histerias de que nem Marx -- que nunca li, excepto as primeiras 5 páginas do "18 Brumário", e nenhuma falta me fez... -- se lembraria.
Já que se falou de Marx, prefiro recordar que vivia à pala da mulher, e que lhe arriava, como compete a qualquer bom filósofo, desde Sócrates, que não tinha tempo de bater na mulher, por andar nos rapazinhos, até Marcuse, que estrangulou a dele, e... enfim, até chegarmos ao rebotalho, daqueles que já nem filósofos são, mas se passeiam por Paris -- Carrilho, "I mean" -- mas cumpriram tudo o atrás descrito, às fêmeas de que se serviram.
"Dinis, o papá já não mora aqui!..."
O jogo do preço dos combustíveis, a jiga-joga da especulação sobre o custo dos cereais, lançada, em última instância, pelos Bancos, transformados em cemitérios de casas de preços exorbitados, e impossibilitados de venderem créditos mal-parados aos vizinhos do lado, e cada vez mais expostos na sua função central de branqueamento de capitais, o derrapar da Inflação e o descarado assumir de que nem todos terão de sobreviver deve ter-se tornado num novo pesadelo para o "Zangado" e para o Marido-Corno da Dona Uva, como se esses cavalheiros fossem capazes de quaisquer escrúpulos ou remorsos.
A verdade é que a MÁQUINA, subrepticiamente, mal se viu com o Tratado na mão, começou a retirar-lhes o tapete.
Algures, na Imprensa Virtual -- que continua a ser central, no nosso tempo -- li que não se pensava em Cenário Alternativo, caso a Irlanda, o único país onde o Tratado vai, obrigatoriamente, ser referendado, o mandasse às urtigas.
Pois muito bem, vamos a isso: se o cozinhado é tal que já não se prevê um cenário alternativo, vamos nós começar a apostar nele, e a fazer força para que a Irlanda o chumbe, em directo.
Malditos filhos do Demo, que iriam imediatamente, com o seu livrinho, por arrasto, pelo cano abaixo...

sábado, 10 de maio de 2008

Afinal sempre existe o tal documento por objectivos


Quanto confrontado com o documento que propunha um sistema por objectivos a cada inspector da ASAE, António Nunes mentiu ao dizer que não tinha conhecimento do mesmo. Agora o Inspector-geral da ASAE já admite que tal documento existe... mas foi um engano! Pois, pois... eu acredito!
Já vi cabeças rolarem por equívocos ou enganos menores.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

As metempsicoses de Manuela Ferreira Leite

Dedicado ao Quink644 (não te trates, não, filho, que um dia destes ainda vou ter de te levar ao Centro de Desintoxicação do Cartaxo...)
Hoje, tudo o que eu vou escrever é mentira. The Braganza Mothers são como os Cretenses: todos os Braganza Mothers são uns grandes mentirosos, e isso já era velho no tempo em que Platão inventou Sócrates, que era o "Arrebenta" dele, e até parece que neto, mas essas coisas só confirmadas pelo teste do ADN, ou no "Alcibíades III", um livro tão maravilhoso que nunca chegou a ser escrito, como a "Comédia", de Aristóteles, que achava que a vida, já nessa altura, era um Vale de Lágrimas, e uma perpétua contenção orçamental.
Por razões várias, tenho andado a tentar evitar escrever este texto. A primeira, porque a casa continua desarrumada; a segunda, porque sempre acreditei em que fazia falta, em Portugal, uma mulher à frente um Partido; a terceira, decorrente da segunda, porque lá por ser mulher não era argumento para que fosse uma qualquer, e eu não tinha, assim, a absoluta certeza de ir escrever sobre uma mulher, e aqui entra outra vez Platão, embora a coisa já fosse velha desde Pitágoras e as crendices hindús, e mais atrás.
Falo, obviamente, de Manuela Ferreira Leite, e das suas Metempsicoses.
Para além das coisas que correm por todas as más-línguas, que não é o meu caso, numerário da Opus Dei e servidor de motoristas da Carris em dias de folga, em regime de "franchising", herdado da Amélia da Marmitas, sempre houve qualquer coisa no fácies da Man'ela que me inquietava, não sabia se era chuva, se era gente, mas coisa boa não era, certamente, ora, sensação semelhante só quando deixo, de Ferrari, a Lola, na sua esquina de trabalho, e, mal me vira as costas, penso, "há meia hora, ainda rapavas os pelos as pernas, agora olhando bem para esses silicones, até pareces a Sovício Aparício..."
A razão, estava, como sempre, na leitura dos Clássicos: Manuela Ferreira Leite estava numa das metamorfoses da sua longa Metempsicose. Platão, misógino até à quinta casa, se me não falha a memória da leitura do "Alcibíades III" -- esse Alcibíades, se tivesse vivido hoje, era daqueles que iria trocar uns favores no Jardim de Belém, por um ténis da "Nike", com a Felícia Cabrita a assistir a tudo, sem perceber que se tratava do Mercado Livre, a funcionar, enfim... -- Platão, "dizia eu de que" começava por afirmar que as almas incarnavam, não sei lá de onde, no Homem, depois, o Homem morria de fome, devido à especulação dos bancos, cheios de crédito mal-parado, em redor dos alimentos, e nascia, reincarnado em Mulher, para depois se finar, intoxicado em botoxes e dietas radicais, e vir renascer num leão -- suponho que daqueles do Sporting --, e depois lá seguia por ali fora, de animal em animal, até passar pela lesma, pela alface e até pelos pedregulhos da calçada.
Platão era um gajo cheio de imaginação, porque suponho que cada uma destas transmigrações da Alma, apesar de serem em sentido descendente, implicava um renascer, coisa impossível hoje em dia, porque um tipo decente apagava-se, e, apesar de renascer em Paula Bobone, tinha logo à perna um gajo do B.E.S. a lembrar-lhe que ainda tinha 25 anos de crédito à habitação para pagar, e os gajos são ferozes, porque consta que perseguem tudo, até aos cães sarnentos, e até estar liquidada, ou a alma, ou o último cêntimo, com precedência para o segundo.
Manuela Ferreira Leite, se formos à "Wikipédia", secção do Comboio Fantasma, começou por ser um tal de José Dias Ferreira, Chefe de um dos Governos em que a Monarquia já estava mais para lá do que para cá. Aparentemente -- e isso é um sinal da sua modernidade -- tentou reincarnar em vários homens, mas sem sucesso, já que o Demiúrgo lhe tinha reservado aquele inigualável fácies de equídeo, que tanto a celebrizou nos derradeiros anos do séc. XX. As metempsicoses de Ferreira Leite levaram-na, então, a ser Secretária de Estado do Orçamento de um dos Governos do Cavaco, de onde foi corrida, como profundamente incompetente, e onde logo morreu, para reincarnar, um pouco mais abaixo, já como Secretária de Estado Adjunta e do Orçamento, aliás, dos Três Orçamentos, já que Cavaco governava com o de Estado, o das Privatizações e o dos Fundos Comunitários.
A par com Mira Amaral, foi assim que conseguiu o prodígio de nos colocar na Cauda da Europa de então, o que muito lhes agradecemos, ainda hoje em dia.
Nessa fase, já a degradação ia tão avançada, que teve de se metempsicosar num dos postos mais decadentes de qualquer Governo, o cargo de Ministra da Educação (!), o que representou o abandonar definitivamente a sua anterior forma humana, para se transformar num dos chamados Ministros do Enche-Chouriços -- a par da Pasta da Cultura -- onde ganhou a camada capilar escura que a celebrizou, a Ministra do Mato Grosso e das Retenções. Desse período animalesco, vem a célebre autorização da declaração de Utilidade Pública da defunta Universidade "Independente", que tanto jeito deu a tanta gente boa, de ambas as cores de pele, uns mais de cá, outros mais de Angola. Foi a chamada Era da Academia do Diamante, com esplendores do Diploma comprado de Huíla.
De degradação em degradação, foi depois Ministra de Estado e das Finanças do pior Governo de Portugal, antes de Sócrates, no Período da Tanga, o que até pareceu uma ascensão, mas não era: era tão-só o palco que estava ainda mais embaixo do que outroras-eras...
A sua mente brilhante inventou então um objectivo para Portugal, que era o "Deficit", que já estava em Freud, que dizia que o período sado-anal, de retenção das fezes no esfíncter, relacionado com a Poupança, representava uma estranha forma de vida, ou de prazer, como a defunta Amália diria.
Como cantaria o Outro, o Príncipe Orlowsky, no "Morcego", de Johann Strauss, "chacun à son goût", não fosse a megera achar que 10 000 000 de Portugueses deveriam partilhar com ela o prazer da retenção das fezes, na sala-de-estar do cólon...
Obviamente que tanta rentenção, ou dava um volgo, ou um estouro.
Como Portugal é um país muito imaginativo, uma espécie de Finlândia de Cacilhas, deu ao mesmo tempo o estouro e o volgo... O estouro é o que estamos a viver agora; o volgo chama-se José Sócrates, e corresponde, mais coisa, menos coisa, a expelir pela boca as fezes muito tempo retidas no aparelho digestivo. Eu sei que soa mal, mas é a Real Politik, ou "é a vida", com diria o Guterres.
Nesta fase, já Ferreira Leite se tinha metempsicosisado num agrião mal lavado, e preparava-se, mesmo, para se transformar num grelo definhado, em forma de Farda Mortuária Final da Servilusa, ponto, pt, quando o Patrão de Bilderberg se lembrou de a reincarnar numa coisa ainda mais vil, a candidata do PSD de Rui Rio, Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa e outros dos responsáveis pelo Desastre Nacional.
Em Platão, tudo o que já tinha sido bom degenerava; em Portugal, tudo o que sempre foi péssimo... promove-se.
Eu sei que esta ficção ainda poderia ser pior, e ela ter reincarnado, pelo caminho, em Vítor Constâncio, Paulo Teixeira Pinto, Proença de Carvalho ou Vasco Graça-Moura, mas vamos ficar por aqui.
Por mim, tudo bem, sendo já dado adquirido que o vencedor das próximas eleições será o novo partido, o Partido de Bilderberg, nas suas duas epifanias: ou Sócrates, todo bom e todo-poderoso e todo absoluto e reforçado -- se até lá o Mundo não se tiver extinguido... -- ou Sócrates coligado, no Centrão, com o Mamarracho do P.S.D.
Balsemão já pensou em tudo: para que nada falte aos dois, a próxima metempsicose de Ferreira Leite vai ser um lançamento simultâneo da metempsicose de Sócrates: vão ser geneticamente modificados, e vão nascer siameses, colados pela rata e pelo abdómen, de modo que vão passar quatro anos a dar linguados um ao outro.
Não se ria, prezado leitor: por cada beijo, cada um deles terá de cuspir de nojo para o lado, e as cabeças nas quais eles irão cuspir serão as nossas, como está previsto no tal Sistema Chinês do escarro Cultural.
Muito boa noite, e espero ter-vos estragado o resto da semana.
(Edição Pentagramática hermética no "Arrebenta-Sol","A Sinistra Ministra", "Democracia em Portugal", "KLANDESTINO" e "The Braganza Mothers". Um verdadeiro asco...)

Tudo é Pobre

A preocupação de todas as pessoas é a comida de cada dia. Esta pobreza generalizada produz uma machadada na dignidade. Todos vivem na dependência: do patrão, dos pais, dos avós... Assim, não se tem a atitude que a consciência dita, tem-se a atitude do interesse, da circunstância.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

É proibido proibir

É Proibido Proibir
Caetano Veloso

A mãe da virgem diz que não
E o anúncio da televisão
E estava escrito no portão
E o maestro ergueu o dedo
E além da porta
Há o porteiro, sim...
E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo: É!Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças
Livros, sim...
E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças
Livros, sim...E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...

Este video é dedicado à KLAW-dee-ah

Os Deolinda na RTP

Bloggers Unite for Human Rights






domingo, 4 de maio de 2008

A Generosidade e Solidariedade de um Povo


Ao apelo da campanha do Banco Alimentar, dirigido por Isabel Jonet e que conta com a participação de 17 mil voluntários em 993 estabelecimentos comerciais, os portugueses têm correspondido com um grandioso gesto de generosidade e solidariedade, estando reunidas 1300 toneladas de alimentos até agora. Porque a crise alimentar é uma realidade e infelizmente tem vindo a agravar-se, o Banco Alimentar está a fazer uma campanha de recolha de alimentos nos dias 4 e 5 de Maio, e que está a ter uma resposta bastante positiva. É caso para dizer que: O povo, com a sua generosidade e solidariedade, é que combate a crise alimentar!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Violet Hill: 1º single do álbum "Viva la Vida or Death And All His Friends"

Coldplay

O Cenário Pornográphico do Novo Accordo Ortográphico

Dedicado a todos os que escrevem e lêem o nosso espaço
No Princípio, era o "Animatógrapho", e o "Animatógrapho" se fez "Olympia", e o "Olympia", "Cinebolso", e Deus viu que era bom.
Quando meu amiggo y souber que me appanhou por el tardar e lheu desser que foy por soer muy baratto, e de dia inteiro, e nelle se amontoavam "Amellia de as Marmittas", y m'ailla "Côxa", do Salittre, e "Laura", que não soía ser de Pettrarca, mas mais próçima da "Mikas, a Muñeca de Cêra", e do "Muleta Negra", ay, deus, e os marujos, e o "Ze da Tarada", ay, deus, y u são?...
Ay deus, y os marujos, que Cesariny, y tanto soía chuchar,
ai, deus, y u são?...
"Em outro dia estavom mui gramdes temdas armadas no ressio a çerca daquel moesteiro, em que avia gramdes montes de pam cozido e assaz de tinas cheas de vinho, e fora estavom ao fogo vacas emteiras em espetos a assar", pelo que sorte foy que nom ouvessem gentes da ASAE que per ali passassem, senão fechava a "Gingiña" e outros luggares. Sorte deles, pois com suas marmitas, por ali se contava o "caso de um filho da Duqueza de Bejar, soffrendo desde creança de "deliquios" e "syncopes", e merevilhosamente curado com a pedra bezoar [...] que eram piquenas, pouco maiores que um caroço de tamara", mas, bem chuchadas em um vaam de escada, dela se tiravam milagres, como soía ser voz corrente entre homens cazados.
Dzia Dona Bocarra Guimarães, cuja boda branca se foi soer ser pela Unesco, depois de lhe deixar prenha de um rebento, que se fazem grandes línguas com grandes escritos. "Confesso os cómodos desta profissão, mas não ignoro os incómodos, que, quando outros não tivesse, senão aquele mau costume de ler sempre por ruim letra, não era pensão fácil", pois não, sobretudo em épocha em que até em pharmácias e para-pharmácias e hypermerccados se vendêrem merdunças como o "Rio das Flôres" e as Crónicas do teu Cabaço, sempre largo com um inchaço, tudo isto para dizer, que Língua, a ser feita sempre de Outroras, nunca tinha saído da nora antiga, cepa torta e coisa pouca, e agora muito mais queirósiana, meus amigos, desde Saussure que o que a mão escreve não condiz com o visto pelo olhado, nem a massa sonora se faz sentido da forma estreita com que o Tempo grafa o que é para ser grafado. É o milagre da Fé, e, ou a Língua se faz, e escreve, por quem a fala, ou logo encrenca num qualquer atoleiro de sinal de rua única sem sentido, e que seria de nós, se a Língua subitamente perdesse o sentido?...
É tudo um hábito, como Pavlov diria, e até os psiquistas das coisas do quotidiano dizem que um sorriso de mãe, quando visto pela criança deitada, é indiferente de vir de cima, ou de baixo, direito, ou inverso, lê-lhe aquela alma, dos sentimentos, sempre como o sorriso maternal, e essa é a essência, mesmo, do que é essencial.
Vem agora a parte dura: o Nobéle Português, que Deus Nosso Senhor finalmente parece estar em vias de levar para junto de si, deo gratias, nada fez pela Língua, excepto fazê-la regredir aos tempos do Senhor Dom Francisco Manoel de Mello, e quem fala desse cabaço fala de outros quejandos -- hoje, estou todo frenicoques e regionalismos... -- as Lídias Jorges (muito tens de praticar, pá, és muito fraquinha...), os Mários Cláudios, que mandam tudo para Lisboa, para corrigir os erros, e os malfadados regionalismos, a sinistra Agustina, que o Mário Viegas, já na fase de bater a bota (bóta/bôta/botta) bem descreveu, e passo a citar: "A Agustina já era fascista antes de haver Fascismo!..." (aí, fadista, também já lá estás...), e não são os indefensáveis pergaminhos de 10 000 000 de desgraçados, na sua maior parte incultos, novo-oportunizados, ou oportunistas, como queiram, que vão construir uma Língua, assente em três vernáculos e quatro palavrões, quando não mete um fático "bué" entre o "caralho" e o "foda-se" -- o "camano" está um pouco fora de moda, mas sempre lá se encontra um taxista que o pronuncia, com o acento do assento do banco de trás.
Se não houver talentos à altura de escrever a Língua, e de fixar qualquer grafia que seja, a todos os pares seus entendedores, bem podem os Velhos e os Novos do Restelo ladrar contra os Milhões da Terra de Vera Cruz, também chamada Brasil.
Do lado de cá, os grandes intelectuais e defensores da coisa pública, os grossistas da Língua e do Direito de Autor capitularam incondicionalmente: o monstro chama-se "Editora Leya" (repare no "y"...) feita de Asa, Caminho, D. Quixote, Gailivro, Novagaia e Texto, a chancela angolana Nzila e a editora moçambicana Nadjira, feita de grandes militantes do internacionalismo e da fronteira nacional, gente séria, chamada, por exemplo, António Lobo Antunes, José Saramago, Eduardo Agualusa, Mário Cláudio, Manuel Alegre, Lídia Jorge, Mia Couto, Alice Vieira ou Rosa Lobato Faria, entre outros. O golpe foi elementar: rasgar contratos originais, e assinar novos, com a LETRA Y -- nem Bilderberg faria melhor... Ah, sim, e a genial cabeça disto tudo é Paes do Amaral, que logo nos remete, para quem não percebeu, para o meu enigmático início de texto...
O fim ainda é "mais mau": A Sinistra Ministra e os Lindos Olhos de Mariano Gago breve vos trarão as outras razões escatológicas destas urgências: continuem a ler Saramagos, Vascos Graças-Mouras e Tolinhos Tolentinos, do meio tostão, que a resposta já está dada, e firmada, o Accordo Ortográphico é tão só a auto-estrada pela qual os Professores de todos os Ciclos, do Canto-Chão, até ao Universitário, virão, do Outro Lado do Oceano, ocupar, com avidez, quando se rebelarem, contra salários e condições de trabalho, os vossos belos postos de trabalho, e o sotaque, meu deus, até o sotaque, pois então, pois nesta época de coxos, mancos e canejos, só o cifrão do € não sofreu alteração, pois não, como diria o outro, para rimar, pois não, com certeza que não...
( Edição simultânea, em forma de quatro pés de suporte de caixão, no "A Sinistra Ministra", "Democracia em Portugal", "KLANDESTINO" e "The Braganza Mothers" )