terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Da Vida de Ratzinger, seguida da Belle Époque das mumificações em vida, contraditadas pelos casos anómalos de Miguel Relvas e Franquelim Alves




Imagem do Kaos


Hoje é daqueles dias em que eu sinto que devia ter escrito este texto, que há um mês tenho na cabeça, um dia antes: poderia ter passado por profeta; assim, contento-me com marcelo rebelizar a coisa.


Para aquelas gajas com cabelo tipo piaça, como a Aura Miguel, fundamentalista lusitana, e opusteísta, que se masturbam com cromos do Santo Padre, a frase é exatamente inversa: Ratzinger começou bem, continuou muito melhor, e acabou exatamente na perfeição.
Perguntem-lhe a ela por quê, porque eu já me masturbei com muita coisa, incluindo páginas dedicadas à pastorícia alpina, da "National Geographic", mas, com Ratzinger, felizmente... não.

Dos inaptos, ignaros, servilientes e espantados do Santo Anúncio -- coisa vinda diretamente do Espírito Santo (sem ter passado pelo Ricardo Salgado, nem pelo vigarista do Álvaro Sobrinho, que faz as missas em angolar) -- o dia foi preenchido com as maiores baboseiras dos Vazes Pintos, do Seabra, que adorava apalpar os rapazinhos da "Católica", e de mais umas vozes da beatitude, que me fizeram lembrar que a televisão tem de estar permanentemente ocupada com um dos Três Éfes, senão, não seríamos a Cauda da Europa. Fartaram-se de falar de Gregório XII, um disparate, quando deveriam ter falado de Celestino V, tal Thomas Mann o celebrizou.
Infelizmente, a Cultura continua a não ser para todos.

Parece que o Ratzinger era um intelectual. Para mim, intelectual, ter um intelectual, como Ratzinger, na forma do inter pares, é uma vergonha, pela simples razão de que a minha intelectualidade se resume a tentar encontrar fórmulas e aforismos, que tornem o meu tempo inteligível, enquanto Ratzinger, na sombra dos seus gabinetes, com mais ou menos pedófilos, com mais ou menos mafiosos, e com mais ou menos criminosos, à sua volta, dedicou toda a sua intelectualidade, não a deixar obra, mas a cometer o pior pecado que qualquer pensador alguma vez poderá cometer: o de, sectariamente, tentar substituir o pensamento dos outros pelas fórmulas e imposições vomitadas pela intransigência e verborreia do seu obsoleto cavername craniano.

Isto, contado às criancinhas, e inserido no tempo lúgubre, que atravessamos, resume-se na seguinte frase: no período fundamentalista dos credos do Livro, Ratzinger, enquanto homem, padre, bispo, teólogo e papa, durante mais de meio século, intoxicou toda a doutrina da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Humana com o que de pior poderia produzir o subproduto das palavras deturpadas do dogma saído do Vaticano I.

Se Pio IX foi um flagelo, em ato, Ratzinger, sempre cobarde, e através das suas interpostas figuras, e, só no fim, com o focinho realmente ao léu, foi o Flagelo do Cristianismo durante uma crucial fase dos séculos XX e XXI.
Para todos os que levantam o dedo para as atrocidades e ortodoxias do ayatolismo, bem bastaria que pusessem a mão na consciência, e vissem que o Trono de Pedro foi ocupado por uma alma, que, de falinhas em falinhas mansas, atirou toda a relação de tolerância entre o Clero e os Povos para o caixote do lixo das prepotências medievais.

Agrada-me que tenha protegido os pedófilos, porque, muito para lá de tudo o que de bom possa ter escrito, a História já lhe agrafou, nas costas, esse letreiro.
Melhor do que qualquer das suas encíclicas, ficarão as fotos do fardamento da Juventude Nazi.
No seu necrotério, como já vem sendo hábito, constará a listagem dos muitos mortos da SIDA, bem mais importante do que os santos de fancaria, que disparou, à pressão.

Para mim, todavia, que sou uma sensibilidade dos pormenores, fica a vergonha suprema, que foi, depois de ter alimentado até à exaustão o seu Golem, o Frankenstein Polaco, o Papa da Sida, Woytila, rude, agreste e primário, a sua obra prima, o fantoche de tiara, que durante décadas, mergulhou a Cristandade no Fundamentalismo e nas Trevas, substituindo a Religião pela Crendice, depois de ter alimentado esse golem, com o combustível de que a cruz do Vigário de Cristo era para carregar até ao fim, e, depois de nos ter forçado à violência e tortura das imagens de um homem em agonia, João Paulo II, e daqueles esgares de que nunca nos esqueceremos, no meio de um sofrimento atroz, quando lhe chegaram as primeiras dores nas cruzes, e as impiedosas picadas das artroses, resolveu arriar a canasta, já que isso do sofrimento é bom, mas só na forma da teoria, como muito bem, melhor do que eu, poderá explicar o Padre Seabra, nos intervalos dos apalpões dos rapazes da Católica, que, suponho, é ele que apalpa, e não o Espírito Santo.

O objetivo deste texto não era, embora tenha sido forçado a ser, qualquer metralhamento da figura hedionda de Ratzinger. Ratzinger, para mim, não tem qualquer densidade, nem sequer autonomia: é, será, tornar-se-á, com o tempo, em mais um daqueles da longa listagem dos castradores do pensamento e dos censores da felicidade alheia. Foi um canalha de outra época, imposto, pela sua vaidade, ao nosso tempo, e bons estragos causou. A sua eterna cobardia não o quis fazer ficar associado à III Guerra do Golfo, mas ficará associado, pela ausência.

As nossas contas estão ajustadas, porque se vai embora, e não vai durar muito. Terá longas sessões de playstation com Satanás, mas não estarei lá para ver, porque detesto jogos de consola: sou dos clássicos, estagnei no xadrez, ou, mais propriamente, no xadrez do tempo. E, porque Ratzinger não me interessa de qualquer perspetiva, exceto a de ter consumido vários anos da minha vida a suportar o seu mofo, gostaria de abordar a metacronologia em que ele se insere, e o padrão anómalo, de Fim da História, em que, durante algum tempo perorou, e vamos já ao tema.

Neste tempo demente, viciado pela aporia do Final dos Tempos, assistiu-se a um dos fenómenos mais extraordinários da História Humana: ao contrário do Egito, entre muitas culturas, que praticou a mumificação post mortem, o doentio Ocidente Contemporâneo avançou para uma fórmula ainda mais excêntrica e decadente, a da mumificação em vida.

Num mundo dominado pela permanente mentira, e pela ignorância, aos jatos, que brota dos jornais e televisões, fez-se crer, ao grande público, que estávamos em velocidade de cruzeiro de duas das maiores falácias de sempre: o Mito da Eterna Juventude, e o Mito da Eternidade.


Para quem não perceba do que estou a falar, nunca saberemos se Bin Laden existiu, se terá peregrinado, e e se terá, por fim, sido executado, numa manobra de propaganda, do fantoche Obama. Quem diz Laden tem outros milhares de exemplos: o Fidel, que nunca mais morre, nem a gente almoça; o Chávez, que estar vivo, ou morto, é agora totalmente irrelevante para a retórica dos comentaristas e a histeria das massas; os ditadores da Coreia do Norte, os déspotas Dos Santos e respetivos filhos; os Berlusconis, que já deveriam ter sido varridos da História, a par das perenidades Merkels, e, mais próximo de nós, aqueles dinossauros da corrupção nacional, os autarcas forever and ever, o Alberto João Jardim, o Isaltino, o Valentim, o Pinto da Costa, o Balsemão, esse cancro da Democracia e da Informação, e, ainda abaixo de todos, aquele pavor que pena, em Belém, entre a destruição económica, industrial, agrícola e social, dos anos 80, que agonizou, e protagonizou, e as suas recentes recaídas, no BPN, e na dissolução da identidade nacional, pelas quais enveredou, nos anos 10 do III Milénio, através de si mesmo, da Patrícia, do Montez, do Sócrates e do inenarrável Passos Coelho, e respetivos apêndices, de Angola , da China, e da Goldman Sachs.

Infelizmente, neste desvario da perenidade, do durar para sempre, do insubstituível, do não mexer um músculo, no meio das maiores tempestades éticas, políticas e da própria desvergonha social, podemos encontrar sempre um nível mais baixo, o Relvas, no qual Aristóteles teria encontrado uma epifania do Motor Imóvel, e, mesmo, melhor do que isso, do Motor Inamovível, e esta recente anomalia ético partidária, chamada Franquelim Alves, que é equivalente a ter colocado o Carlos Cruz a dirigir a Casa Pia. Nós gostamos, encolhemos os ombros, e seguimos.

No meio de todo este cortejo, que só me faz lembrar o Baile dos Vampiros, do "Por favor não me mordam o pescoço", de Polansky e da lindíssima Sharon Tate, parece que hoje, finalmente, alguém torceu um pé, o papa nazi e pedófilo Bento XVI.

É pena, porque o cortejo ia muito ajeitadinho, e, de repente, uma das múmias tropeçou, e caiu para o lado. Diz ele que "não aguenta mais". Tem graça, que nós também não, e, agora, que caiu um, esperemos que comecem a cair todos. Se há coisa de que não há falta, no Inferno, consta, é espaço.

Podem ir começando a tirar senha, que a primavera está a chegar, e a Aura Miguel vai ter de encontrar um próximo, talvez mais novo, e preto, para se masturbar.

(Quarteto apostólico, do Ratzinger, nunca devias ter nascido, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers", que execra, mas execra, mesmo, o buldogue do Fundamentalismo Cristão)