sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Duarte Lima, como gota de água das "Conversas em Família" do Cavaquistão, ou Ecos de uma Revolução Iminente





Imagem do Kaos


Para ser sintético, o século XX português, produziu duas grandes anomalias: o salazarismo, que gerou 50 anos de atraso, e o cavaquismo, que só soube produzir duartes limastudo o resto são arredores.

o problema do cavaquismo, como bem saberão os apreciadores da mitologia, está para jasão e os argonautas, como o primeiro grande cancro de Portugal do séc. xx, o socratismo, está para os epígonos. jasão, lançou-se numa epopeia, no fim da qual encontrou o tosão de ouro e medeia; os epígonos, assumidamente mais frágeis, apenas encontraram cnos, bpns, fundações armandos vara, e os oráculos de vítor constâncio, com muita pedofilia pelo meio, e assim poderemos igualmente resumir a primeira década do presente século.
acontece que, em cem anos, muita coisa muda na tipologia de uma Nação. pelo meio, tivémos uma guerra de interesses, que, entremeada com outra guerra de interesses, conduziu a uma Revolução, demasiado branda para as necessidades de uma sociedade oprimida ao ponto da explosão.
como entrou para o senso comum de todos os comentários de rua, o 25 de abril deveria ter sido aprofundado, ao ponto de ter erradicado todas as metástases que nos gangrenavam o tecido europeu, mas não foi. triunfaram os brandos costumes, e a coisa voltou a entrar em derrapagem, desta vez em ritmo acelerado. mário soares, com todo o lastro que lhe conhecemos, foi o derradeiro político do século que compreendeu que não nos restava mais nenhuma opção senão a de enveredar pela recuperação do tempo perdido, e voltar aos tempos de glória, em que Portugal, uma das sete mais ricas nações do mundo, de então, aceitava dissolver-se na paridade de uma condigna comunhão europeia.
engano.
começou, então, o cavaquismo, uma segunda via de santa comba dão, onde, mergulhados numa chuva de fundos, direcionados para o pontapé de arranque a que o plano marshall, tal como a guerra, nos tinha poupado, vimos, um após outro, serem destruídos os alicerces de qualquer economia: agricultura, pescas, produtos tradicionais, mineração, indústria transformadora, estaleiros navais, entre muitas coisas, foram transformados num país de alguns novos ricos, viciados em cocaína, e de muitos novos pobres, perdidos nas esquinas do "cavalo", da importação das sobras do mundo civilizado e da especulação das mafias do futebol, da construção civil, e dos bancos dirigidos por camorras inenarráveis.
o cavaquismo está resumido numa lapidar frase de parede de casa de banho, que retive: "o cavaco deixou vir os pretos, que te roubaram as gajas, as casas e os trabalhos, e tu agora ficas no teu quarto, a bater uma punha".

para os racistas, nos quais não me incluo, o resumo seria delicioso, não estivesse tão perto da verdade, para tanto, bastando tornar mais eruditas as palavras redigidas. na verdade, "os pretos" foram mão de obra clandestina e barata, que veio ocupar os postos de trabalho manual, que os portugueses, um dos povos com as mais baixas habilitações da europa, achavam indignos da sua velha tradição senhorial, de andar a roubar os outros, pelo mundo afora. portanto, é verdade que, na forma de novos escravos, começámos por deixar vir "os pretos" do cavaquismo, que viviam em contentores, e depois de construírem expos e centros culturais de belém, eram postos fora, sem segurança social, salários em atraso, algumas irremediáveis feridas de corpo e alma, e com um discurso sobre a terra de Afonso Henriques capaz de nos envergonhar, para sempre, nas suas paragens de origem.
conhecemos, depois, o ciclo dos eslavos, dos brasileiros, e, por fim dos indo paquistaneses, sempre utilizando a mesma receita dos descartáveis, "os pretos", que iam permitindo que o tecido social e económico se degradasse, enchendo os bolsos dos criminosos da construção civil, da banca e do futebol, misturados com as "gajas", das redes de alterna de brasileiras e eslavas, dos vice reis do norte, cujos nomes são sobejamente conhecidos, e que necessitavam de mandatos de captura idênticos ao de duarte lima.

cavaco silva, uma mente retrógrada de um buraco algarvio, destruiu o aparelho produtivo, e criou a dívida, um colossal monstro que apenas esperava a sua ocasião para fazer a aparição, enquanto a sociedade sofria um colossal desvio das regras que regem qualquer estado democrático, e são simples, porque são só uma: o princípio da paridade de qualquer cidadão perante a Lei.

aprendemos que isso tinha desaparecido com leonor beleza, um dos rostos femininos do crime sem castigo, com cadilhes, os tais duartes lima, os cardosos e cunha, os ferreiras do amaral, a quem nunca cortaram "as gorduras", os pintos da costa, os isaltinos, os "majores" e outras tantas aberrações de que já nem me lembro.
quando guterres percebeu a coisa e abandonou o país, que mais não era do que um "open space" de fundações, de freeports e de políticos vivendo abertamente na sua pedofilia, já era tarde de mais: inaugurava-se o ciclo carlos cruz, cujas ligações à rede de tráfico mundial de rapazinhos permitiu trazer para Portugal o euro 2004, que as pessoas pensaram ser desporto, mas não era, era o "futebol", "futebol à portuguesa", mesclando mafias de mourinhos e figos, construção de estádios inviáveis em desertos inomináveis, e atirando para os bolsos dos de sempre, e mais uns quantos recem chegados, colossais talhadas de dinheiro, que poderiam ter trazido colossais saltos nos índices de desenvolvimento humano da nossa população, mas, mais uma vez, à velha maneira cavaquista, representaram colossais formas inenarráveis de retrocesso, corrupção e compadrio.

em 2005, como cúmulo desta acumulação de monstruosidades, a ignorância de alguns portugueses chamou para o palácio de belém um indivíduo que deveria estar no estabelecimento prisional de lisboa, o mais perigoso dos políticos, porque, ao renegar a sua condição de político, inaugurou uma novel geração de não políticos, a quem eram permitidos todos os atos ilícitos da política, a coberto de uma impunidade, que mesclava a justiça com o crime organizado, e colocava toda a escadaria das sociedades secretas a cavalgar a normal ascensão das hierarquias de mérito da cultura, da academia, da empresa e da sociedade, em geral.
não preciso de enunciar os nomes, porque vocês conhecem-nos: claras ferreiras alves, isaltinos, moitas flores, searas, jardins gonçalves, deuses pinheiros, miras amarais, vítores constâncios, ulrichs, varas, bavas, carrapatosos e tantos outros, que desfilam diariamente pelas televisões, e que, ao surgirem, nos leva a todos nós pensarmos, "olha, este já devia estar preso"... acontece que não estava e e não está, e, como se de uma imensa estação de tratamento de lixo se tratasse, Portugal transformou-se subitamente numa gigantesca montureira, onde todos os resíduos se acumularam, sem qualquer remoção.
quando dias loureiro, um facínora, mandou disparar, na ponte, sobre os Portugueses, já vinha a caminho o fedor dos epígonos, cada um pior do que o anterior, e vivenciámos a era dos licenciados a preceito, com o sr. sócrates a servir de epígrafe a uma gigantesca lista telefónica, e onde o português finalmente percebeu que vivia num estado fora da lei.
o cavaquismo só produziu escroques, ladrões e assassinos.

nunca como com cavaco, e com sócrates, em 10 mais 6 anos se conseguiu destruir tanto, e em tão pouco tempo.

o caso duarte lima, uma derradeira forma de vómito, num momento em que Portugal está em risco de perder a Independência, com o rosto a mergulhar numa penumbra de pobreza, ao nível da áfrica subsahariana, revelou que tem de vir a justiça de uma superpotência, em ascensão, mostrar que para ser exercida justiça em língua portuguesa, ela já tem de ser imposta de fora das vetustas fronteiras que Afonso III tão cedo fixou.

para Portugal, chega de vexame e impunidade, chega de contornar as responsabilidades e de continuar a permitir a impunidade de todos estes rostos de facínoras que nos destruíram e retiraram a dignidade pessoal, histórica e nacional. antes apreciemos a nem sempre agradável, mas inevitável, metamorfose do Magreb.
tudo o que hoje estamos a presenciar merece ser considerado como o episódio final desta miserável telenovela, e chegou o momento dos garantidores da nossa soberania, os militares, assegurarem a última fronteira que nos resta, a do direito de indignação: com 23 anões atrás, o colossal anão aníbal cavaco silva vai agora a caminho do paraguai.

talvez seja um bom dia, e uma boa ocasião para os militares dizerem ao seu comandante supremo que deverá partir, para já não voltar.
nós, Portugueses e Portuguesas, agradeceremos infinitamente.


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Menos 100 000 funcionários públicos, ou menos... 100 zeinais bavas?...

N


imagem do Kaos


Eu gosto muito do Vítor Gaspar, faz-me lembrar o séc. XVIII, na fase dos autómatos, em que uma caixinha se abria, e tocava um minueto, ligeiramente obsoleto, e as senhoras soltavam ais, enquanto colocavam pó de arroz sobre peles francamente ressequidas, e o autómato rolava os seus pingos mecânicos do dó ré mi.
A droga, como toda a gente sabe, mata, mas isso nunca me preocupou, desde que não me mate a mim, e está a acontecer que os comprimidos do sr. Gaspar, tal qual as injeções contra as perturbações neurológicas do sr. Aníbal, estão-me a começar a chatear. Eu sou ligeiramente manso, taurino, até ao momento em que a mostarda me começa a chegar ao nariz, e já chegou, quer dizer, eu até tenho escondido isso, mas já chegou há muito tempo.

Quando o Vítor Gaspar põe aquelas protuberâncias de mocho cravadas na televisão, porque ainda ninguém lhe explicou que não piscar os olhos é uma coisa grave, e pode secar as delicadas mucosas da visão, e depois de cravar as olheiras nas câmaras, começa, monocordicamente, a debitar umas certezas, porque, em Portugal, não existe o juízo de valor, e as verdades "financeiras" são evangélicas, e, até, acima das causas naturais, e dos milagres da fé, ainda se posicionam as certezas do discurso das "contas", eu tenho tendência para adormecer, e só não adormeço porque considero francamente grave e preocupante que um país inteiro se esteja a deixar governar por uma sobredosagem de antidepressivos, cuja marca e posologia desconheço, e que escondem uma oculta derrapagem, aliás, uma colossal derrapagem do equilíbrio mental comum.
O meu amigo Pedro Paixão fazia o mesmo, quando ia para defronte das câmaras fingir a sonolência que deveras tinha, e que as secretariazinhas e as operadoras de caixa do "Continente" confundiam com génio, aliás, numa métrica e numa regra de três simples, muito semelhante aos leitores de Saramago e do Miguel Sousa Tavares.

Os Portugueses de Lineu, raça pouco culta, enveredou agora por um novo misticismo, muito parecido com a hipnose pítica, e a angústia dos oráculos de Delfos, e sempre que o mocho aparece na televisão, com as órbitas completamente esgargaladas, num nível de inflação que qualquer optometrista consideraria grave, o ignaro da bica e da bifana junta-se ao diplomado da Lusófona e ao eleitor do Isaltino, e fica em transe, posto que daquela boca, com aquele lento m_a_s_t_i_g_a_r de sílabas, e aquele entorpecimento, estudado desde os rituais de hipnose dos mestres de Freud, só poderiam sair verdades bíblicas.
Para mim, pagão profundo, não praticante, respeitador de todos os cultos, exceto da idolatria da santa com cara de saloia, não consigo ver no Gaspar mais do que um Constâncio sem centésimas, já que este é menos subtil, e ataca mais com a estratégia do grossista, estilo Makro, enquanto o outro pensava que vivia nas subtileza das balanças de farmácia, a acabou por acobertar todos os crimes financeiros deste país, com o BCP, o BPP e o BPN à cabeça. Para os adoradores de Vítor Constâncio será muito difícil engolir que eu acho que ele devia ser pendurado pelos pés, e receber um tratamento à iraniana, até que perdesse a vontade de falar em centésimas, e ganhasse voz grossa de homens, daqueles a sério, que fazem gargantas fundas com o Bonga, mas é isso que eu penso, e, portanto, deixo o meu humilde testemunho aqui, para memória futura, ou, quiçá, mais próxima do que se pensa.

Há os adoradores do Vítor Gaspar e o templo de Medina Carreira, onde as senhoras da classe média alta vão acender círios e deixar mãozinhas de cera, em louvor da voz profunda da desgraça, quando o Medina Carreira do que gosta é de festas e se está zenitalmente borrifando para o que acontece, conquanto lhe paguem, a metro, o agourismo. No templo ao lado, venera-se a Vénus Minorca, também conhecida pelo Mister Magoo, o célebre Marques Mendes, uma invenção do pedófilo Eurico de Melo, na fase em que ainda linguava os meninos, sem ajuda de calçadeira. Os cavalheiros do whisky de centro esquerda adoram o Deus Sousa Tavares, nascido diretamente de uma cópula de Neptuno, disfarçado de nuvem de coca, com as ninfas perimélides. A semideusa Constança Cunha e Sá divide o altar com a nula Helena Matos, onde se cultua o neopauloportismo, uma gnose nascida do gin tónico do mirmitão Vasco Pulido Valente com a ambição de arranjar um lugarzinho na bancada do PSD, daquela lontra que era toda "Blasfémias", antes de se entrapar no Sistema, de onde, aliás, nunca saiu, nem pretendeu sair.

Esta nova Roma é cheia de templos, com a diferença da antiga, de que parecem currais do interior profundo, onde os deuses não passam de suínos e os seus adoradores filhos de uma longa geração de impreparação para o juízo crítico, que começou com a Santa Inquisição, se apurou com Salazar, e teve o seu ponto mais alto (?) com aquele oráculo que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava.
Aliás, creio que ele estava tão certo que sabia, de forma certeira, que iríamos chegar aqui, quando desmantelou o tecido produtivo português e nos transformou numa enorme máquina ignara, de importação dos subprodutos do Hemisfério Civilizado, que, hoje em dia, se converteu num pequeno sonho de lojas de chineses, tal como Obama converteu o Sonho Americano no Sonho Mexicano, e, e, e, e... já vão com muita sorte.

Aquelas célebres equações da Economia, que sempre me fizeram dar enormes gargalhadas, como a do Produto Interno Bruto, na ótica do rendimento: PIB = remunerações do trabalho (?) + excedente bruto de exploração (?) + Impostos (?), que é uma coisa lindíssima, já que, explicada aos espectadores dos programas da Teresa Guilherme, equivale a dizer que é uma pescadinha de rabo na boca -- em Matemática, chamamos-lhes "iterativas", já que o termo posterior pressupõe a presença ativa do anterior... -- ou seja, que aquilo que a velhinha ganha é igual ao que a velhinha recebe mais uma percentagem do que a velhinha está a receber.

Do ponto da correção filosófica da "Definição", o objeto a definir, em caso algum deverá fazer parte da definição, caso contrário, entramos em ciclo, o que acontece com todas as fórmulas miraculosas destas receitas financeiras, já que o que é avaliado e previsto tem sempre uma costela caótica onde a entrada faz viciada parte da saída.

É evidente que estes gaspares e gaspachos afins nunca questionaram as suas miseráveis equaçõezinhas, porque é esta permanente repetição do erro, que na Terceira Escolástica, em que permanentemente estamos imersos, todos os astros continuam a girar em redor da Terra, e serão sempre acrescentados epiciclos, de modo que este ptolomeísmo plebeu não se perca.
Evidentemente, já nem falo da Constança, da Matos, ou daquela que parece o Yeti, cujos restos finalmente foram descobertos, na Sibéria, e são um cruzamento da Inês Serra Lopes com a garagem do sósia do Carlos Cruz, mamar é viver, mas dos gaspares, ganzados e monocórdicos, que estão a destruir o que ainda restava de irreverência.
Acontece que talvez não estejam, e toda esta boutique fantasque esteja a anunciar o tal colapso civilizacional por que tanto se ansiava, e que já deve estar a caminho, a reboque da carcaça do Kadafi, e da Semente do Diabo, nascida fêmea, do ventre da varoa Carla Bruni.

Para quem não percebeu, até agora, nada do que eu escrevi, eu vou passar aos exemplo: quando um anormal, gaspar, ou afim, prevê um aumento das receitas nas portagens, baseando-se no fluxo estatístico de veículos que circula(va) na estrada, esquece-se de que, mal aumente as portagens, se arrisca a que as pessoas, ou andem menos, ou vão por caminhos alternativos, pelo que a bela do seu aumento de receita se traduzirá, de facto, numa diminuição de entradas de capitais. No consumo, é exatamente o mesmo, porque vossa excelência aumenta a taxa, e o comportamento saudável do taxado é passar a consumir menos, ou nada. Em termos práticos, e adotando aqueles clamores das centrais sindicais, isto, a curto, médio e longo prazo, leva a um aumento exponencial do desemprego, da miséria, e do retrocesso civilizacional, em suma, ao "Pügrèsso", de que a mais alta autoridade nesta derrapagem, Aníbal Cavaco Silva, se empenhou, desde que era "Timoneiro", em 1986 e seguintes.
Claro que dizer isto ao Vítor Gaspar, quando está com as olheiras fixadas nas câmaras é mentira, porque, entre as cátedras e o deslizamento das cátedras para os catecismos da Demagogia, que enforma a Política, é só um empurrão, geralmente "independente", porque os sistemas partidários adoram queimar os independentes, sempre na esperança de que o anormal típico do voto na urna não confunda os graves erros das legislaturas com a pureza e o purismo das ideologias que ocupam os lugares de decisão. Todas as sombras precisam de rostos, e os independentes sempre foram os rostos destas permanentes sombras.
O último oráculo do sr. gaspar dizia que, ou era isto, ou 100 000 funcionários públicos para a rua, eu repito, em tom ganzado de vítor gaspar... 1_0_0   0_0_0   f_u_n_c_i_o_n_á_r_i_o_s    p_ú_b_l_i_c_o_s para a rua, e eu vou-lhe dizer, com um tom ligeiramente menos ganzado, mas infinitamente mais assertivo, que ele experimente substituir, na sua miserável equação falida, 100 000 funcionários públicos por pôr na rua uns, vá lá, assim por alto, 100 zeinais bavas, e chegará às mesmas economias. Creio que o país respiraria melhor, e até faria a sua pequena catarse, sem precisar de nenhum "presidentcídio".

Para que não terminemos em tristeza, vamos trazer para aqui uma pequena alegria, de que os Portugueses se esquecem, ou ainda não notaram: o país, outrora de Henrique e Da Gama, é agora da carapinha Dos Santos, que, esperemos que seja só um arranjo de armazéns, porque, mal começou a ser referida como criminosa, e a invadir os motores de busca com o "novo iate de Isabel dos Santos", nos blogues do "SOL", levou a que todos os blogues do "SOL", entre causas naturais e milagres da fé, se... apagassem, de um dia para o outro, como poderão aqui confirmar.

Talvez voltem, ou... não, afinal, como com o Kadafi, tudo depende da... carapinha :-)
L'important c'est la carapinha.

(Quarteto dos bavas, no extinto "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e no não carapinhável "The Braganza Mothers")

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Nuno Crato, uma escatologia, na forma de 500 zeinais bavas que querem "frô"





Imagem do Kaos


tenho, por nuno crato, o mesmo respeito que tinha pela milú, a mulher a dias da educação, com algumas variantes, a de, realmente, o respeito ser um pouco abaixo e a barba dele estar um pouco mais acima.
sempre que há nunos cratos a cratizarem-se no que resta no cenário por desmontar de um sonho de um gajo que nunca devia ter sonhado isso, afonso henriques, vem-me à cabeça um velho aforismo, que, algures, inventei, o de que, para a cultura e para a educação, qualquer coisa serve, desde que tenha um ligeiro ar de vaca da graciosa, ou um gene de hipopótamo, que vai da mente às extremidades elefantisadas. claro que isto são meras imagens, um pouco os meus graffitis de escrita, mas o sumo da coisa, o meu plano nacional de leitura, para citar outro traste, um camelo de sorrisos falsos, a essência destas imagens é a métrica de uma linha de pensamento que se vai tornando impiedosa, de dia para dia, e que está a chegar agora, por puro tédio, a um seu máximo relativo, como o crato, matematico, adoraria ler escrito, e vamos já aos factos.

como é sabido, as repúblicas do séc xix, a par com as monarquias liberalizantes, sabiam que o sistema de ensino público, a começar pelo primário, era a espinha dorsal de todas as esferas do futuro, pelo que, sempre que hoje se fala em desinvestir em educação, eu saco do revólver das palavras e começo a zeinal bavar-me em todas as direções. depois, como dentro do horror, há sempre um horror do horror, aparecem os cratos, para fazer os fretes que a milú inaugurou, e que a sensaborona opinião pública nacional, uma coisa que só se sabe pronunciar sobre as punições do balneário do leão, ou lá que merda é essa, quase que ignora, já que no tabuleiro do nada vale, tudo vale, na forma do deixa andar,
mas eu não deixo, porque, podem cortar em muita coisa, mas a minha sensibilidade para os valores do relacionamento humano é demasiado sofisticada para não me agarrar às centésimas, e dirão vocês que isto é um vítor constâncio que em mim grita, e eu direi que sim, tal como a senhora de mota amaral tem uma santa da ladeira por fora e uma elsa raposo por dentro, e eu vou soltar essas centésimas, na forma de vitríolo e trucidador for ever essa detestável criatura, nuno crato, que tanto poderia ter aceitado a educação como um penico internacional, já que a vertente carrilha é um carrilho de via única que a subserviência têgêveia, percorre e serve.

acontece que a excelência, palavra que detesto, e prefiro substituir pelo valor do mérito e o reconhecimento das qualidades, quando atribuída em certas idades, pode ser determinante para toda a existência, como dizia sartre sobre a família, que se tinha em pequeno, e deixava marcas para o resto da vida, e deixa, tal como certos atos, e vou já ao que nos interessa, porque isto de andar a bailar é bom para os cretinos do "eixo do mal", e da "quadratura das bestas".

sucede que, coisa que eu desconhecia, alguma das almas caridosas que ocupou a educação, como poderia ter ocupado a vereda das sentinas, resolveu, e com algum brio, que os melhores alunos, do secundário, creio, daquelas bombas relógio que são as escolas portuguesas, iria receber 500 € de recompensa pelo esforço desenvolvido.
500 €, num certo tempo da vida, pode ser muito dinheiro, mais, pode ser o sinal simbólico que funda a primeira pedra de alguém que sente que o trabalho intelectual poderá vir a ser uma via posterior de sobrevivência.
como toda a gente sabe, e vamos a um axioma, em honra do crato, em portugal, o trabalho intelectual não é uma via posterior de sobrevivência, não tivéssemos nós 27% de licenciados no desemprego, e uma fasquia inominável de patrões analfabetos, de cnocizados no governo, e atrasados mentais nos poleiros da república.
esses são os autênticos sinais de mediocracia, uma coisa que a grécia antiga não onventou, mas nós decidimos praticar, já que a arte de ser atrasado sempre passou por decapitar os mais aptos.

eu, humilde escritor, que já tive essa sensação de murro no estômago, em tempos idos, quando ganhei um prémio literário, que era uma publicação da obra na imprensa nacional, casa da moeda, mas, logo dois dias depois, recebo um telefonema, a dizer que, sim, que tinha o prémio, mas não a edição, porque o cancro que então dirigia a instituição -- e escarrapacho-lhe já com o nome aqui -- um tal de vasco graça moura, uma nulidade, que parece uma retroescavadora-caimão do reacionarismo nacional, ao ir-se embora, tinha deixado os cofres vazios...
para o jovem que ganhou o prémio, eu, a coisa foi marcante, aliás, não surpreendente, mas corroborante do desprezo que eu já intimamente sentia por esse traste da vida pública portuguesa, e, imaginem, ao longo do tempo, não só não me esqueci do episódio, como continua a considerar essa... coisa um dos primeiros que abateria, se tivesse o tal poder de carregar no botãozinho e livrar-me das belas lêndeas que nos infestam.

sei que este texto poderá parecer um pouco camileano, autor que não frequento, já que foi indireto culpado de uma posterior gangrena da língua portuguesa, ao nível do vasco graça moura, mas na forma de hipopótamo anão, a agustina, a saloia do norte oitocentista, e vou enveredar pela minha típica verborreia, pondo-me na pele dos jovens que estavam à espera do prémio de mérito, e, afinal, ouviram o qualquer-um-que-pode-ocupar-a-pasta-da-educação dizer-lhes, que, afinal, não havia dinheiro.

gostei dos rasgos de filantropia de dignidade que alguns setores da nossa sociedade, ainda não corrompidos, tiveram, ao assegurar, do bolso deles, o pagamento dos prémios, mas o grosso deles ficou, mesmo, por pagar,
e, assim, estes jovens, anónimos, o melhor das nossas decadentes escolas, aprenderam uma profundíssima lição, um belo teorema, a de que a palavra de um ministro pode voltar atrás, o que terá, no seu amadurecimento, uma sequela de corolários, que poderão ir desde o radicalíssimo desprezo que eu sinto pelo ato, a um crescente ódio, que termine naqueles metralhares finlandeses, ou americanos, de porta de universidade.
como diz a teoria do caos, e o sr. crato muito bem sabe, o bater de asas de uma borboleta em pequim pode gerar um occupy wall street em nova iorque, e quando as borboletas são muitas, e batem muitas asas, poderão muitos 15 de outubros ocupar avenidas, com multidões reunidas em todas as alamedas.
isto, todavia, não é senão, um prólogo dos desenvolvimentos sequentes, não fosse isto um estado em estado de esfarelamento abrupto e acelerado: no tempo da civilização, o ministro dos bons exemplos das gerações futuras, já que esses exemplos são o que fica, quando se esqueceu tudo o resto da educação, ao saber da coisa, que até lhe poderia ser alheia, deveria imediatamente ter seguido o caminho da demissão, para que esses milhares de jovens defraudados sentissem que tinha havido uma solidariedade, por parte de quem deve representar a decência dos países, os seus governos, e crato teria passado para a história como um excelente ministro da educação, um daqueles raros, que, ao sentir que estava incapacitado de cumprir os seus compromissos de honra e exemplaridade, tinha preferido colocar o lugar à disposição, para que as gerações futuras o vissem, doravante, como um homem digno.

e vamos a outro teorema: a dignidade, em portugal, onde se pensa com os pés, e os milagres se esperam de joelhos, tal como o esforço intelectual, são irrelevantes, já que o vale tudo, o há de passar, o amanhã já ninguém se lembra imperam. acontece que não imperam, porque os jovens têm memória de elefante, e crato passou para a história como ainda mais vil do que de vil a educação até hoje tinha produzido, a escravinha da casa pia, que era acordada com baldes de água fria em menina, e achou que isso lhe dava o estatuto de socióloga educadora. creio, só para dar um pouco de adrenalina aos meus leitores, que, se a encontrasse na rua, ainda agora lhe cuspiria na cara, com tanto gosto, como quando ela se perfilou no vazio nacional...
dirá o crato, coitado, que ficaria pobre, e não poderia ir-se embora, porque tem uma família de cratinhos para sustentar, que lhe deve ter perguntado, pai, como é que é isso, de terem prometido um prémio ao pedro, e depois lhe o terem tirado, e o pai crato terá explicado, com a sua exatitude matemática, que não se podem fazer omeletes sem ovos, e é verdade, mas o problema de portugal não é não ter ovos, é ter os ovos todos colocados em cestas erradas, porque, esse mesmo país que assistiu, hoje, a mais um passo na direção da sua terceiromundialização, de aqui a dois meses, se lá chegar, irá assistir à chuva dos milhões dos méritos dos zeinais bavas, dos carrapatosos, dos miras amarais, dos ulrichs, dos farias de oliveira, dos proenças de carvalho, e de tantas aberrações só possíveis numa entorpecida cauda da europa.

a história, a ser contada corretamente, deveria ter decorrido assim, para memória e exemplaridade das gerações publicamente vexadas por este escândalo que se apropriou do poder no portugal agonizantes: ao saber das dificuldades do erário público, minado de bpns, bpps, motoristas das senhora de mota amaral e outras tantas aberrâncias, sua excelência o ministro das finanças, o prozakizado vítor gaspar, imediatamente se teria apercebido da gravidade pedagógica do evento, comunicado ao primeiro ministro das "doce" que um governo pode não ter dinheiro, mas terá de manter a sua decência até ao fim, e de aí se subiria ao senhor do sorriso das vacas, aníbal, o alzheimarizado, e, em consonância de estado, tal como se decidiu nacionalizar o bpn do criminoso dias loureiro, o governo da república, reunido de urgência, e dada a gravidade da situação, decidiria tomar medidas pontuais e exemplares, cativando os prémios dos gestores da ruína da coisa pública, de modo que o dinheiro pudesse assegurar a distinção do mérito das futuras melhores cabeças da geração que estava em construção.
não o fizeram, e o preço disso, prevejo, será medonho, muito para lá dos pesos de consciência de leonor beleza, quando acorda, a meio da noite, e grita, a ver as faces agonizantes dos hemofílicos que assassinou: esta geração não esquecerá o que o sr. crato lhes fez um dia, e, quando os adolescentes crescem e se tornam jovens cabeças de liderança, por vezes rolam cabeças de robespierres na guilhotina.

as outras tiveram as cabeças passeadas nas pontas de chuços, porque brincavam às pastorinhas. Temo, com sinceridade, pelo que possa acontecer a estes, que brincam com todos nós...

(afinal o quinteto era de revolução, no "arrebenta-sol", no "demo crato", no "democracia em portugal", no "klandestino" e em "the braganza mothers")

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs: da incompletude da Perfeição




Há um axioma da Estética que diz que é muito difícil criar algo de novo, a que se seguem diferentes declinações, em redor de "obra prima", que deve ser entendida como um epifenómeno marcante, paradigmático, e, pela sua própria semântica, inimitável.
Toda a História da Arte é construída em redor de obras primas que estiveram em silencioso diálogo com todas as que as antecederam. Essa infinita busca da perfeição, que Borges tão bem traduz numa frase, que é um epíteto, e adjetiva, por impossibilidade de definir, fala da "iminência de uma revelação".

Explicar isso a quem nunca o sentiu é um dos trabalhos de Hércules, mas a Humanidade é eternamente feita desses espantos, e anseia pela plenitude.

Steve Jobs está agora posicionado noutro dos lugares que a Arte define como "difícil", e, sentado ao lado de Hípias e Sócrates. Dir-se-ia que alcançou esse gigantesco país dos silenciosos sorrisos, o campo restrito que Wilde evocava, quando dizia ter gostos simples, por apenas gostar do melhor de tudo.
Para nós, forçados ao convívio do irrelevante, do impertinente e do Feio, imersos numa volatibilidade de não valores, de "Nòbeles" diariamente despejados pelas televisões, os suplementos impressos de coisas nenhumas, ou os infindáveis discursos apologéticos dos vendedores do Vazio, ou do lixo financiado pelos Ministérios da "Cultura", custa-nos crer que estas coisas miraculosas que saíram da mão de Jobs se tenham tornado no mais elevado patamar do Gosto, o do Desejo, sem nunca terem ido ao "Eixo do Mal", recebido o Nobel, ou passado do rosto discreto do "homem da rua", o oposto do miserável Mourinho.

Umas atrás de outras, na vertigem do querer, as obras primas da Apple criaram uma estranha dinâmica, na qual a anterior era, como nas palavras de Borges, a iminência da revelação da seguinte, moveram massas, fizeram correr mais depressa o sangue nas veias, provocaram insónias e vertigens, e desviaram o olhar dos homens da atração da Guerra.
Quando nos sentamos a pensar naquele prometido admirável mundo novo, e o povoássemos com o seu mobiliário próprio, vários objetos de Jobs aí seriam indispensáveis, e isso é tão evidente, que corresponde à maior glorificação possível, em vida.

Infelizmente, no início deste séc. XXI, o Mundo não presta, ou não serve, e, como Klee, outros dos únicos, preferiu morrer, antes de que o Mundo se afundasse no seu Segundo Holocausto.

Essa América, que Jobs tornou grande, e a quem tantos "jobs" ofereceu, tão longe da arte da guerra, para a criação de objetos de arte, obras de arte e obras primas da Tecnologia e do Sonho, essa mesma América está moribunda, no próprio dia em que ele morreu, e entrou, por oposição à Primavera Árabe, no Outono Americano, no qual muitos anteveem a antecâmara do Inverno Europeu.
Os céticos dizem que é apenas um ponto de vista, e esta precedência Outono/Inverno é apenas um tropismo do lado leste, ou oeste do mesmo oceano e um pouco da história do copo meio cheio, ou meio vazio.

Na sequência dos seus mais incompetentes presidentes, Obama -- e suponho que muitos dos que me estão a ler farão parte daquele número de logrados que viu, no mulato, o Messias -- é um digno sucessor de Bush, talvez ainda mais estúpido e alheado da realidade, e talvez ligeiramente melhor do que Reagan, já que, igual ou pior do que Reagan, só saindo da América, e percorrendo os seus arredores, prepara-se para viver a agonia dos seus últimos dias.~

Suponho que na sua vaidade, só igualável pela saloice de Cavaco Silva, Obama nem perceba o que lhe está a acontecer.

Há tempos, quando a Europa, catalética, e nas mãos de um ex maoista, de fedor português, lhe dava o Nobel da Paz, avisei para que Obama iria substituir o Sonho Americano pelo Sonho Mexicano, e estava profundamente enganado, já que Obama nem isso tinha para oferecer aos Americanos, mas apenas uma antecâmara do Caos, que é a pior vingança que os povos podem oferecer aos seus mais irrelevantes e perigosos dirigentes.

O braço de ferro é mortal: pela primeira vez, as sombras que governam na sombra foram desentocadas, e estão relativamente à vista. Como em "Matrix", começa a perceber-se que alguém esculpiu um enorme cenário tridimensional, mefistofélico, e nos antípodas das utopias de Steve Jobs: é a metáfora do Judeu Avaro, que prefere que a cidade se afunde, a ceder um, que seja, dos seus dobrões.

Curiosamente, quando o velho De Gaulle, pela primeira vez, insinuou que o petróleo poderia deixar de ser negociado em dólares e suportaria ser comprado numa divisa europeia, as Sombras da América inventaram, em Berkeley (1964), uma coisa, que imediatamente exportaram para o outro lado do Oceano, chamada Maio de 68, que foi objeto de onanismo de várias gerações, e mais não era do que um espantoso logro: a Europa, de pé, a aplaudir, como com a eleição do caneco Hussein Obama, um movimento que tinha, como única finalidade, deixá-la arrasada e de joelhos, depois do espantoso crescimento do pós Guerra, que apavorava a Grande Sião Americana. Esse movimento gerou milagres e... monstros, criminosos contra a Humanidade, como Ratzinger, entre outros, e uma enorme geração de oportunistas reciclados, que substituiu o Livrinho Vermelho de Mao Tse Tung pelo Ultraliberalismo, que agora nos conduziu ao abismo.


Suponho que em 25 anos de descarado crime público seja a primeira vez em que estou de acordo com o chefe da quadrilha: de facto, acabou o tempo das ilusões e é chegado o tempo de chamar os bois pelos nomes. Em Portugal, é elementar: basta ir à listagem dos membros dos Governos, desde que a Europa começou, em 1986, a investir em nós, para chegarmos ao Primeiro Mundo, ver onde começaram, e onde estão, que destino deram aos Fundos e que obra recebemos, como contrapartida. Em seguida, haverá como em Nuremberga, um Tribunal, que julgará a coisa, e tanto poderá ser em Boliqueime, como no Fundão, como em Vilar de Maçada. Por razões de preciosismo e precisão, eu voto em que as sessões plenárias se desenrolem no Tribunal de Boliqueime, vocês votem onde quiserem, já que essa é a essência da Democracia.

De um e do outro lado do Oceano, o Capitalismo, agonizante, começa a trazer multidões para as ruas. Haverá gente que já percebeu que a deslizante ruína de milhões tem, oculto na sombra, o vertiginoso enriquecimento de centenas. Muitas destas gentes querem saber quem são estas centenas, e justiçá-las. Estão no seu direito.
Em Maio de 68, respirava-se ideologia, e havia testas pensantes que alimentavam, com a sua gasolina intelectual, as alamedas de gentes, que enchiam as avenidas. Eram pessoas que estavam contra a Guerra, defendiam o hedonismo do Prazer pelo Prazer, e queriam vidas próprias, próximas do "selvagem" e do livre. Queimavam gravatas, e ansiavam por alucinogénios que lhes "lsdizassem" a Realidade.

Em 2011, a romaria tem infinitas diferenças: há gente super civilizada que percebe que está em risco de receber 500 € a vida toda, perante um impávido desfile de milhões de prémios, nas mãos de criminosos, de sociedades secretas e irmandades fechadas.
Isso pode ser o Capitalismo, ou o que lhe quiserem chamar.
Como guru, e tenho pergaminhos para me reclamar desse estatuto, só aplaudiria o colapso do Capitalismo se me dessem alguma coisa de substancialmente sólida e palpável, que o pudesse imediatamente substituir, não uma maré de gente que não quer ténis, mas ao contrário das gravatas e dos fatos que se queimavam em 68 está deserta, capaz de tudo, inclusivé de canibalismo, para poder ocupar esses postos pardos, de fato azul, gravata vermelha, mula emprenhadora e férias na neve, que outros ocupam vitaliciamente.
Nunca serei ideólogo desse retorno ao politicamente correto, pela simples razão de que sou demasiado Petrónio para suportar subprodutos da "Casa dos Segredos", onde a Teresa Guilherme anseia pela ralé que a irá montar, odeio discotecas, e adoro colecionar gravatas demasiado caras, só pelo prazer de nunca as usar. Portanto, só com assinamento de termo de sexo livre, plural, e de uma sociedade aristocratizada, assente no ócio, e nunca no trabalho, nem no lucro, apoiarei qualquer maré de renovação.

Talvez vos espante, mas defendo uma sociedade de senhores e escravos, onde eu possa estar numa esplanada de mármore, a beber ambrósia, e a contemplar todos os ocasos, enquanto canalha, feita de zeinais bavas, proenças de carvalho, carrapatosos, almeindos, varas, constâncios, cavacos, sócrates, barrosos, pilars del rio, júdices e quejandos estivesse, com grilhões nos tornozelos, a servir a mesa de todos os meus caprichos. Leonor Beleza seria a provadora dos meus jantares, para ter a certeza de que me não envenenariam, e eu todos os dias, os meus "unknown days", desejaria que me quisessem envenenar.

Começámos com a Utopia de Steve Jobs, e acabámos no limiar da escória que vê o solzinho dançar, lê Saramago, coleciona as crónicas de Clara Ferreira Alves, e não percebe que o lixo do Berardo devia ser deitado fora, para deixar salas vazias, com algumas perfeições da Apple, isoladas, no meio, em suportes de veludo negro, e monitores cromáticos a cintilarem todos os sonhos do Mundo. Entre as duas coisas, vai haver gente pelas ruas, muita gente, gente que chamará os carrascos da nossa felicidade pelos nomes, que abaterá, como em Bagdad, as estátuas de Reagan, como caíram as de Hussein; que queimará bandeiras de Poço de Boliqueime, como a bandeira verde do assassino Kadafi; que reenviará para o Quénia a maior fraude da segunda década do terceiro milénio; alamedas de gente, que descendo avenidas em todos os pontos do Mundo dirá que quer as cabeças dos verdadeiros culpados, e que, com lanternas de nevoeiro, os irá buscar, ao mais fundo das suas cavernas, para os obrigar a desfilar, nus, no grande levantamento de 15 de outubro.

Steve Jobs e eu, e tantos outros, que ainda acreditam na infinita beleza da Utopia, lá estaremos, para silenciosamente aplaudir, com enigmático sorriso, a queima dos falsos ídolos.