sábado, 14 de junho de 2008

Irlanda: bruta rasteira no Tratado de Bilderberg

Imagem do KAOS
Por espantoso que pareça, depois de um glorioso "Dia da Raça", tivémos um ainda mais glorioso dia do Estampanço. Em 1830, Carlos X foi deitado abaixo, nas "Trois Glorieuses", mas os tempos são agora outros, e os Espantalhos de Bilderberg, como não têm ossos, nem dignidade, nem qualquer tipo de verticalidade, iriam precisar de "centaines de glorieuses" para serem deitados abaixo. Por mim, podem ficar: são como musas, e inspiram-me os melhores textos.
O primeiro bloco do encómio vai para o Povo da Irlanda, velha raça celta, e pátria de três dos mais brilhantes aforistas, cínicos e génios da Literatura Séria, Wilde, Shaw e Joyce. Gosto de pensar que tenho um pouco de cada um deles, e isso deve-se, certamente, a também estar entalado num recanto periférico, e estagnado, da velha Europa.
A Irlanda, hoje, provou que é possível devolver a Europa aos Cidadãos, retirando-a das garras dos fabricantes de futuros lassos, e entregando-a, de novo, à incógnita da Dúvida e da necessidade de reflexão. Os "fora" irlandeses, um dos países que, brilhantemente, "deu o salto", dentro da Família Europeia, imediatamente se encheram de textos de felicitações de todos os cantos do Hemisfério Civilizado, América incluída, e, curiosamente, caso lá queiram ir verificar, há um enorme cepticismo contra aquela "Coisa", equivocamente chamada "Tratado de Lisboa", que ninguém, no seu estado normal de sanidade mental se deu ao trabalho de ler, mas que, com a intuição e a gravidade que nos concedem milénios de maturidade continental e histórias atribuladas, sabe estar cheio de rasteiras, daquelas mansas, que se abrem quando menos se espera...
A minha expectativa cultural, política e económica é muito escassa: sou um mero cidadão europeu, residente em Portugal, futura região autónoma da Galiza, com Alcalde y tudo, a morar numa cidade que se desfaz por todos os lados, ao ponto de se terem de tapar as rachas, os rebocos desfeitos e os acabamentos precocemente envelhecidos com muitas bandeiras herdadas das festividades da República. O pior é quando chove a a bandeira fica reduzida à haste, e toda a desolação reemerge, impante e fatal, para nosso desconsolo de olhar sofrido e comum...
O segundo encómio vai para o KAOS, que andou, tal qual eu, na zona do não-vale-a-pena-mesmo-batermo-nos-por-mais-nada, e, de repente, camionionistas, o Saloio de Boliqueime, mais o Saloio da Cova da Piedade e o Saloio de Vilar de Maçada começaram a tremer nas perninhas de Pastéis de Tentúgal, e a coisa começou a transbordar.
Começou... e começou é uma das palavras mais frágeis que conheço. Eu, Iluminista, e por consequência, Europeísta, dou, de repente, comigo a celebrar estridentemente o fracasso de um pretenso "avanço" da Construção Europeia. Pois, mas a verdade é que, entre dois ou três meses, num súbito acelerar da porcaria, me chegaram subitamente rumores das tais alíneas que ninguém leu, mas LÁ ESTÃO, e vou exemplificar-vos: uma, central, é a da destruição do Sistema de Ensino. Paira no ar que Portugal poderá ficar medusado num patamar académico que não lhe permitirá dar mais do que Licenciaturas (de Bolonha), e os Mestrados e Doutoramentos vão ter de ser tirados... lá fora. Cá dentro, com a destruição da Coluna Vertebral da Formação mínima, arriscamo-nos -- e um dos grandes canalhas associados a isso é o escroque Valter Lemos, o da Reforma do Sistema de Macau e das golpadas dos Politécnicos... -- a poder apenas fazer a formação de "profissionais", gente habilidosa de mãos, para tratar de canos, instalações eléctricas, montagens de "Meo"s e "Netcabos", arranjo de motores de alta cilindrada, e acompanhamento de velhinhas alzheimerizadas, mas com brutas contas em certos bancos sérios... O resto vai para os colégios da fradaria e para aqueles que não sendo da fradaria têm nomes de Santos e geram a perpetuação das elites. Sem ofensa, ou.... aliás, com ofensa, não é por acaso que o Clã Soares anda a ampliar o seu "Colégio Moderno", bem para cima das velhas árvores da mamada, na Alameda do Campo Grande. Fosse viva a Amélia das Marmitas, e havia já grande escândalo de muleta, lá à porta, ó, se havia...
Em França, parece, já se sonha com percursos formativos alternativos, como as maravilhosas Novas Oportunidades, mas até coisas mais arrojadas, como dar diplomas em gares de metro e comboio, estações de serviço e átrios de Centros Comerciais (!). Para quem pensa que estou alucinado, pesquise.
A parte seguinte é ainda melhor: aparentemente, tudo eram favas contadas. Os Bilderbergers, depois de terem fingido que se iam reunir em Atenas, estiveram, afinal, muitos caladinhos, concentrados, há uma semana, perto de Washington, D.C., "Caput Mundi", para mostrar que a coisa, desta vez, ia mesmo arrancar para o duro. Com o indispensável Balsemão, seguiram "the next-ones", António Costa e Rui Rio, o que nada deixa de bom para os palhaços que os antecederam, um dos quais, ainda no lugar de Primeiro-Ministro da Bandeira de Conveniência Portugueses. Dia 1 de Julho arrancava a duvidosa Presidência Francesa, com Sarkozy, o mais perigoso de todos os políticos europeus, à frente.
Estes cavalheiros não brincam em serviço, e mandaram um dos nossos, ainda mais saloio do que os anteriores, para Saragoça, inaugurar o que se apresenta como uma festa, mas, curiosamente, é tudo menos uma festa: é a Expo-2008, cujo tema é a ÁGUA -- ouviram bem?... a Água -- que, depois da especulação sobre o preço dos combustíveis e dos alimentos, vai ser a próxima fronteira de especulação que esses filhos da puta, que estão a desmantelar a nossa parca felicidade, irão abrir. Suponho que o Bimbo de Boliqueime nos tenha representado decentemente, já que sobre o Referendo Irlandês "ainda não tinha opinião (!)", aliás, como dizem os homens do táxi, a única opinião que ele alguma vez terá é de que está à espera do fim do seu 2º Mandato, para levar mais uma reforma para casa. Não será com o meu voto, aliás, como nunca, em circunstância alguma, seria. Falta-me saber se a Maria, como noutras ocasiões, foi beijar a mão (!) da Rainha Sofia...
O grave, no meio disto, é mesmo a Água.
Já se imaginou, mergulhado num sistema, onde será levado a matar o seu vizinho, por causa de um copo de água?... Pois é o próximo "virtual/real game" para o qual você vai ser convidado, mansamente, sem que disso se aperceba, e com o tema a entrar "naturalmente" pelos meios de Intoxicação Social. Espere só que toque a sineta do tema, que nisso eles serão lestos, assim como você desconhecia que Bilderberg estava reunido em Washington. Malhas que o Império tece, e continuará a tecer.
Célebre ficou a frase, naquele ridículo debate parlamentar, entre a Moça de Vilar de Maçada e Senhora de Mota Amaral. Não havia debate: era um trocar de rosas, entre duas madames, com os mesmos gostos em tudo -- e aqui vou entrar nas inconfidências, mas, de vez em quando, tem mesmo de ser, lá me desculpem as fontes do Protocolo de Estado, de onde vem a informação... -- incluindo o tipo de enfarda... perdão, guarda-costas, sólidos, bem desenhados e capazes de esconder um segredo. Aliás, o debate era tão musical, e com aquelas vozes tão bem timbradas no feminino, que só me faziam lembrar o Duplo Concerto de Brahms, com a Tinhosa de Vilar de Maçada a fazer o timbre do violino mal contido, e a Virgem das Ilhas a do violoncelo já com os "esses" muito abertos e esgaçados, uma longa vida dedicada à Harmonia..., e foi mesmo nesse enlevo de alma, já a deixar antever o Centrão Seguinte que a "outra" se descaiu com "o Tratado ser muito importante para a sua carreira política..." Como mantemos uma relação amorosa muito profunda e antiga, imediatamente reportei o facto na "Wikipédia", como poderão confirmar no texto, e depois no "histórico" das alterações. Suponho que ele me irá agradecer eternamente, mas eu também lhe agradeço eternamente muitas coisas que impiedosamente tem feito a 10 000 000 que, como eu, estamos confinados à Cauda da Europa, e aos rasgos de humor da sua miserável soberba. Até a Câncio, essa insólita pendureza do nosso imaginário ali veio à baila...

Que se foda.
O ensaio geral das 65 (!) semanais avançou logo, e ainda nem o Tratado de Bilderberg estava em vigor. Sabe Deus que eu não sou do Bloco de Esquerda, e ainda mais sabe Sócrates que tem em mim um dos mais ferozes franco-atiradores contra a sua mentira, porque fui dos enganados que o pôs lá... Acontece, e paga-se, mas de ambas as partes, ó, se paga.
O carinho seguinte vai para os Sindicatos, que, como já aqui referi, estão incluídos, numa das oclusas alíneas do Tratado de Bilderberg, hoje chumbado pelos Povos Livres da Iralanda, não como representantes das classes que deveriam defender, mas como "cooperantes com os Governos". Procure, se quiser, e leia a Realidade recente, se tiver dúvidas...
O resto é o conselho de um espírito livre, Europeu, Português, na plena posse dos seus direitos cívicos, e com talento para a escrita, como é publicamente reconhecido: Sr. Sócrates, a quem tratam, piedosamente, pelo "Engenheiro", o Senhor já saiu desta arena muito debilitado politicamente, aquando do vexame da sua "Licenciatura", que tentou apagar da "Wikipédia", mas lá ficou, estigmatizada para sempre, como uma vergonhosa marca de fogo, indigna de um Chefe de Governo Europeu. Se tivesse vergonha na cara, demitia-se JÁ, como consequência do fracasso da jóia da coroa da sua carreira política (!), mas sei que vai continuar, por isso, lhe deixo aqui o conselho, maduro, pensado e lapidarmente escrito: o seu Ministro Amado, também conhecido, em certos meios, pelo "Homem da América" (a invenção não é minha, é dos tais... meios...), teimoso e ridículo como você mesmo, a galope daquele ser indescritível que preside à Comissão Europeia, defendem a continuação da ratificação do Tratado de Lisboa.
Estamos plenamente de acordo, mas, para que se cumpra a Europa da Cidadania, e se veja, se, por acaso, ela confirma, ou infirma, os objectivos da Europa dos Interesses, essa ratificação deverá passar a ser feita, um a um, nos restantes países, não em Parlamentos herméticos, mas Referendo a Referendo, para que possamos ter uma visibilidade final.
Muita boa noite, e parabéns por mais esta sua derrota.

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