segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Mais do mesmo, mas em clima cada vez pior

Imagem do Kaos
É para mim, criador, extremamente entediante ter de andar sempre à volta do mesmo. Já não me lembro de quando isto começou, mas, até onde a memória me acompanha, vem do tempo em que se associou o nome de Portas à "Universidade Moderna": o outro declarou que pagava, sem passar recibos verdes, ninguém se demitiu, instalou-se um impasse sociale judicial, que se foi agravando, e, desde aí, não houve descanso.
Há, hoje, na Sociedade Portuguesa, uma sensação generalizada de que as Leis são só para quem não pode fugir-lhes e quem as faz já as faz de modo a poder ficar impune.
Num Estado Civilizado, o poder oculto de um político não o pode levar ao ponto de se fecharem universidades, para evitar que as provas sejam revistas e revistadas. Em Portugal, pelo contrário, já fecharam duas ("Coisas horríveis, tráfico de mulheres e de armas", dizia o Reitor Xexé, da "Moderna", e toda a gente achou... natural), e a "Independente" também, não se fosse descobrir a verdadeira parideira de Diplomas Farinha-Amparo que lá funcionava a pleno vapor...
Já não vou bater nessa tecla, acho que as decisões do destino do País passaram das mãos dos Políticos para as da Intervenção Cívica: cada um só pode contar consigo mesmo e com todos os que arregimentar em seu redor, e o Inimigo está, potencialmente, em toda a parte, ponto final.
No meio disto tudo, numa sociedade saudável, a Pasta da Educação deveria ser a pasta exemplar: toca na tutela de uma faixa etária onde a formação e os bons exemplos -- o Fascínio, com "F" grande -- são fulcrais. Os bons exemplos têm de vir de cima, e, "de cima" começa no topo, se entretanto não se alterou a Geologia do Mundo, por decreto-lei.
De Maria de Lurdes Rodrigues só se conhecem indecências, e eu vou começar mais atrás, mas, peço desculpa, neste momento, já não é uma mera questão do habitual tiro-aos-patos que pratico contra todo o Poder corrupto, mas algo que migrou para o patamar da indecência pessoal, coisa que me custa, como humano, a suportar. Eu explico: muito antes de alguém ter ouvido falar dessa avantesma, já o nome me era familiar, é só fazer as contas de cabeça, mas eu sou bastante mau de contas de cabeça... digamos... 10 anos. Há 10 anos, no acompanhar de uma Tese de Doutoramento de uma das minhas mais antigas amigas, a qual versava, e versa, a Tipologia Metalinguística das Profissões Técnicas, foi normal que ela procurasse o contacto dos maiores especialistas na Área. Como consta do seu currículo, a Bruxa da Educação tem uma obsessão por Engenheiros, de onde foi normal que, no meio de todas as cartas enviadas aos especialistas das "Hautes-Écoles" francesas, também seguisse uma para a mulherzinha, que, em Portugal, tratava do tema. Não vos vou espantar se vos disser que todas as missivas receberam resposta, exceto a endereçada à... Dona Lurdes: era-lhe insuportável que alguém andasse a fazer uma Tese na Sorbonne, e ousasse dirigir-se a tão alta luminária do I.S.C.T.E., casa de gente duvidosa e de pedófilos mal-esclarecidos.
A tese foi feita, "cum laude", e já faz parte da História; a Lurdes, pelo contrário, reapareceu no cenário das misérias da República, e não deixo de confessar que foi com espanto que ouvi o nome de tal... coisa para uma das pastas-chave da Nação.
Educação e Cultura, aliás, têm, em Portugal o peso devido à Cauda da Europa: qualquer incompetente as pode ocupar, que ninguém dará pela diferença. Para mim, pelo contrário, dão imediatamente o tom do Governo, e seguem dois exemplos: quando soube que Carrilho ia para a Cultura de Guterres, disse logo "é coisa que vai romper por aí, em dois tempos..."; Lurdes Rodrigues, na Educação, deu o que deu, e ainda vai dar pior, porque, como já várias vezes chamei a atenção, Lurdes Rodrigues é a mera fachada de uma espécie de "matrioskas", que estão dentro dela. Tem a particularidade de ser uma "matrioska" geometricamente impossível, porque, quando a abrimos, saltam, lá de dentro, não figuras menores, mas maiores, e cito, assim, de cor, duas, que particularmente me repugnam: Mariano Gago e Cavaco Silva. O segundo, como é sabido, tem paixões mal escondidas por mulheres obtusas e com tiques autoritários; o primeiro, infinitamente mais tortuoso, é o Homem da Sombra, aquele a quem Lurdes Rodrigues se dirige, antes de dar qualquer passo, por duas razões simples: a primeira, porque consta que foi ele que a chamou para lá; a segunda, porque, usando o Secundário como balão de ensaio para fazer implodir o Superior, ela é-lhe, estrategicamente, infinitamente útil, já que não poderia dispor de melhor observatório. Esquece-se, todavia, o Gago, de que há uma pequena diferença: o Ensino Superior está infestado de cunhas, compradios, aventalinhos, opus dei, grupos de pressão, trostkistas, ex-maoistas, comunistas, mulheres e maridos de fulano-de-tal, interesseiros, gente do Antigamente, diplomas à pressão, putas de todo o género, enquanto o ingresso na Carreira do Secundário pressupõe um Concurso Nacional, em nada comparável com a famigerada "abertura de vaga", "à mesure", que anuncia o ingresso de mais um amigo do Sistema na Academia da Universidade.
Houve um tempo em que se disse que o Secundário era o caixote de lixo das licenciaturas. O aumento do mioma, hoje em dia, anuncia que o Superior é o Exílio Dourado do Lixo dos Compadrios, com todas as honrosas exceções, e dou-me muitos bem com algumas, felizmente.
Voltando à vaca fria, esta luta de desgaste com Lurdes tem efeitos perversos, e límpidas vantagens: desentocou, sucessivamente, os que por detrás dela, a cultivavam, como Sinistra Fachada, e ocultavam as suas oscilantes cobardias. Todavia, o Governo, como um todo, e dada a amplitude do conflito, agarra-se ansiosamente a ela, o elo mais fraco, na esperança de que seja o lastro que o possa fazer afundar, no último suspiro de Legislativas Antecipadas, com a Oposição, tirando dogmáticos como Portas, Louçã e Jerónimo de Sousa, que, dentro do possível, marcam a diferença de um discurso moribundo de repostagem. De Manuela Ferreira Leite só me vêm lágrimas aos olhos, pela dimensão da pequenez, e por não perceber que está a ser usada para assegurar a vitória do "Engenheiro", mas será imediatamente corrida, em caso de derrota ou de Coligação "Centrão".
A via estratégica é pouca: as tais anunciadas demissões de cento e tal Conselhos Executivos imediatamente acarretariam a queda do Governo, como toda a gente sabe, mas a luta sábia, pode passar por táticas de maior eficácia: pessoalmente, adoraria uma troca de pastas, pondo o Gago, já que ela não dá um passo sem o consultar, no Secundário e um outro qualquer, no Superior. Ia ser fantástico.
Não me apetece alongar: sou pouco de greves, mas suponho que toda a gente deve estar unidíssima, na luta contra o Flagelo, portanto, todas as greves são agora poucas, e devem ser progressivamente menos lesivas, em termos de perda de remuneração, e explosivas, em extensão e efeitos colaterais.
As passeatas já cansam, exceto uma, a que falta fazer, que é colocar centenas de milhar de docentes, pais e discentes defronte do Palácio de Belém, onde está um indivíduo inseguro, geralmente acobarbado, que transpira constantemente das mãos, e que tem um infinito pavor das multidões. Esse é o próximo passo, aparecer, em massa, à porta de Cavaco, sem lhe dar a margem de manobra que teve, quando, nos Anos 90, mandou, pela mão do criminoso Dias Loureiro, disparar contra a multidão. Houve um ferido, que ficou paraplégico, mas também uma enorme sensação de que o Povo Unido -- e este é o povo mais habilitado de Portugal -- o Povo, Unido, pode mesmo fazer cair as aparentemente invulneráveis muralhas do Autoritarismo.
Assim foi com Cavaco, e assim faremos com Sócrates.
Boa Noite e uma boa jornada de luta.

(Pentágono de solidariedade, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")

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