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Nunca vejo o "Expresso da Meia Noite", porque acho aquilo uma conversa entre as comadres responsáveis pela mentira do dia seguinte. Hoje, pela primeira vez, quando a Maria João Avillez rosnou, com o seu vozeirão, a palavra "Vergonha", senti que a coisa estava séria, e estava, porque todos os presentes ficaram imediatamente medusados.
É bem feito.
Desde o Caso do Diploma, que o Sr. Sócrates, mal ajeitado agente técnico de engenharia, deveria ter sido afastado da esfera do Poder. Tudo o que se seguiu foi consequente, e coerente, dado que a premissa inicial estava errada, ou seja, quem engoliu aquela estava em estado de engolir todas as outras, e assim se fez, e deus viu que era bom.
O quadro político deteriorou-se ao limite, e o homem tem a sorte de não se chamar Santana Lopes, e de não termos Presidente da República, senão já tinha sido esquartejado e pendurado às moscas. Não lhe o fizeram por cima, mas fizeram-no por baixo, e aquele "Vergonha", de Maria João Avillez era a voz cava das velhas padeiras de aljubarrota, a incarnar ao rosnar das bases, vociferando para o vexame que se instalou no topo.
Para estes momentos, e Manuela Ferreira Leite -- enquanto Cassandra -- já o sintetizou, precisamos pouco de políticos e bastante de estadistas. Acontece que os políticos são aquela sordidez que diariamente vemos, e os estadistas não se sujeitam a cenários destes.
Houvesse um estadista na Cabeça da Nação -- relembro Juan Carlos -- e a solução era linear: José Sócrates deveria ser imediatamente afastado do posto que ocupa, por pressão direta do Chefe de Estado, e por iniciativa do Partido, o Socialista, que ainda dirige. Tudo isto, evidentemente, de forma discreta, e com dignidade suficiente para que sentíssemos que vivíamos, não num estado pária, mas numa democracia do primeiro mundo. Em seguida, e isto era um excelente figurino para todos os tempos e estações, dado que existe uma maioria absoluta parlamentar CONTRA José Sócrates, o Chefe do Estado -- alguém que não o manequim dos anos 50 da Rua dos Fanqueiros... -- deveria apresentar um Governo constituído por notáveis, e apresentado previamente ao Parlamento, dizendo, "fulano de tal é a minha proposta para Ministro das Finanças, fulana de tal para a Economia, cicrano, para a Educação, etc...", e caso a caso, todas as bancadas parlamentares, ou as suficientes para garantirem uma legislatura de salvação nacional, comprometer-se-iam a respeitar as cabeças de tutela, como Ministros da Nação, num período assumido de emergência.
Como se pode imaginar, pedófilos, aventalados, lobbies gays, hetero e fufas, opus demonizados, futeboleiros, traficantes, camorreiros, clientes do "Eleven" e gente sem escrúpulos nem dignidade seria imediatamente excluída desta espécie de Senado com dignidade Consular, cuja missão seria sanear o Sistema Político, reassegurar a Separação dos Poderes, e desencadear uma Operação Mãos Limpas, não em clima de frenesi nem de precipitação, mas calmamente, nuns seis meses, por exemplo, em que a Democracia Tradiconal deveria ser considerada como suspensa.
A ideia não é minha, nem tenta colar-se ao que já diversas vezes foi dito, por muitas vozes do nosso descontentamento, e considero-a, neste momento, sensata e consensual.
A alternativa tem perfume grego ou haitiano, conforme queiram, mas de uma coisa devem os Portugueses ficar cientes: doravante, sempre que lhes falem de Boliqueime ou de Vilar de Maçada, sejam elitistas e digam, desde logo, "por favor, passem a mandar-nos gente urbana, com sólida cultura civilizada, boa formação académica, vida afetiva e sexual bem assumida e um perfume de tradição aristocrática, porque servir um país não é como andar a servir em série chávenas num café"
(O Quarteto do Final dos Tempos, no "Arrebenta -SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")
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