sexta-feira, 7 de maio de 2010

"Farfalha", o "Mãozinhas" das Sete Cidades



Imagem do Kaos

O País está dentro do abismo, com as últimas narinas a respirarem puns de croché de Maria Cavaco Silva, feitos pela Joana Vasconcelos.

Como pensava o Maior Português de Sempre, "temos exatamente o que merecemos", mas eu não venho aqui para lamentações, mas só para dar o meu contributo ao apelo do Chefe de Estado, e vir incentivar o que de bom nós temos.

Sempre fomos excelentes em Teatro de Revista, desde as Cantigas de Escárnio e Mal-Dizer, passando por Fernão Lopes, Gil Vicente, Bocage, Almada e Cesariny, entre outros, só não sabíamos é que a História, para estes momentos finais, nos ia reservar grandes atores de Assembleia da República.

Desde Almodóvar, o da fase pré-americana, ou seja o pré-cagalhões, que não via uma curta metragem tão boa como o episódio do Ricardo Rodrigues, a meter aos bolsos os gravadores dos repórteres da "Sábado".
O ato, em si, é irrelevante, num país de ladrões, mas eu queria incensar aqui a forma, a graça e a "non-chalance" a que nos foi dado assistir, naquele que considero um dos melhores momentos do Cinema Português.

As mãos de Ricardo Rodrigues mostram a sapiência de uma Grande Escola, cuja ideologia, sarcasmo à parte, já vinha da "Arte de Furtar", mas o ainda mais belo é a coreografia do gesto, uma espécie de "Lago dos Cisnes", em que ele, qual Luís de Matos da Comissão de Ética, subitamente roda as ilhós da pata superior, com a mesma graça do Nureiev, quando entalava pela peida acima uma chouriça até ao esófago, sem vacilar um único músculo..., mas é melhor eu ir mesmo à anatomia da mão, diretamente, para que vocês ainda fiquem mais baralhados, porque, não fosse a câmara lenta, nós nunca perceberíamos que, em dois segundos, ele rodou o escafóide, o  semilunar, o piramidal e o pisiforme, com o trapézio, o trapezóide, o captato e o hamato acoplados, que logo ali deram a ordem para que os cinco metacarpos afinassem as falanges, e, então, a proximal, a média e a distal, com uma pinça biónica, gamaram levemente os gravadores, como se de uma dança se tratasse.
Só não meteu o esternocleidomastoideo, porque o Vasco Santana, entretanto, já morreu...

A coisa é bela, e é uma espécie de "Avatar" do gamanço, e o mais genial nem é a espontaneidade do gesto, mas antes a prova de que quem ali deitou a mão aos aparelhos já tinha longuíssima experiência de rodar as unhas para meter nos seus bolsos sebentos, manchados de nhanha adolescente, dos tempos da Cascata, em que as águas frias amansavam os calores do órgão enterrado nas bordas da rapaziada, muita, mas muita, mesmo muita, coisa, que só deus e Ratzinger saberão.
Em suma, o que vimos não foi ato de amadorismo, mas, antes, a audácia da prática continuada do mesmo gesto, ao longo de muitos anos, e em múltiplos cenários, ou, resumindo, a obscena rábula do larápio perfeito.

Como diz o Sr. Rodrigues, com o fato ainda cheio de palhas do chão da Garagem do "Farfalha", "todos temos azares na vida", o dele, o de nunca ter sido pronunciado em Tribunal por Pedofilia, Associação Criminosa, Tráfico, e Conexão com Redes Mafiosas Internacionais, o meu, e o nosso, o de termos um gangster deste calibre sentado na Assembleia da República, a fingir que representa o Povo Português, integra Comissões de Ética -- como a badalhoca da Medeiros -- Vice Presidente da Camorra Socialista, e responsável, com a sua parceira de coito, a Senhora de Mota Amaral, pelo rápido ilibamento do Cidadão Sócrates, cujas Escutas comprometedoras já foram queimadas (felizmente há cópias, e aguardamos que sejam rapidamente disponibilizadas na Blogosfera e no Youtube...) por ordem da Santa Loja do "Aventalinho", e do seu Mestre, "Orelhas de Bode".

O problema não fica por aqui, porque num Estado de Direito, uma prova destas seria causa imediata para que esse senhor apanhasse um exemplar chuto no cu, mas não, foi logo buscado pelo Francisco Assis, o anjinho papudo que levou nos cornos em Felgueiras, para que fizesse o ar da virgem indignada e impoluta, como se de um segundo Paulo Pedroso se tratasse.

Infelizmente, as televisões ainda agora estão a ensaiar as 3D, porque, num País onde tudo passa em branco, fica incólume e ainda é motivo de promoção, quando, na próxima sessão da Comissão "Farfalha", erradamente designada "Comissão PT/TVI", os Portugueses já deveriam ter acesso a uma televisão interativa, sobretudo, aqueles que, como eu, estão fartos desta corja até à pontinha dos cabelos.

Eu explico, o Sr. Ricardo Rodrigues voltava, às televisões, com o seu sorriso de quem continua incólume a tudo, e de quem sabe que a coisa vai ser brevemente abafada, para o bem do Polvo, e não do Povo, e imediatamente um milhão de Portugueses sacava do bolso um revólver moral, e abatia-o no écran, como o miserável podengo de que não passa.

Tenha vergonha, e vá-se embora, Sr. "Farfalha", você é um reles insular, com focinho de nódoa nacional!...

(Quarteto amoral, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

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