sexta-feira, 20 de abril de 2012

O último Rey da Ibéria


Quando a Goldman Sachs falir, na forma incarnada do seu banco, o Mundo acaba.

Ora, nada disto teria qualquer relevância, se não fosse já para junho, e se nós pudéssemos continuar a assobiar para o ar, com os infortúnios do Fábio Coentrão, que o Real Madrid quer recambiar para a barraca, de onde nunca deveria ter saído.

O Goldman Sachs, enquanto banco, é uma instituição criminosa, que transformou o Dinheiro num holograma onanista, e que está para os Estados Unidos como o BPN está para Portugal, com algumas pequenas ressalvas, que passo a enumerar: aparentemente, tinham o vício de ir buscar os melhores, enquanto o BPN, à portuguesa, se contentava com os piores; os diplomas de ouro tinham sempre nele assento, enquanto as quartas classes da chico espertalhonice profileravam na Sociedade Lusa de Negócios, com exceção de Rui Machete, que já era mau antes de o ser. O outro  "je ne sais pas quoi" é que o BPN era uma saloice à escala dos presépios da Cavaca Velha, enquanto o Goldman Sachs opera à escala global, pelo que, através de uma regra de três simples, mais ou menos manhosa, se o BPN, do Cavaco e do Dias Loureiro foi suficiente para afundar Portugal, a falência, de aqui a dois meses, do Goldman Sachs arrastará o Mundo para a Bancarrota.

Até aqui, nada de mal, dirão as Portuguesas, dos programas da tarde, das generalistas, com os seus célebres, "é assim, temos que nos acostumar...", ou o "eles é que sabem, eles é que mandam, a gente só tem de cumprir".

Todavia, desta vez não vai ser assim, porque, ao colapsar o Sistema Financeiro, a nível mundial, a Globalização, que consistiu no ir explorar chinesinhas e vietnamitas, para vender coisas no Ocidente a preços ligeiramente mais baixos, e com margens de lucro, de intermediários, infinitamente astronómicas, destruindo empregos e toda a estrutura do Estado Social, a Globalização, dizia eu, vai para o caralho, e como tudo isto está colado com cuspo, países como o nosso, que se tornou residual, importador bruto, e bandeira de conveniência de drogas, e outras coisas que não servem para a alimentação, um belo dia vai acordar, e, ao contrário do que se pensa, o problema não vai estar em meter o multibanco na ranhura, e não haver notas, mas em ir à prateleira das sucursais da Jerónimo Martins, e nada haver para comer.

É certo que o canibalismo resta, como solução, mas com o conselho -- avisado, diga-se de passagem --, dos sicários de Passos Coelho, para "emigrarmos", o que sucederá será que não vamos poder comer sequer, frango, mas só galinha velha, daquela que se arrasta para Fátima, para ver o solzinho dançar, e eu odeio alimentação fora de prazo, pelo que não me apetece acabar os meus dias a ratar uma artrose de uma crente da Beata Lúcia.

Afora o humor, esta merda está-se a desintegrar, por algumas razões que são evidentes, posto que algumas medidas previstas pela "Troika", dado o poder de não previsão de quem assinou aquele compromisso, tinham, como efeitos colaterais, a prisão de meia classe política, e ir mexer nos vespeiros que movem, na sombra, a nossa bandeira de conveniência.

Era evidente que não se ia mexer nos salários mais elevados dos gestores, porque isso era ir mexer nos salários dos gajos que tinham ido para esses lugares de gestão, depois de terem fielmente cumprido o papel político de desintegradores da Coisa Pública. Também não se podia mexer nas parcerias público privadas, porque a própria designação é aberrante: uma coisa ou é pública, ou privada, exceto os eventos sexuais de quem nos governa, e, à Portuguesa, resolvemos bem a questão: era tudo pago pelo Estado, só que umas tinham o nome de "Estado" e as outras não tinham. Também não se podia desmantelar o cancro das autarquias, porque as metástases eram famílias inteiras, caciquismo partidário generalizado, a provocar rombos fabulosos nas contas públicas, de maneira que só havia duas saídas: ou se deixava tudo na mesma, como aconteceu, e se preferiu ir para umas medidas cosméticas, para intimidarem os cafres, como roubar nas reformas, e pôr as velhinhas de oitenta anos a calcetar as ruas, ou se tentava meter parceiros duvidosos no baralho, como países onde a prática democrática deixa muito a desejar, como Venezuela, Angola e a China.

Quanto a Angola, é certo que tínhamos, e temos, porque ainda não foi pelos ares, com uma bomba de um anarquista, o célebre Miguel Relvas, que, depois de beijar o cu ao bode, na sua Loja Maçónica, também foi lamber o cu à Isabel dos Santos. Ora quem lambe o cu a um bode e à Isabel dos Santos, depois disso, lambe qualquer cu, em qualquer circunstância e a qualquer preço.

Acontece que o procedimento de Miguel Relvas, por alegoria, se poderia entender como a postura de todo o bando de marginais, que enturmou, com Passos Coelho, sob a designação de "Governo".
Na realidade, não há Governo, há só um grupo de pessoas, aterrorizado, a tentar, de três em três meses, com a chico espertice típica deste povo desolado e desolador, tentar enganar a "Troika", que vem ver, se de facto, estamos a cumprir. É já mais do que claro que não estamos, exceto nos tais pormenores que não custam nada e que mantiveram a população em estado catalético, durante os escassos meses que esta tortura tem durado.

Subitamente, as coisas começaram a parecer estar a mudar, porque, para esta gente, que não reage a nada, começaram a tocar nos árbitros, nas maternidades e na escolinha das suas crias, ou seja, no património intra uterino, que se conjuga entre a homofilia dos estádios e a ditadura das mulheres de bigode.

Para Stephen Hawking, Portugal terá entrado numa singularidade espácio temporal, e, numa terra habituada a queimar gatos e a deitar azeite a ferver nas crianças, deu-se um evento inusitado, que foi a tentativa de um "desperado" se imolar pelo fogo, frente à Câmara Municipal do Porto, onde reside um dos maiores mafiosos de Portugal.

Ora, a onda de choque disto é imprevisível, e vamos ver para que lado encosta, se para os cravos de abril, se para os cravas de maio, ou se para mais uma gigantesca procissão do adeus, em Fátima. Pessoalmente, inclino-me mais para esta última, mas isso faz parte do solipsismo nacional já que, na realidade, por mais horas que passem a fazer grandes planos, televisivos, do focinho da santa com cara de saloia, o que está em cena é uma enorme ampulheta, que já está a escorrer para o lado oposto, sobretudo  em España, onde o último dos Bourbons já está num estado de degenerescência neurológica só comparável com a de Cavaco Silva, já que, todos nós aprendemos, desde pequeninos, que ninguém mata elefantes por equívocos, embora, por equívocos desses, possam cair Monarquias, como já caíram com os brioches da Joana Josefa de Lorena, arquiduquesa de Áustria, e rainha de França, e em outras tantas circunstâncias. Quando a Monarquia cair, a España transforma-se nos Balcãs peninsulares, com a Cataluña e os Bascos centrífugos, e, enfim, malhas que o Império tece, a Galiza a querer "ajuntar-se" ao Norte, para que Lisboa deixe de ser a capital do Porto, e seja finalmente substituída, nessa função, por Vigo.

Já nessa altura terá falido o Goldman Sachs, não haverá comida, e o escarumba que os "soixant- huitardes" tanto aplaudiram, sem perceber que era a mais espantosa ratoeira que a América neo fascista lhes tinha aprontado, não só terá conseguido dar cabo do Euro como terá destruído o Dólar.

Eu sei que tudo isto é uma chatice, mas como é inevitável, aconselho-vos a entreterem-se, nesta trégua de dois meses, antes do Apocalipse, com as vitórias do Sporting, ou como eu, que, metido numa interminável forma de sufoco e tédio, dei hoje comigo, estupefacto, a olhar para as mamas da Joana Amaral Dias.


(Quarteto do Armagedão, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal". no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")


Imagem do Kaos



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