terça-feira, 21 de agosto de 2012

Uma certa boca




Imagem do Kaos


Dedicado à Isabel, na esperança de que a outra não perceba que isto está, mas é, direitinho, feito para encaixar nela... :-)



Como dizia a Gertrud Stein, uma boca é uma boca, uma boca, uma boca, uma boca..., e tinha todas as razões do Mundo, se lhe anexarmos a assimetria, já presente no célebre momento do Big Bang, de que todas as bocas são bocas, sim, mas nem todas as bocas são iguais.

É claro que este texto é como a virgindade: antes de eu o ter escrito, não ia começar toda a gente, ó meu, ó meu, a olhar à sua volta, e a classificar as tipologias das bocas, mas lamento, se, mais uma vez vos arranquei um pouco da virgindade. Sintam-se como aquelas suecas que o Assange violou (!), quando toda a gente sabe que violar uma sueca é uma anomalia tão incompatível com a racionalidade como acreditar na virgindade da Santa com cara de saloia, que os acrobatas carregam aos ombros, ao som do "Avé, avé, Maria", o hino do sodomita António Botto, composto expressamente para a Igreja do Salazar o deixar voltar a Portugal, uma espécie de "redenção", que não é redenção, porque toda a gente sabe que a paneleirice nunca se cura, só consegue sofrer agravamentos.

Honra lhe seja feita, porque pôr as velhas, pelo menos uma vez por ano, às vezes, duas, a agitar lenços a um ídolo de porcelana, com um "sound" homo, faz daquilo -- e a isso chama-se "génio" -- faz daquilo o maior "Gay Pride" Português,
mas,
voltemos às bocas.

Há as bocas em forma de fenda, como a da defunta Lurdes Rodrigues, essa alimária, que, pelo Princípio de Peter, foi promovida, de Sinistra da Educação, a gestora dos lobbies suspeitos da Fundação Luso Americana para a colonização cultural de Portugal. Numa boca em forma de fenda não cabe nada, a não ser uma chave de fenda, eventualmente destinada a estimular a úvula, que é uma espécie de clítoris que as brochistas têm no fundo da garganta, o que não era o caso da Lurdes, que nem para o broche servia.

Há as bocas à Manuela Boca Guedes, que são um pouco como as tripas dos enchidos de porco negro, e vão servindo, para, com os anos, se irem enchendo de botox: há uma teoria que defende que o botox está numa crise de escassez só equivalente à (falsa) escassez de petróleo, de maneira que quem tem botox chama-lhe... seu.

Há as bocas iconográficas, como a da Bocarra Guimarães, que, tal como os inseticidas naturais já traziam botox antes de o haver. Consta que Carrilho consumou com ela o seu casamento homossexual para poder ter, por perto, sempre uma fonte inspiração, de cada vez que lhe apetecia um chupa chupa. Chupava ele, e ela ficava a ver.

As bocas de charroco são apanágio dos Teixeiras dos Santos e dos Catrogas, sempre pagas a preço de ouro, que é o valor mais elevado com que devemos recompensar a ignorância e a venalidade, e a História foi injusta nisso, porque Rodin deveria ter conhecido os dois modelos, antes de moldar o seu "Baiser", que, diga-se de passagem, iria ter a subtileza de um Botero, com dois hipopótamos colados pelas beiças, a serem pagos milionariamente. Felizmente, Rodin morreu primeiro.

Há a boca de amêijoa, também chamada boca com visão periférica, já que tem uma tal amplitude que dá para estar a comer as entradas pelo lado esquerdo, e a sobremesa, simultaneamente, pelo lado direito. Para as pessoas apressadas, é a ideal, já que, quando têm 70 e tal cargos em assembleias de empresas, como o uranista Paes do Amaral, sobra-lhes pouco tempo para comer, já que no comer, aqui, também se tem de reservar uma margem de manobra, para as necessidades de ser comido, coisas humanas, e que pagam caro, a partir de certos patamares.

Em "Un Chien Andalou" de Dali/Buñuel, também aparece uma mulher sem boca, o que certos estudos mostram ter alguns traços evolutivos, sendo o Intelligent Design a cuidar de que aquelas galinhas que passam horas de estridência a cacarejar, se calem, de uma vez por todas. Sou daqueles que prefiro ouvir o canto dos rouxinóis.

Ora, para que isto não se alongue muito, esta boca, em especial, cujo nome aqui não posso pôr, nasceu leporina, mas leporina de uma forma tal, que começava racha, em baixo, e ia racha por ali acima, até findar no nariz. Graças a deus que isto aconteceu antes do encerramento da Alfredo da Costa, por ordem da Opus Dei, para dar origem a um caixão de betão, residência de numerários, do arquiteto oficial da "Obra", Biancard da Cruz, mas as enfermeiras sentiram um terrível arrepio, porque um corpo daqueles era equivalente a uma fenda com duas pernas, que chorava, não se sabe se com a cara, se com todas as partes do corpo.

A Universidade de Aveiro, especialista em novas tecnologias, foi imediatamente consultada, assim como um padre, não fosse aquilo ser a semente do Diabo. Não era, era demasiado pequenina para isso, embora com os anos, se viesse a "achar", como é típico em Portugal, sobretudo nas camadas mais medíocres, que nós costumamos situar no topo da nossa miserável pirâmide política e cultural.

Sendo esta boca prima da boca da Duquesa de Alba -- que já na taxonomia das bocas, de Lineu, vinha em nota de rodapé, como "boca da Duquesa de Alba (sic)" -- da qual apenas herdou os diademas (!), a intervenção médica tinha de ser extraordinária, e foi: agarraram num fio de sola de sapateiro, e coseram aquilo tudo por ali acima, deixando apenas um escoadouro, cá em baixo, e um sorvedouro, lá em cima. Só depois de tudo suturado é que os ilustres cirurgiões se lembraram de que, na boca da servidão, não ficava espaço para as visitas do negrão do "Luanda", mas como Deus é grande e sábio, lá se decidiu que tudo aquilo que não entrasse, pela frente, encontraria alojamento nas traseiras, mais rotura, menos rotura. Quanto à mini boca, ficava reservada a abafar a palhinha, o que não seria indigno de tal aristocracia novecentina.

Ora, nesta altura, já a barraca chamada Obama teria considerado que eu estava a utilizar armas químicas, e estou, porque amor com amor se paga: uma boca daquelas ficava inibida, para sempre, de quaisquer excessos, ou seja, a viver no limbo de um perpétuo ramadão, quer alimentar, quer sexual. Acontece que, como sou um exagerado, não vou parar já, e peço que notem, com atenção, que essa maravilhosa boca, que chegou a posar para revistas francesas do jet-set -- suponho que no tempo da Coco Chanel, já para não recuar à Imperatriz Eugénia, pelas rugas de expressão... -- tem um ligeiro descaimento para um dos lados, que não consigo bem precisar, já que, como canhoto e daltónico, confundo esquerda com direita, até politicamente, o que me tem poupado alguns dissabores, o chamado requebro da zézinha-que-deus-tenha, ou um ferrorodriguismo incipiente, mas isso avaliarão vocês, se lá chegarem.

O  Lagerfeld mandou a Pipa Midletton, uma pindérica inglesa, mostrar mais o cu e menos a cara. No caso desta, infelizmente, acho melhor que ponha burka em ambas, já que devia saber que, em cama de dois, não cabem três, sobretudo quando o cu é um expositor de celulite, que atira para fora do colchão as mulheres honestas, que ainda as há. Se nem em Portugal, muito menos no Reyno dos ALLgarves...

E para acabar esta maldade, que vai levar dias a ser desencriptada, queria encerrá-la com uma maldade ainda maior. Ao contrário da Pipa, esta devia, mesmo, ter uma burka da cabeça aos pés, porque o espécime é de tal modo horroroso que, só num país onde se copula com os bigodes da Nazaré, tem viabilidade.
Por mim, não voto contra, veto, e, já que estamos em bocas, tenho de confessar para onde vai a minha preferência, especial, mesmo sibarita: é a boquinha de fazer broches a grilos, da Ana Drago, que se deve despachar, porque o Partido Oportunista está em extinção acelerada, e sabem por que adoro aquela boquinha?
Pois termino com mais um enigma: sempre que olho para ela, faz-me sentir... a pujança do elefante...

(Quarteto da língua viperina, e do "non sense", tout juste para a silly season, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino", e em "The Braganza Mothers")

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