domingo, 2 de junho de 2013

Cavaco Silva, uma decadência começada no significante, arrastada pelo significado e afundada no referente





Imagem do Kaos


Não gosto muito de repetir textos, mas vou começar este com um problema de gestalt agravado, que tem a ver com um epifenómeno da sociedade portuguesa, que se instalou no Palácio de Belém.

Curiosamente, não sei se por respeito, se por aquela típica subserviência, herdada de uma sociedade tornada mentalmente diminuída, por quarenta longos anos de exposição ao Salazarismo, mais os antecedentes de séculos de Inquisição, mais uma certa estupidez atávica, que desagua nas gravideses neanderthalezas da Assunção Cristas, inúmeros intervenientes aparecem, num espaço que frequento muito pouco, o televisivo, a falar do "Sr. Presidente da República".

Já há dias escrevi que tenho de fazer um enorme esforço para perceber a quem se estão a referir, e depois, faço como aquelas pessoas ligeiramente alzheimerizadas, que é dar uma volta ao bilhar longo das referências, para me tentar situar.

Geralmente começo por associar Presidente a Presidência da República; depois, penso em Belém, sobretudo no Jardim, onde atacavam os irmãos mais novos, que o Carlos Cruz consumia, e os mais velhos, que o Portas enfiava no descapotável, e, depois, só com a evocação mental daqueles fabulosos pinheiros mansos que protegem a Real Barraca, é que me lembro de que aquilo está ocupado, e lá faço mais um esforço, para me lembrar de por quem, até chegar ao... "Professor" Cavaco Silva.

Como disse, a história terminaria aqui, como mais um epifenómeno da saloiice nacional, se, ultimamente, também não me estivesse a dar aquilo que eu designaria de "branca do segundo grau", ou seja, estarem a falar do "Professor" Cavaco Silva, e eu não me lembrar de ter tido, ou sequer, da existência, em território nacional, de alguém com esse nome, e lá voltar a dar a volta, se é professor, deve dar aulas nalguma escola, e não me vem nada à cabeça, até que, de repente, se me faz luz, e percebo de quem estão a falar: um tal de Aníbal Cavaco Silva, que dava aulas na Nova, aliás, não dava, e tinha um processo disciplinar em cima, por só lá ir sacar o dinheiro do fim do mês, e que, depois, foi safado por outro anormal, da mesma cepa do atual Ministro da "Economia", que não era Dos Santos, mas mais alto, (De Deus) Pinheiro, e o favor foi pago com pôr-nos a envergonhar Portugal, como Comissário Europeu, depois de preencher várias vagas do Vazio, como a sua célebre passagem pelos Negócios Estrangeiros, a quem a velha guarda francesa logo titulou como "Le Minstre Portugais des Affaires Étrangères est étranger à ses affaires..." (ponham no Google tradutor, que aposto que já não vão mais além do lá, lá, lá, das letras do Justin Bieber, ou das prosas menores do Ricardo Araújo Pereira, para fazerem rir velhinhas da Festa do "Avante" e esclerosados do "Expresso"...)

Evidentemente que toda esta minha prosa se insere nos 25 anos de integração de Portugal no Espaço Económico Europeu, a maior parte dos quais foi ocupada por uma criatura que não tinha a mais pequena noção de decência, nem a estatura democrática para ocupar o que quer que fosse, a não ser um talhão de cobertor das feiras, em Boliqueime, para não interromper a tradição de vendas horizontais, que já vinha do pai, que defendia, com a tacha arreganhada, que "o filho era o maior homem de Portugal". Garanto que não era, porque ele dá pelos ombros dos pretos jogadores de basquete do Benfica, por exemplo, e quem tiver dúvidas, vá ao "Colombo" vê-los, nos dias em que saem dos treinos.

A gravidade da situação, do ponto de vista Saussurreano, porque tudo é linguagem, e, depois, língua, é que o velho problema da arbitrariedade da conexão entre o significante e o significado se agravou, no caso da Presidência da República Portuguesa, porque ela se desproveu completamente de significado, e, só por um esforço de associação, lá se consegue colar, com algum cuspo, àquela vergonha do Aníbal. Agora, a história da deriva do significante "Professor" Cavaco Silva ainda me parece mais complexa. Tanto quanto ouvi, das raras vezes que ia à Nova, punham-no a fiscalizar exames -- esta contaram-me recentemente... --, e ele lá ia, com aquele andar de lêndea, colado às paredes, num anfiteatro cheio de Relvas, a copiar, e voltava-se de repente, a pensar que ia surpreender qualquer coisa, arreganhava a beiçana molhada, e não surpreendia nada, exceto as risadas que provocava e as babas que projetava contra as paredes.

Um dia virá em que Reitor descerrará uma placa a dizer "Cavaco babou-se aqui"...

O problema do significado creio que tem uma explicação simples, já que basta vir para a rua, e ouvir chamar ao Aníbal tudo menos "Professor": o Português comum associou-lhe uma série de epítetos melhores, do jargão de esquina, "palhaço", "vigarista", "ladrão", "cabrão", e o clássico "filho da puta", que assenta na maioria dos detentores de cargos políticos.

De facto, enquanto "Professor", Cavaco Silva ensinou-nos todos os velhos truques da baixaria e da golpada, ou seja, sendo nós idiossincraticamente já...assim, não nos precisou de ensinar nada, apenas passar o diploma daquilo que já éramos, tal como Salazar fez, nos seus tempos áureos. Para mim, que nunca me revi em nenhuma das duas figuras, sigo, mais atentamente, que todos os apoiantes do Cavaco Governante acabaram na prisão, uns por desvio de fundos, outros por crimes de sangue, outros por ineficácia do Sistema Judicial, outros, de burla agravada, e, os piores, por terem provocado uma bancarrota em Portugal, chamada BPN, que nós tivémos de pagar, pela pressão que os seus acionistas privados, hoje chamados "Galilei", fizeram sobre o alarve da altura, José Sócrates, para empurrar o buraco bilionário para a alçada do Estado, sob a velha métrica do "é privado, quando dá lucro, e passa a estatal, quando/mal se converte em prejuízo".

Dos 25 anos de integração europeia, mais de 10 foram vividos sob a tutela de um escroque, Cavaco Silva, que foi distribuindo pelos amigos os fundo estruturais, que nunca reformaram o país de Salazar, e o converteram  na Cauda da Europa do Espaço Comum.

Não satisfeito, voltou, apoiado pelos dinheiros sujos da SLN e da Opus Dei, e esteve mais 7 anos (até ao dia de hoje), a gangrenar o tecido social, cultural e económico da Nação.

A jeito de contas, que o "Dona Coisinha", o tal António Barreto, que esteve sempre em tudo o que era sujo, e quer ser agora o putativo (entre o significado, "presumível", e a proximidade, mais correta, com... "puta") substituto do Cavaco, a jeito de contas, dizia, o Aníbal ocupou cerca de 70% do nosso tempo de integração europeia.

Ora, 70% é muito tempo.


Como dizia o outro, se não roubou, deixou que se roubasse, e ao deixar que se roubasse, atirou-nos para a bancarrota.

É sua especialidade ter ataques, agora, mais controlados pelos comprimidos do Conselheiro de Estado (!) Lobo Antunes -- uma espécie de Rasputine da hemofilia neurológica do doente de Boliqueime -- e cremos que o seu período seguinte poderá ter de passar por exorcismos mansos do cómico Bergoglio Francisquinho, para ver se acalma, como sugerido pela brilhante imagem do nosso "Kaos", e aqui entramos na terceira parte do Signo Linguístico: já expus a minha incomodidade, relativamente ao significante, ao caráter degenerativamente dúbio do significado, mas sobra agora a parte pior, o referente, a carcaça Cavaco Silva, um sistema termodinâmico em falência, com a monitorização neurológica irreversivelmente afetada. Um pequeno desvio, e o referente abre a fossa, para falar de vaquinhas, presépios, nabos, abóboras, santinhas de províncias, do cinema São Jorge, ou do "Cüpernico". Em sua defesa pouco mais disse do que ter de nascer duas vezes, embora, dado o estado de degradação da coisa, e se o quisermos indexar ao instante em que começou a gangrenar Portugal, talvez tenhamos de regressar ao Tempo de Planck, 593124(27) x 10 levantado a - 44, o que, tendo em conta a idade cronológica da múmia, 73 anos, e a ter de nascer duas vezes, dava, se não me engano, 146 invernos, daqueles sinistros, ou seja, para apagar a sua influência, dado que, abaixo do Tempo de Planck, nada se sabe, e as Leis, quer as Comunitárias, quer as da Cândida Almeida, quer as da Física, quer as do Senso Comum, deixam de ter qualquer significado, e seria necessário percorrer 593124(27)x10 ^44+146 anos, o que dava uma colossal quantidade de tempo.

Entretanto, se não parado agora, por um exercício de cidadania, já terá tido tempo de destruir, 100 000, a obra ancestral de Afonso Henriques.

Creio que já nem o tiro de misericórdia que se dava nas jumentas velhas ele agora merece.




(Quarteto de Saussure, à la quântica, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")


1 comentário:

Giuseppe Pietrini disse...

Não temos feito outra coisa, nós portugueses eleitores, senão deixá-lo tombar... Desde o princípio. E ainda lhe demos a hipótese deste "encore" por duas vezes quando o pusemos lá em Belém. Ó ignara gente lusitana!...

Abraço, fratello! ;-)
Giuseppe
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