terça-feira, 3 de março de 2015

O Napoleão de Goa em Santa Helena, seguido de metadiálogos avec le genou de Mademoiselle Corinne





Imagem do Kaos


O Napoleão de Goa conseguiu uma coisa espantosa, que foi ir direto da sua Córsega para a Ilha de Santa Helena, sem nunca ter posto os pés em Paris. Cremos, mas apenas como hipótese de trabalho, que este maravilhoso percurso se deveu àquela ratoeira sociológica que se chamou as "Primárias do PS", dando razão a uma amiga minha -- cujo nome aqui não posso pôr, senão passavam a conhecer todas as  minhas fontes -- que jurava que, naquele santo dia em que o PS pôs os patins ao António José Seguro, eram aos milhares as caras da oposição ao PS que se engalfinhavam, para lhe escolher o pior líder da Oposição. A coisa parece perversa, mas, bem observada, também é um sinal de maturidade cívica, já que, quando se quer ver a Oposição perder as  eleições, o melhor é a oposição à Oposição mobilizar-se, fazer um pequeno esforço, e ir lá votar na pessoa que se lhes afigure estar mais a jeito para ser derrotado.

Sendo isto uma mera hipótese, só teremos a certeza, quando chegarmos ao descalabro legislativo deste ano, embora eu tenha uma previsão, da qual nem sequer sei se gosto, até por que nem sei em que estado estaremos, quando lá chegarmos. Disse-me um passarinho que será substancialmente pior do que agora, mas quem são os passarinhos, se o António Costa, de repente, decidir vir dizer que, depois dos quatro anos, estes seis meses ainda conseguiram vir trazer melhores melhorias para o estado de catalepsia em que mergulhamos?

Nos entretantos, o país tornou-se interessante, já que faz lembrar os anúncios da Benetton, de há uma década atrás, cheios de raças, e com algumas dificuldades em encontrarmos uma cara portuguesa, já que emigraram todas, ou quase todas. Há um postulado de Euclides que diz que, entre dois monhés se pode traçar uma e só uma reta de caril, pelo que, tentando ser matemático, coisa nos antípodas da minha iliteracia, olhei para o Napoleão de Goa e para o Zeinal Bava, e comecei a farejar, como uma cadela ciosa, a ver se cheirava a especiarias. A verdade é que o cheiro que vai de António Costa a Zeinal Bava é de tudo, menos de especiarias, ou, mais objetivamente falando, ambos encarnam, quanto mais não seja pelo odor, as tristes epígrafes de fim de regime a que chegámos.

Do primeiro, pouco há a dizer, já que é uma construção diária da sua própria irrelevância. O segundo, porventura mais perverso, passou, de um dia, do saramago das comunicações para a realidade dos calotes. Pouco memória, uma infinita vaidade e um palco ideal, para ser condecorado vagalmente até à quinta casa. Como todos os mitos, passou do autoclismo à retrete, com uma breve passagem pelas medalhas todas do Mundo, incluindo aquela, quase póstuma, do Vacão de Boliqueime, e um honoris causa de uma universidade das berças, que nem ao defunto Solnado lembraria. Cremos que, naquela dolorosa hora da morte, Zeinal Bava poderá sentir que sentiu tudo o que a Natureza tinha para lhe dar a sentir, exceto um valente murraço nos cornos, com que 10 000 000 de Portugueses, menos os acionistas da PT Telecom, sonham pregar-lhe um dia.

Já o Napoleão de Goa é diferente: tal a pescada, antes de o ser já o era, e, como o feto precoce, nunca chegou a existir antes de se parturir. Como atrás, num tempo qualquer, escrevi, o que tornava António Costa extraordinário, no pântano político português, é que, ao contrário do que geralmente acontecia, os interesses que o suportavam não se manifestavam depois, mas já vinham numa espécie de sequioso a priori, pedófilos, ressabiados, ladrões, Lenas, "Elevens", e outros tantos, ávidos de protagonismo e eleições, e prontos, não para trocar de ideias e comportamentos, mas meramente para ocupar lugares esvaziados, e dar continuidade à gangrena das coisas. Acresce-se a isto, que movido por este combustível biológico, com os aditivos de toda a massa anti PS, a dar-lhe corda, para chegar ao poleiro, a coisa só podia entornar, e entornou.

Como já deverão ter percebido, estou-me zenitalmente borrifando para os resultados das Legislativas, já que, contrariamente ao que sucedeu nos países com algumas semelhanças, não conseguimos nem criar quaisquer syrizas, podemos, ou não podemos, ou vozes do contra, já que nós somos mais modestos, e resolvemos pôr o mesmo vinil a rodar da mesma maneira, integrando no PS as auroras douradas do Galamba, os queremos, da Inês de Medeiros, os fizemos mas não assumimos, do Ferro Rodrigues, os gostaríamos, do Rui Tavares, o que bom que foi, do José Miguel Júdice, o juntos continuamos, do Paulo Pedroso, o assim seja, da Ana Gomes, o inocente estavas, do José Sócrates e o gostaria tanto, do Francisco Assis.

Eu sei que isto já parece um presépio, mas não é: é uma realidade política muito próxima, com forte hipótese de resultar num empate técnico entre o Cobridor de Pretas, mais a Zsa Zsa Gabor, e o Napoleão de Goa. Se juntarmos a esta paleta os discursos para chinês ver, a corrupção dos Timorenses, mais o Mário Nunes, o gajo da Base de Beja que foi combater para a Síria, e a Ângela, cuja cona quer ser tratada como uma princesa pelos mangalhos suados e barbudos do ISIS, só ficam de fora os esquimós, ou, como dizem os politicamente corretos, o Povo Inuit, que só não votou nas "Primárias" por que estavam muito longe, e preferem o sol da meia noite, e o arenque fumado, a ver o solzinho dançar, ao cheiro do caril e açafrão.

Se isto não é a Benetton, então, onde é que está a Benetton?...

Acho que já semeei demasiada turbulência, mas ainda falta o melhor: Mademoiselle Corinne -- um pseudónimo, por que os tempos andam de gumes afiados ... -- passou-me uma tonelada de informações frescas, que só o meu amigo Jorge Silva Carvalho poderia revalidar. Como podem imaginar, já que não podemos --- "podemos"... esta palavra tornou-se perigosa, desde que o Maduro a começou a financiar... --, vá lá, não podemos, mas "devemos", escarrapachar com tudo aqui, vão as linhas mais interessantes, sendo que a primeira, que convém, desde já, associar ao belo mês de março que começou a despontar, é a de que Durão Barroso, o "Cherne", podre e corrupto como só alguns raros portugueses alcançaram ser, não tem conta aberta no HSBC, o que faz com que quaisquer associações suas ao escândalo "Swissleaks" sejam mero vender papel de revistas cor de rosa. O "Cherne" sonha mais alto, memória dos tempos em que rastejava ao som do Livrinho Vermelho do Camarada Mao, e sabe que qualquer Grande Marcha acaba sempre numa monumental sarjeta. A segunda, mais pragmática, é que, apesar das cautelas e dos caldos de galinha, tal como uma menina dos "Helth Clubs" do Estoril, já tem motivos e hora marcada para ir fazer companhia ao Vigarista de Vilar de Maçada, que melhor fará em encomendar, à Câncio ou à Fava, um Armani às riscas, por que vai lá ficar dentro por longas eras. Por fim, e por que o contador das horas já começou a contar a decrescência dos dias do último ano que falta para o fim do vergonhoso mandato de Cavaco Silva, é importante comunicar-vos, aqui, um dos carinhos que Mademoiselle Corinne tinha reservado para mim, aliás, para nós: é que, uma vez terminado o seu vergonhoso mandato, Aníbal de Boliqueime já tem emitido um outro mandato, bem mais interessante, obviamente, por que se trata de um mandato de captura.

Foi ela própria que o viu.

É justo: que os dias corram céleres :-)


(Quarteto Benetton, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

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