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A crise começou a meio da tarde, quando o Alberto João apontou a luneta que costuma usar para ver as gajas descascadas nas piscinas dos "decks" dos paquetes que escalam o Funchal, e começou a erguer-se uma coisa nos ares, que ameaçava provocar o maior eclipse solar do século. O Alberto pensou duas vezes, e disse, "espera lá, que aquilo deve ser coisa do Cont'nente, vou já buscar a caçadeira e matar aqui dois melros..."
Meu dito, meu feito.
Alberto João Jardim, célebre por disparar palavras, mostrou-se exímio atirador. Em tempos normais, com cegos em Santa Maria, contentores em Alcântara, o tráfico de armas e droga a decorrer normalmente, a coisa poderia ter passado despercebida. Acontece que vai ser a epígrafe da campanha mais porca a que iremos assistir. Por mim, na boa, e todo o nosso vocabulário vai passar a ser polido, face aos horrores que deitarão da boca para fora políticos que, pela primeira vez, desde 1975, podem dar largas à sua imaginação. É bom que saibamos o que realmente se esconde por debaixo do politicamente correto, para não pensarmos que o mundo é mesmo assim.
Um dos nossos colaboradores mostrou-se escandalizadíssimo com os estertores da Clara Ferreira Alves: suponho que seja por nunca a ter visto nua, previlégio que já me foi dado, que então é que ele perceberia o que é Bosch, o pintor, na Política. Lá diz o ditado popular, cada cabeça sua sentença, cada cona seu corrimento, e é a altura de as sentenças serem integralmente substituídas pelos corrimentos.
Entre os desastres das Legislativas e o desastre, esse, sim, final, das Autárquicas, vamos assistir a milhares de ratos a transitar de plataforma em plataforma política, já que, como Diogo Feio disse -- esse, ao menos, tem um apelido que é mesmo para falar verdade, como diria a Leite... -- estas vão ser as Eleições mais livres de sempre, e vão, porque como o essencial é evitar que haja maiorias de qualquer espécie, os parolos da Abstenção vão-se abster, e os letrados do voto vão regressar às suas famílias políticas, calmamente, sem a preocupação do voto útil, e à espera de um Parlamento em que as coisas estejam de tal modo estilhaçadas que seja ingovernável. A Bélgica, um país rico, sobreviveu assim, décadas, sem maiorias, sem governo, e vive 5 vezes acima do nível desta piolheira. Talvez fosse uma boa experiência política, estarmos alguns anos sem governo, com o Aníbal a fazer aquelas bocas, em Belém, e a Maria a marcar bilhetes pela Net para Bayreuth, convencida de que ia a algum festival de valsas de Strauss.
A Síndroma de Joana Amaral Dias é mais complexa, porque o Louçã, que até suponho nem seja parvo, subitamente começou a descobrir que tinha um partido que era uma merda, e que era utilizado por toda a casta de oportunistas para se pendurarem no poleiro seguinte, mal soasse a hora. Até agora, só teve recaídas no PS, mas não tardarão a aparecer as suas zitas seabras, e algumas gajas a derivarem para os braços do Nuno Melo, o próximo brilhante orador que se segue. A carne é fraca e a vulva, de ambos os sexos, volátil.
Nesta primeira leva, saíram os zés que faziam falta, a mais do que medíocre Inês de Medeiros e a bicha do levar no cu asseticamente, com luvas brancas e um controlador, "on-line", para ver se a fricção não corrompe o preservativo e há algum imprevisto derrame de HIV. "Next on", e geme que nem uma cadela. Na fase seguinte, quando houver cinco blocos políticos com massas parlamentares muito próximas, vai começar a segunda debandada, a chamada crise do Queijo Limiano, em que serão comprados, com missangas, para passarem de um lado para o outro. Manuel Alegre, com a grandeza que lhe é habitual, saiu pela porta grande, com a promessa de um lugar de destaque no Museu de História Natural, de Nova Iorque. Confessemos que mereceu.
Joana Amaral Dias, por fim, mais uns quantos despentados, vão ficar para apagar as luzes, depois de ter sido exposta toda a marginalidade que subjaz a cada candidato, de as licenciaturas ao domingo e "os outros colos" serem explorados "ad nauseam"; de se descobrir que, à falta de homem, a Câncio tinha um "off-shore" entre as pernas, e que o João Galamba, afinal, era o neto maçónico de Vítor Constâncio, através da barriga de aluguer do filho, João, outra das sombrias nódoas académicas, etc e tal.
Suponho que quando a coisa estiver mesmo mal, desenterrem o Soares, a "Chorona", o Balsemão, o Adriano Moreira, o Freitas, para tentarem vir repor ordem na coisa, mas isso já quando a Helena Roseta estiver pegada, em puxões de cabelos, com aquela gaja horrível, que parece uma salamandra, e é a cabeça de Lista do BE, e mais "A Pegajosa", aquela que fala da Europa com boca de bicos, e que vai levar, em Oeiras, um escaldão nas tetas, completamente dado pelo Isaltino, betonador.
De aqui para baixo, tudo é pior, com a exceção da Maria Emília, de Almada, que vai reinar, na primeira Assembleia Municipal, sem vereadores do PS, que vai reinar, dizia eu, das ruínas da Lisnave à Trafaria. Paulo Pedroso vai-se safar bem, e arranjar logo uma Gripe dos Porcos, no início da Campanha, para não lhe acontecer nenhuma... desgraça. Contactará os eleitores via TV, Net, e folhetos distribuídos pelas Voluntárias de Jeová, mas nada de comícios. Portugal é dócil, e não quereria que nada de mau lhe sucedesse... Ficará então sozinha a Maria Emília, que levará os netos ao miradouro, e lhes porá a luneta nas unhas: "do alto deste miradouro, filhinhos, quarenta hectares urbanizáveis vos contemplam, e são todos da vovó!..."
"Ó, vó, quem é aquele senhor, naquele Palácio cor de rosa, em Lisboa, que está a fazer boquinhas em "O"?...
"Aquele senhor, meu netinho, é o Senhor Aníbal, que veio de Boliqueime tentar a sorte na cidade, mas não evoluiu em nada. O que Boliqueime deu a tumba levará. É uma espécie de ampulheta: sempre que olharem para ele, escusam de olhar para o relógio, é um bom medidor do tempo que falta para passarem 10 anos de mandato".
Mais dez anos perdidos das nossas curtas existências, obviamente.
(Arrebentado no "Aventar", no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "A Sinistra Ministra", em "The Braganza Mothers" e no "Klandestino" )
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Este ano a coisa está tão má que as pessoas nem têm dinheiro para ir para a "Seally Season". Gosto do nome "Silly Season", porque faz lembrar um jardim pré-rafaelita, ao som de Mendelssohn. Como é Português, tem algumas adaptações, e, em vez de elfos, temos ineses pedrosas a saltar pesadamente, de galho em galho, e os naipes de cordas foram substituídos por aquela inenarrável coisa do concerto para 100 Iphones, ou lá o que era, na Casa da Música. A Casa da Música, como cine porno que é, também devia levar o virote que levou o "Olympia", para evitar que continuemos a ser a risota da Europa Musical. Fecha-se a coisa, e, de quando em vez, quando algum grande intérprete se lembrar de que há mais ouvidos, para além do Quim Barreiros, da Katia Guerreiro e da Maria João e do "bidubidubidubidu" com o Mário Laginha, aquilo abria-se, e dava-se um concerto a sério. Pode ser de 100 em 100 anos, para poder ser preparado com antecedência.
A "Sillly Season", este ano, é igual à agonia simultânea do Socratismo e do Cavaquismo: ambos estão entubados, e as enfermeiras, em despique, tentam tornar a infeção cada mais profunda. Toda a gente sabe que o Aparelho de Estado, a nível de escutas, de violação de sigilos, de desfaçatez e de puro espírito de vingança, acabou com a célebre separação dos Três Poderes, e agora vale tudo, desde que traga alguma passageira vantagem no tabuleiro dos peões ranhosos.
Vou simplificar: de cada vez que há um avanço de coisas assobiadas cá para, no "Freeport", por exemplo, imediatamente a Máquina de Propaganda da Maioria faz um cheque ao Bispo, àTorre ou ao Cavalo, através do BPN, das choldrices do Isaltino, ou de coisas afins. É jogo baixo, e não me espanta, espanta-me é que as pessoas não estejam ainda tão espantadas que não lhes tenha dadao para tumultos extremos, mas pode ser que lá cheguemos, é só deixar a fragata afundar-se mais um pouco. Até tudo pareceria equilibrado, no melhor dos mundos, mas averdade não é essa: "Freeport" e "Great-Portuguese-Disaster 1985-1995" não são comensuráveis, por uma razão simples: quando, em 1995, o Aníbal teve de fazer as malinhas e pôr-se na alheta, todas as coisas estavam tipificadas: era a época áurea da fundação da Opinião Pública, e o saudoso Portas, a Helena Sanches Osório, entre tantos outros, tinham apeado, para sempre a ideia do político idóneo e respeitável, trocando-o por uma série de pequenas histórias sórdidas, as anedotas do hemodialisados que podiam ser reclicados para obter alumínio, o crime do sangue contaminado, a pedofilia de Eurico de Melo, o Caso Taveira, entre tantos outros. O Cavaquismo deixou o palco da História pela direita baixa, e com a promessa de ser uma página virada. Pelo contrário, a ascensão de Sócrates, baseada na ma fé, no ludíbrio e na desfaçatez apanhou, mais coisa menos coisa, toda a gente desprevenida, exceto uns quantos, nos quais, infelizmente, não me incluo, que já tinham topado o bicho à légua.
Ao contrário de Sócrates, Aníbal é um ser pouco sofisticado, provinciano, que teria dado um ilustre sucessor do pai, no negócio da bomba. Quis o Destino que o país estivesse tão desventrado que o deixaram chegar ao topo da sua base, a Presidência da República, posto duvidoso, mas que tem feito as alegrias dos longos "jours de lenteur" da sua lenta agonia política. O posto deve-o a Manuel Alegre, pelo que suponho, e espero, que Manuel Alegre venha a ser o mandatário da sua recandidatura: há uma inefável ternura dos 70 que os une, e nos fará a todos felizes.
Ao contrário de Aníbal, Sócrates é um produto totalmente artificial, e, se houvesse um enorme cataclismo, dificilmente o veríamos ao pé de Aníbal, a vender artesanato, nos cobertores de chão da Feira de Almeirim: Sócrates acha que é moderno, mas de acordo com os padrões portugueses, o que leva a que tenha um desfasamento de modernidade de 25 anos, relativamente a España, de 50, perante a França, e de 100, perante a Escandinávia. Anda, é certo, a par com Chávez, Mugabe e José Eduardo dos Santos, mas isso é pouco, nos tempos que correm.
Quem se mete com Sócrates leva. Corre aí uma história relacionada com o "Dissidências", que pode não ser exatamente o que está a ser contado, mas lá terá uma costela de vingança, como foi na sanha persecutório do nosso colega, António Balbino Caldeira. Quem quiser pode assinar a petição, e deve fazê-lo, quanto mais não seja, para mostrar que está no CONTRA, independentemente dos pormenores. Quer isso, resumidamente dizer que, mais tarde ou mais cedo, Sócrates vinga-se mesmo, e de qualquer maneira.
Não me apetece produzir um texto longo. Já percebemos que estamos numa política de entretimento, em que tu avanças com um peão do "Freeport", e o outro avança com mais uma escandaleira BPN. A subtileza, e nisso Sócrates e a sua máquina não pensaram, é que todas as figuras do Cavaquismo já estavam destruídas e mumificadas, antes do séc. XXi arrancar: nada mais eram do que sombras chinesas de um passado morto, que um punhado de eleitores idiotas quis fazer reviver em Belém. Toda a gente sabe o que foi o Crime Organizado, entre 1985-1995. Assim, de cada vez que vem mais uma história, ou uma sequela, sórdidas desse período, não nos deveria espantar. Inquieta, sim, que para cada inumação desse alcaponismo, haja logo uma pronta resposta "Freeport", e vice versa: só mostra que o "Freeport", coisa oculta, está ao mesmo nível dos comportamentos miseráveis das velhas pendurezas de Cavaco. Estranho, não é, para quem se diz, quer, e reafirma, inocente?...
(Hexágono, mesmo hexagonal, no "Aventar", "Arrebenta-SOL", "A Sinistra Ministra", o "Democracia em Portugal", o "Klandestino" e o "The Braganza Mothers")
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Sou apaixonado pela Arqueologia e pelo "ir às fontes". Não era este o texto que quereria ter escrito hoje, mas nem sempre fazemos o que queremos: até o Livre Arbítrio entrou na cíclica da erosão da Crise... Acontece que, ao escavar na dita cuja, vemos desfilar nomes atrás de nomes, até àquele momento dramático em que, depois do 25 de Abril, a adesão ao Espaço Europeu se revelou uma rotura de paradigma.
Pelo lado idealista, enfim, digamos faz de conta que sim, tivémos Mário Soares, que nele apostou; pelo lado retrógado e renitente, a coisa fez-se pela mão de Cavaco Silva, uma das mais desastrosas opções da nossa contemporaneidade. Cavaco Silva, para qualquer arqueólogo de Crises, é o Pai de Todas as Crises, o homem que, pela prática e usucapião, ensinou ao comum dos Portugueses que os Fundos Estruturais não eram para reestruturar o País, mas sim para iniciar mais um daqueles ciclos que, idiosincraticamente, entendemos como do "dolce fare niente": assim foi com o Açúcar, com as Especiarias, com o Ouro e as Pedras Preciosas do Brasil, o Preto, e, depois..., depois... houve um mal entendido, que fez crer que os Fundos Comunitários eram apenas mais um pretexto para estarmos a viver, como sempre, pendurados em qualquer coisa.
Cada Português, por mais estúpido e disforme que seja, tem sempre dentro de si um pequeno cristiano ronaldo, que apenas aguarda plateia e estrelato. Somos os melhores do Mundo, e, como no tempo de Salazar, mesmo quando perdemos, incarnamos sempre um triunfo moral. Não prestamos, e somos um sintoma da vaidade serôdia da Cauda da Europa, com uns quantos velhos do restelo a permanentemente alertar para o mal estar da coisa. Não interessa, porque estamos sempre no faz de conta, o nosso pequeno "Neverland", onde o "never end" jamais chegará. Para alguns, não passamos do território do Rais' te Partam; para outros, somos a zona endógena da rã que queria ser boi. Em 2009, já nem conseguimos ser rã, nem boi, pelo que entramos na lógica autista do normativismo e da correção pública da miséria interior. Cavaco Silva, um homem que está neste estado, mas que continuamos a fingir que não está, é um saloio que atingiu o Topo da Base, chegar a Presidente da República, o suprasumo das suas aspirações. Custou-lhe muito, uma espera prolongada, humilhações públicas, desmaios, e aquelas mãos permanentemente transpiradas, do único político que tinha tanto medo do Povo que se fazia deslocar numa viatura blindada. Nem o Maior Português de Sempre incorreu nesse ridículo, e não esqueço aquela mãozinha assustada, que entreabriu a "marquise", na nefasta noite da eleição: nessa noite, sem nos darmos conta, recuámos 50 anos no tempo, uma espécie de Polanski, do "Por favor não me mordam o pescoço". Os Portugueses, atulhados de cristianos ronaldos, de Ligas, de santas com cara de saloia e ininterruptos disparates televisivos, não perceberam a coisa: ao chegar ao topo da sua base, o Homem de Poço de Boliqueime tinha-nos colocado os olhos à altura da Dª. Maria, do Salazar, quando lhe engraxava as botas com as próprias "culottes" passajadas. Não é por acaso que temos outra Maria em Belém, tão de vistas largas como a anterior. Somos um país de saloios, e nada nos espanta ter um saloio como Presidente, com uma bandeira de "crochet" pendurada no jardim. Dizem as boas almas que era uma obra de arte da Joana Vasconcelos, pois, talvez, mas, para mim, até a terem tirado, era uma bandeira de croché, que incarnava, desde a epígrafe ao posfácio, uma maneira aldeã e pétrea de encarar o Mundo.
Os saloios são sempre os piores: quando vêm para a cidade, não vêm para metamorfosear a sua saloice na dinâmica do urbano: fazem sempre uma pausa, e tentam travar o ritmo citadino, de modo a que se assemelhe, o mais possível, à sua aldeia. Para mim, urbano de várias gerações, sempre que apanho um destes, saco do revólver, e disparo até ele desistir, ou cair. As minhas armas são a Escrita.
Ao promulgar -- e chama-nos para isso a atenção "O Cacimbo" -- o novo Estatuto da Carreira Militar, o Homem da Bomba, que só sonha, maneirinha e mesquinhamente com a sua reeleição, reintroduziu coisas do tempo da Outra Senhora. O militar, mesmo na reserva, fica sob impossibilidade de emitir opiniões. O Sr. Aníbal, que vive fora da Blogosfera, e numa Atmosfera plena de Bolor, não percebe que isto está ao nível dos saiotes de Teherão, das burkas de Kandahar e dos olhinhos rasgados do Exemplo Chinês. O respeitinho é muito bom, e os Portugueses profundos, nos quais se insere o casal de Boliqueime, têm plena consciência de que os momentos corruptos dos Regimes já têm caído na rua, pela mão dos militares. Como diz a Bíblia, assim sempre foi e assim sempre será. Calem-lhes, pois, as bocas...
(Hexagrama do escândalo, no "Aventar", no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")