quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Nação vexada





Imagem do Kaos


Aviso os estômagos fracos de que, dadas as circunstâncias, este será um texto particularmente violento. Ressalvo ainda que, ao longo da nossa longa parceria, a imagem do Kaos, que irá ilustrar este bombardeio, é, pela primeira vez, uma imagem com a qual discordo, já que o defenestrado não deveria ser Passos Coelho, mas um outro, que brevemente trarei para a ribalta.
Recordo as palavras amargas de, se não me engano, Pinheiro Chagas, a referir-se ao Sr. D. Manuel, dizendo-lhe que "tinha nascido demasiado novo, num mundo demasiado velho".
No que a Passos Coelho se reporta, ficariam as minhas palavras, fundamentalmente análogas às anteriores: Passos Coelho surgiu, demasiado tarde, num cenário irremediavelmente condenado.

Hoje, dia 1 de dezembro, celebra-se, e costumava ser com tédio, uma vetusta data, em que Portugal, fruto das atrapalhações casamenteiras de casas dinásticas com declarados problemas de incesto e reprodução, foi parar nas mãos dos Habsburgos de Madrid, e por lá andou umas quantas décadas, atrelando o seu próprio declínio ao declínio dos Áustrias. Para quem não se lembre, uns ousados Portugueses, como aqueles que hoje se reuniram debaixo da varanda da Vergonha Republicana de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, decidiu um dia que, morte por morte, mais valia que morrêssemos a nossa sozinha, e atirou pela janela Miguel de Vasconcelos, antepassado da minha querida amiga Maria de Assis de Luna, a quem, "et pour cause", dedico este parágrafo.

Até aqui, a coisa cheirava àqueles arrojos de peitos cabeludos, capazes de cuspir no chão, e bater na mãe, mas tem a vertente bem mais patética de uma tal Luísa de Gusmão, que a anedota fez proferir uma duvidosa frase de "mais vale ser rainha um dia do que duquesa toda a vida", um mal nacional que depois se estendeu até Vitor Constâncio, Durão Barroso e à cadela ciosa Clara Ferreira Alves, entre muitos outros maus exemplos.

Entre sobressaltos, ao ponto de ser apagada do nosso calendário, a data foi-se esvaindo de sentido, até porque España é um bom amigo, que, aqui ao lado, nos tem dito, ao longo do processo de integração europeia, como é fácil partir ao mesmo tempo, e chegar miseravelmente tão distantes, e aqui vai outra saudação para um notável chefe de estado, o Sr. D. Juan Carlos de Bourbon, que mete num chinelo todas as ruínas humanas que foram assombrando o Palácio de Belém, com uma honrosa exceção, que já referirei.

Quando os franquistas tentaram, num derradeiro sobressalto de ombros, abolir a jovem democracia espanhola, o Rey dirigiu-se à Nação, aliás, às várias nações do seu Estado, e disse que condenava firmemente qualquer ação militar que colocasse em causa o novo regime. Toda a Ibéria lhe ficará, para sempre, grata pela nobreza e coragem desse gesto, e aqui vamos entrar na nossa "twilight zone", porque decorridas algumas décadas sobre esse feito notável, dia 30 de novembro, como em várias ocasiões dos tempos correntes, bem ao lado de España, um saloio, que nunca devia ter saído das vendas de cobertor, nos interiores algarvios, cobarde, medíocre e indigno do cargo que ocupa, não recebeu os militares silenciosos que, em massa, lhe vinham dizer que a Nação estava descontente, e foi para o Alentejo falar de abóboras (!), depois das vacas da Graciosa e do prazer da ordenha das tetas das ditas cujas, em atos anteriores.

Nada tenho contra as vacas. bem pelo contrário, acho que o cidadão Aníbal Cavaco Silva, num estado livre, deve invocar o exemplo da sua família e prole, para que, com tão augustas alegorias, o ignaro povo português se "induque". É a sua costela Teresa Guilherme, e até lhe fica bem, embora haja quem já esteja profundamente desagradado com a permanente ostentação da ordenha, como sucedeu na Escola Egas Moniz, onde a Patrícia, a mesma da Praia da Patrícia, na Zambujeira, e a da venda  das ações do BPN, teve de ser corrida, porque não havia evento nenhum académico onde a vitela não tivesse, de obrigatoriamente, ser incluída na comissão de honra, de onde se depreende que sai à vaca da mãe, no gene do protagonismo de sarjeta...

Tudo iria bem, até aqui, já que realmente não nos diz respeito que o Sr. Aníbal promova a felicidade dos seus quadrúpedes familiares, não fossem as tetas dos mesmos descarados implantes que o seu sistema de corrupção, vigente desde 1986 -- o tal que ainda, foda-se, queria nascer duas vezes, porra, caralho, puta que te pariu, mais a cona da tua mãe!... -- se incrustou, como gangrena, nas contas do Estado, ou seja, naquilo que nós, hoje, cidadãos de uma República em agonia, passámos oficialmente a pagar. Resumidamente, alimentar, com os cortes dos nossos salários, ataques aos subsídios, aumentos de IVA e o que ainda está para vir, e é MUITO pior, um bando de homicidas (Leonor Beleza), escroques (Mira Amaral), traficantes de armas (Dias Loureiro), ladrões (Cardoso e Cunha), pedófilos (Eurico de Melo), facínoras (Oliveira e Costa), grunhos (João de Deus Pinheiro), inimputáveis (Isaltino de Morais) e assassinos (Duarte Lima), entre tantos outros.

Vamos agora para a parte alegórica, onde tanto se encaixa o ternurento episódio das abóboras. Acontece que, em períodos de enorme turbulência, a evocação da abóbora é sempre prenúncio de tempestade próxima: com Bordallo Pinheiro, era a representação canónica do Rei Carlos, que acabou, algo injusta, e cobardemente, mal; "Cabeça de Abóbora", por seu lado, era a alcunha oficial de um paraoligofrénico, que fazia o mesmo papel do Cavaco, no Estado Novo: era reeleito, para fingir que estava lá, e a única prova de inteligência do corta-fitas, a de, consta, se rir imenso das anedotas que corriam sobre si, esgotava-se aí, sendo uma forma de tédio e do nível de indecoro a que chegara o mais alto cargo da hierarquia republicana.
Em redor de Américo Thomaz, e vou ter de ir consultar a Wikipédia... ah, sim, era casado com a "Dona Gertrudes", a Maria Cavaca dele, e procriado na Natália, dois nomes que, como a Patrícia e a Perpétua, nos afastam ostensivamente do séc. XXI, e nos atiram para os tempos empoeirados da Madame Bettancourt, do Largo da Misericórdia.

Começa-se a perceber por que rejeitei a figura do defenestrado, do Kaos.

O defenestrado a defenestrar é o descrito atrás, uma "coisa", em estado pré-catalético, que pensou que ser Presidente da República era mais uma simples linha a acrescentar ao seu currículo mediano, de quem chegou ao topo da base, e a mais não aspirava.
Acontece que, por inerência, essa Presidência da República, que continua a vexar, igualmente vexa o posto de Comandante Supremo das Forças Armadas, coisa de que se esqueceu, na sua miserável contabilidade de locatário da Quinta da Coelha, e ao vexar os militares, a quem, hoje, mais uma vez, cobardemente, virou as costas, para ir falar de abóboras, no Alentejo, vexa todo o Povo Português, e a Nação em que, para o bem e para o mal, se constituiu, no séc. XIII, e foi restaurado, no dia 1 de dezembro de 1640.

O que devem fazer as tropas, a um comandante que cobardemente lhes vira as costas?...

Para que o texto não seja sombrio, e haja um pouco de ciência, e de Matemática, a mãe de todos os conhecimentos, nestas graves linhas de acusação, basta ir ao bem organizado espaço da Comissão Nacional de Eleições, e fazer, como eu fiz, as contas: entre eleitores, com direito a voto, brancos, nulos, e naqueles que o rejeitaram liminarmente, votando no que quer que fosse, para recordar a "Sua Excelência", que ocupa a residência de Belém, que só lá está por vontade expressa de 10% (!) de Portugueses, contra o ódio, o asco e a saturação de 90% dos restantes.

Se estes números não lhe dizem nada, dizem a mim, que odeio contas, mas ainda percebo o sentido axiológico de certos números. Sr. Aníbal, neste momento, o senhor já não representa nada, nem a si mesmo, mas tão só um lúgubre episódio da sua biografia degenerada.

Sabemos que gosta pouco de se pronunciar, aliás, nunca se pronuncia sobre nada, a não ser vacas, anonas e abóboras. Gostaria de que se pronunciasse sobre ter um país inteiro a mandá-lo à merda, mas suponho que ande mais preocupado com os seus presépios deste mês.

Quer um conselho?

Saia, antes de que seja forçado a sair: as tropas que comanda têm o dever de salvaguardar o que ainda reste de dignidade nacional, e não estão aqui para garantir que os milhares de milhões que os seus amigos têm nos "off-shores" ,que nos desgraçaram, estejam fora das novas fronteiras que a Corrupção criou neste país. Nem isso são fronteiras, nem a instituição militar deve colaborar nessa desautorização de 900 anos de História.

Que os próximos tempos lhe sejam ferozmente aziagos, é o meu mais sincero desejo, e olhe que é sincero, porque o desprezo que por si nutro dura desde o primeiro dia em ouvi pronunciar o seu nome.
É ódio antigo, e daqueles que cresce na proporção exata da vingança que se quer servida em prato frio.

(Quarteto da Restauração, no "Arrebenta-Sol", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino", e no "The Braganza Mothers")

1 comentário:

Anónimo disse...

Klandestino,
Leio sempre os seus textos e nem me preocupam as palavras"violentas" que por vezes emprega, porque, os textos são inteligentes, geralmente, tem razão no que escreve e já me desmanchei a rir com certas imagens. E não necessita de avisar sobre a violência com que trata Cavaco, e a sua gananciosa e detestável famelga nem sobre a máfia com quem ele infestou Portugal. Todos essa gente, merece a violência, se não acontece, a do povo ou a dos militares,pelo menos, que seja a verbal.E fico contente que exista quem, como eu, odeie tão profundamente a sinistra criatura e tudo o que o rodeia. Que povo manso que temos hoje...