sábado, 19 de abril de 2008

Elogio do Marechal Pétain

Dedicado à Moriae, in angustiis
Há umas alturas do ano em que dou comigo, sozinho, pela rua, a cantarolar mentalmente um célebre "Nocturno" de Chopin, onde toda a tonalidade é instável -- a Opus 27, nº 1.
Hoje, nada parecia haver de especial, chovia, e eu, mais Chopin, divagava pelas minhas Prisões de Piranesi, a pensar no Marechal Pétain, esse resquício de uma era antiga, Herói de Verdun, mas que acabara por negociar com o Chanceler Hitler, uma pequena França, sem Paris -- mas quem quer Paris?... -- e sem "Liberté, Fraternité, Egalité", mas sim, "Trabalho, Família, Pátria", e uma discreta perseguição aos Judeus, coisa que sempre ficou bem a todos os regimes da História.
Para mim, fascista, tenho uma especial estima pelo Marechal Pétain, e pelas suas milícias, fortemente assestadas para atacarem a Resistência Francesa, "Maquis", se bem me lembro das histórias contadas pelo meu paizinho.
Pétain foi um homem generoso: manteve vivo o nome da França, enquanto Hitler instalava a sua demência por toda a Europa. Vichy, ainda por cima, tinha água, e já nisso ele era premonitório, porque toda a Guerra do Séc. XXI será em redor da água, e pensava eu nisto tudo, no meio de Chopin e da chuva sinistra. Pensava que o octogenário Pétain tinha tido todas as glórias da História e seria um exemplo para o Mundo, não tivesse optado por desistir da carreira justamente no nível do Marechalato, sem nunca lhe ter logrado atingir o topo, sim, aquele inalcançável cume... de Sindicalista, com que todos sonhamos.

1 comentário:

j. manuel cordeiro disse...

Caro Arrebenta. Gostei particularmente deste texto. Referências cruzadas mas bem metidas.

E cá fica um link para esse tonalmente indeciso nocturno.


http://www.youtube.com/watch?v=QAcAWWU_0mE

A partitura no vídeo acompanha a música.